Imagine um dia calmo de domingo. Crianças brincam inocentemente no parque. Os pais conversam e comentam fatos do dia-a-dia. Tudo normal na superfície do nosso lindo planeta azul. Todos felizes ignoram o perigo que viaja no espaço e se aproxima da Terra com velocidade astronômica. Possível? Claro que sim. Não seria a primeira vez que isso acontecera. Em 1970, os cientistas Walter Alvarez, Louis Alvarez, Frank Asaro e Helen Michel encontraram uma fina camada de argila rica em irídio em Gubbio, na Itália. A camada geológica marcava a separação dos períodos Cretáceo e Terciário (que indica o fim do Paleoceno), um ponto da história há 65 milhões de anos, ao qual se associa à extinção abrupta dos dinossauros na superfície do planeta. Mas eles não foram às únicas espécies extintas naquele período. Muitas criaturas marinhas também desapareceram. Na verdade, mais de 40% de todos os seres vivos da época deixaram de existir. Sendo o irídio pouco comum na Terra e normalmente associado a corpos extraterrestres ou fenômenos vulcânicos, a descoberta da camada geológica levou o grupo de cientistas a teorizar que a extinção dos animais foi devido à colisão de um asteróide com a Terra.
Um problema para essa teoria era o fato de não haver nenhuma cratera conhecida na época, da idade e do tamanho corretos, para comprovar o ponto de impacto dessa catástrofe. E, considerando o fato de que a maior parte da superfície terrestre é (e foi) coberta por água, o impacto poderia ter ocorrido no mar. Cerca de treze anos após a descoberta da camada geológica rica em irídio, uma grande cratera com as características procuradas, foram encontradas em Chicxulub, e na península de Yucatan, no México. Estudos mostraram que o asteróide tinha aproximadamente 10 km de diâmetro e viajava a cerca de 30 km/h. A energia do impacto foi equivalente a cinco milhões de bombas atômicas semelhantes às usadas em Hiroshima e Nagasaki, produzindo um buraco de 100 km de diâmetro com uma profundidade de 12 km. Como resultado, 50 mil quilômetros cúbicos de rocha foram lançados para a atmosfera na forma de uma nuvem gigante de poeira que cobriu a luz solar por muito tempo, matando plantas e animais. Além disso, incêndios e chuvas ácidas completaram a destruição das espécies.
Assustador, não é? Livros sensacionalistas e filmes de Hollywood aproveitam-se do assunto para divertir (ou apavorar) as massas. Sabemos que colisões desse tipo já ocorreram na Terra e em outros planetas. Há pouco tempo pudemos acompanhar colisões espetaculares em Júpiter. Muitos corpos celestes permanecem completamente fora da trajetória do nosso planeta, como o asteróide 38245; Marcos Pontes, que tem sua órbita postada bem além de Marte. Outros, classificados como Near-Earth Objects (objetos próximos da Terra), têm suas órbitas passando algumas vezes perigosamente nas redondezas do nosso caminho ao redor do Sol. A questão é saber se a tecnologia atual será capaz de detectar a aproximação de um desses corpos em tempo suficiente. Depois, será que teremos meios de desviar ou destruir essa ameaça? Respostas e soluções estão sendo procuradas incansavelmente pelos nossos cientistas. A pressa é justificável. Afinal, se a ameaça for real durante o nosso curto tempo de vida, ela pode estar 30 quilômetros mais próxima a cada segundo! Quem viver, verá.