A NASA anunciou o novo programa de bolsas de pós-doutorado Carl Sagan, criado para inspirar as próximas gerações de exploradores buscando conhecer mais sobre planetas e a possibilidade de vida no entorno de outras estrelas. Planetas além do sistema solar, chamados exoplanetas, são descobertos em um ritmo impressionante, totalizando, até o momento, mais de 300. Décadas atrás, muito antes dos exoplanetas terem sido descobertos, Carl Sagan imaginou tais mundos, e, pioneiramente, iniciou a busca pela vida que poderia existir neles. Sagan foi astrônomo e obteve muito sucesso em propagar a ciência. As novas bolsas Sagan da NASA permitirão que jovens cientistas de talento trilhem os caminhos abertos por Sagan. O programa concederá bolsas de aproximadamente $60.000 por ano, por um período de até três anos, para os cientistas de pós-doutorado selecionados. Os tópicos podem variar de técnicas de detecção do brilho de um planeta escondido pelo clarão de sua estrela até a busca por ingredientes cruciais de vida em outros sistemas planetários. “Estamos investindo nos melhores e mais brilhantes do país em um campo emergente que é extremamente inspirador para o público”, disse Jon Morse, diretor da Divisão de Astrofísica na sede da NASA em Washington. As bolsas Sagan se juntarão às novas bolsas Einstein de pós-doutorado em Física do Cosmos e às bolsas Hubble de pós-doutorado em Origens do Cosmos.
Todos os três programas de bolsas representam um novo método de orientação por temas, no qual os bolsistas focarão questões científicas, como “Existem planetas como a Terra orbitando outras estrelas?”. “O portfólio de missões guiadas pela ciência da NASA, seu cultivo de jovens talentos a fim de desenvolver pesquisas de ponta, e a decisão em comprometer seus gênios com uma questão de transcendental significância cultural, teriam entusiasmado Sagan”, disse Ann Druyan, viúva de Sagan e colaboradora, que continua a escrever e produzir. “O fato de que esse conhecimento tecnológico será desenvolvido em seu nome, conforme se junta a um triunvirato de líderes na pesquisa astronômica do século XX, é uma fonte de orgulho infinito para nossa família”, disse Ann. “Isso significa que a paixão que Carl tinha em envolver a todos na experiência científica, sua curiosidade ousada e uma preocupação urgente com a vida nesse planeta não irão mais eclipsar suas realizações científicas”. Uma convocação de propostas para o programa de bolsas Sagan foi comunicada a comunidade científica no início dessa semana, com os selecionados sendo anunciados em fevereiro de 2009. “Existe uma explosão de interesse por esse campo”, disse Charles Beichman do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena, Califórnia.
“Agora vamos trilhar o caminho científico que Carl Sagan originalmente desbravou, tocha na mão, conforme ele nos guiou através da escuridão”. Beichman é diretor-executivo do Instituto de Ciência Exoplanetária da NASA no Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena, que administrará o programa de bolsas. Recentemente, os telescópios espaciais Hubble e Spitzer da NASA têm feito observações marcantes de planetas quentes, ao estilo de Júpiter, orbitando outras estrelas. Os telescópios detectaram metano e água na atmosfera dos planetas – as mesmas moléculas que podem servir como traços de vida se descobertos ao redor de planetas menores e rochosos no futuro. Em um artigo de 1994 para a revista Nature, Sagan e seus colegas usaram essas e outras moléculas para identificar vida em um planeta – Terra. Eles usaram a espaçonave Galileu para observar a assinatura molecular de nosso “pálido ponto azul”, como Sagan apelidou a Terra, enquanto a nave voava por ela. “Apenas uns poucos cientistas mantiveram a visão e a persistência para abrir novas perspectivas nos cosmos”, disse Neil de Grasse Tyson, astrofísico e Frederick P. Rose, diretor do Planetário Hayden do Museu Americano de História Natural em Nova Iorque.
“Nós conhecemos sobre Einstein. Nós conhecemos sobre Hubble. Adicione a essa lista Carl Sagan, que nos deu poder – aos cientistas e ao público – para ver planetas não somente como objetos cósmicos, mas como mundos próprios que podem abrigar vida”. As bolsas foram anunciadas no planetário hoje. A missão Kepler da NASA, que Sagan liderou em seus últimos anos, a ser lançada no próximo ano e que irá pesquisar milhares de estrelas próximas buscando por mundos como a Terra, dos quais alguns têm boa probabilidade de estarem localizados na “zona habitável” propícia a água e favorável a vida tal como a conhecemos. O JPL gerencia a missão do Telescópio Espacial Spitzer para o Diretório de Missão Científica da NASA, Washington. Operações científicas são conduzidas no Centro Científico Spitzer em Caltech. Caltech gerencia o JPL para a NASA. O JPL também foi responsável pela missão Galileu.