Uma das perguntas que mais ouço quando as pessoas tomam conhecimento de que sou ufólogo é: “como você pode acreditar em uma coisa dessas?” Às vezes, com tanto ceticismo, eu mesmo me pergunto se vale a pena continuar acreditando que existe vida em outros planetas. Mas, dúvidas à parte, certamente penso que não só vale continuar apostando nessa possibilidade, como também na de que os seres desses planetas estejam nos visitando em suas naves espaciais. E explico por que. Antes, porém, devido ao grande número de pessoas que descartam totalmente tais afirmações, cumpre-me esclarecer que isso é devido, sobretudo, ao fato da mídia raramente tratar a questão de maneira profunda e ponderada, mas quase sempre recorrendo a clichês, chavões, estereótipos, extremismos e maniqueísmos do tipo que aceita ou rejeita completamente algo.
Não obstante, não é culpa inteiramente da mídia o clima de ceticismo que ainda paira sobre o tema. Na própria Ufologia existem também aqueles crentes fervorosos que tendem a ver em todas as luzes estranhas no céu como naves interplanetárias pilotadas por seres inteligentes. Para eles, qualquer explicação convencional está totalmente fora de cogitação. E em vez de admitirem seus enganos, preferem atacar os que se prestam ao trabalho de pesquisar e esclarecer, acusando-os de estarem escondendo a verdade e de integrarem alguma espécie de complô ou conspiração de silêncio para acobertar a presença de alienígenas entre nós. Por outro lado, há ainda os céticos renitentes, que destratam a Ufologia e se recusam a aceitar minimamente a possibilidade de que algum UFO possa ser uma nave interplanetária, procurando sempre tirar o crédito do observador e enquadrar tudo em categorias banais. Ainda que não tenham provas concretas de que os discos voadores sejam uma fantasia, alimentam a certeza absoluta de que estamos completamente sós no universo.
Polarização do debate — Essas duas correntes de pensamento, apesar de parecerem antagônicas, não passam, na verdade, de uma única e mesma coisa: são crenças. Os partidários tanto de uma quanto de outra linha de raciocínio são crentes, pessoas que acreditam em algo e defendem esse algo apenas com base em sua crença e com uma segurança unicamente pessoal de que estão certas. Não se preocupam propriamente com a realidade, porque para elas existe somente a sua verdade pessoal. Qualquer fato ou indício que mostrem que estejam errados são por elas imediatamente rebatidos e rechaçados, pois jamais admitem nada fora de suas crenças e conjunto de valores que têm como certos. Mas alguma dessas correntes de pensamento pode estar certa? Certamente não. Mas o problema é que a maioria das discussões sobre o assunto acaba se polarizando nesses dois extremos. Um grupo quer provar que está mais certo do que o outro, defendendo apenas seu lado. Quem acompanha de fora a discussão, tentando formar uma opinião, acaba inevitavelmente se alinhando a uma das correntes, ou, se for maduro e sensato, considerando ambas inválidas e procurando uma alternativa menos absolutista.
O termo UFO, em sua própria acepção de objeto voador não identificado, denota algo estranho, cuja origem e natureza se desconhece. Um UFO não é necessariamente uma nave pilotada por ETs, podendo ser um avião, estrela ou balão. Apenas uma pesquisa poderá demonstrar se um UFO é de fato uma nave alienígena. O pesquisador verdadeiramente sério e imparcial, que está comprometido com a busca do conhecimento e não com a crença, sabe disso e se incumbe de buscar as respostas para o fenômeno no campo da investigação, do levantamento de dados, da pesquisa. Isso não significa que ele esteja proibido de professar alguma crença. Muito pelo contrário! Mas o pesquisador não deve jamais deixar que ela interfira em suas atividades. Lembremos que a maioria dos cientistas, nas mais variadas áreas, tem algum tipo de crença ou religião, e isso não os torna menos capazes.
Para validar a hipótese extraterrestre precisamos de três coisas: que exista vida inteligente em outros planetas, que essa forma de vida se mobilize para sair de seu mundo e vir até o nosso, e que esses seres tenham interesse em nos visitar
Vejamos rapidamente como a ciência funciona. A simples observação de uma maçã caindo de uma árvore, por exemplo, constituiu-se em um fenômeno que nos permite deduzir que não só as maçãs, mas qualquer objeto que esteja acima do solo, se não estiver apoiado em algo e se houver um espaço vazio entre ele e o solo, vai inevitavelmente despencar até atingi-lo. Essa experiência pode ser repetida tantas vezes quantas forem necessárias e o resultado, invariavelmente, sempre será o mesmo. Assim, podemos ter a certeza de que os objetos caem. As hipóteses iniciais e mais óbvias para esse fenômeno seriam as de que ou algo empurra o objeto em direção ao solo, ou puxa o objeto até o solo. À ciência caberia testar essas e outras hipóteses, sem preconceitos, até que concluísse, finalmente, no caso específico, que há uma força de atração gravitacional entre os corpos, na qual os que possuem mais massa atraem aqueles de menor massa.
Cabedal de conhecimentos — É dessa forma que a ciência funciona e que formamos nosso cabedal de conhecimentos, testando todas as possibilidades e descartando a priori somente aquelas comprovadamente enganosas. Será que podemos fazer algo semelhante com a Ufologia? Existe algum fenômeno na Ufologia a partir do qual possamos realizar uma análise científica? Penso que sim, e esse fenômeno é o próprio UFO. Se ficasse comprovado que os UFOs existem ou que não passam de objetos convencionais, a Ufologia já não teria mais razões de existir. Entretanto, embora já tenhamos provas de que os UFOs existem – embora não se possa afirmar que haja provas de que sejam naves interplanetárias –, a Ufologia permanece. Não me baseio aqui em relatos subjetivos, e sim em registros concretos da ação de tais objetos em nosso meio ambiente, como detecção por radares em terra e a bordo de aviões militares, fotos e filmes.
Quem não se lembra da noite mais famosa da Ufologia Brasileira, a chamada Noite Oficial dos UFOs? No final de maio de 1986, o próprio ministro da Aeronáutica da época, o brigadeiro Octávio Júlio Moreira Lima, reconheceu perante toda a imprensa que mais de 20 objetos desconhecidos haviam sido visualizados, detectados por radares e perseguidos por pilotos da Força Aérea Brasileira (FAB) sobre vastas áreas urbanas da região Sudeste. Mas isso já seria motivo suficiente para se afirmar que inteligências extraterrestres estão visitando a Terra? De forma alguma, uma vez que restam inúmeras outras teorias para explicar os UFOs. A preconizada pela Ufologia é somente uma delas, da qual compartilho. Porém, um pesquisador deve buscar a verdade acima de tudo, e não a comprovaç&atild
e;o de sua crença. Por isso evito afirmar que os extraterrestres estão nos visitando apenas porque alimento a certeza da existência dos UFOs.
A cada dia a ciência nos fornece mais indícios que tornam essa hipótese viável, e por conseqüência, merecedora de nossa crença. Mas, ainda assim, temos que resistir a tentação de agirmos por impulso. Para validar a hipótese extraterrestre (HET) para a origem dos UFOs, precisamos basicamente de três coisas. Primeiro, é necessário que existam outros planetas, e neles, vida inteligente. Segundo, essa vida inteligente precisa mobilizar recursos e conhecimentos para sair de seu mundo e vir até o nosso. Terceiro, é necessário que esses seres, que desenvolveram a capacidade de realizar viagens interplanetárias, tenham algum interesse em nos visitar.
Definição de vida inteligente — Consideremos o primeira dos requisitos, a existência de vida em outros planetas. Se não existir vida inteligente em outros planetas, e essa é uma possibilidade real – embora absolutamente improvável –, conseqüentemente não haveria ninguém que viesse aqui pilotando uma nave. Assim, será que é mesmo possível que haja vida em outros planetas e que essa vida seja inteligente? Para responder isso, primeiro precisamos definir o que é vida, tarefa muito mais difícil do que parece. Ainda hoje é um desafio enorme dar uma definição precisa a respeito do que é vida. Somos seres vivos, porém constituídos de outros seres vivos. A definição clássica de vida é a de que ser vivo é todo aquele que nasce, cresce, se reproduz e morre, além de ser não ser muito satisfatória, pode conduzir a enganos extremos. O fato é que não existe uma fórmula precisa para definir vida.
Assim, para simplificar, imaginemos que exista noutros planetas apenas a vida animal como a conhecemos – não necessariamente humana ou primata, mas uma que tenha desenvolvido a percepção em seu habitat. Deixemos de lado, também, a idéia de seres superiores capazes de semear seu DNA em outros planetas. Limitemo-nos aqui às explicações mais comumente aceitas no meio científico, no qual a conjectura mais aceita é a de que a vida surgiu de forma muito simples, de apenas uma molécula que se tornou capaz de reproduzir-se, um DNA primordial. Ainda não somos capazes de explicar o surgimento desse DNA primordial, embora alguns cientistas defendam que uma descarga elétrica em uma “sopa orgânica” o criou, enquanto outros garantem que pode ter sido trazido por um cometa ou asteróide – a teoria da Panspermia. O único consenso que existe é o de que a vida não surgiu nem de forma complexa, nem repentina, mas simplória e lentamente.
Essa molécula primordial teria “descoberto” que poderia se juntar a outra para aumentar suas chances de sobrevivência no meio ambiente, e foi fazendo arranjos cada vez mais complexos, constituindo formas de vida diferentes, cada uma com uma chance maior de sobrevivência. Esse processo lento e gradual teria culminado no ser humano atual, um aglomerado de outros seres vivos, cada qual especializado em uma tarefa de modo a fazer a colônia – o corpo – sobreviver da melhor forma possível aos obstáculos impostos pelo meio ambiente e pelas intempéries. Claro que essa é uma visão fria do que somos, mas em termos científicos, é a correta. Não é minha intenção aqui analisar o ser humano como entidade metafísica.
Planetas extrassolares — O que podemos compreender de tudo isso? Que a primeira molécula que surgiu na Terra, espontaneamente ou trazida por um asteróide, encontrou um ambiente favorável à sua sobrevivência e ao seu desenvolvimento, diversificando-se em uma profusão de espécies. Alguns estudiosos defendem que esse acontecimento depende de uma combinação tão grande de fatores – entrando aí a sorte e o acaso – que deve ser exclusivo de nosso Planeta Azul. Eu já penso que o que aconteceu aqui tem a mesma chance de acontecer em qualquer outro lugar.
O ser humano sempre esteve certo de que haveria outros planetas além de nossa atmosfera – e se não idênticos a Terra, pelo menos parecidos. Essa crença foi inteiramente confirmada com a descoberta, na década de 90, dos primeiros planetas extrassolares orbitando os mais variados tipos de estrelas. Até então, por mais que nos julgássemos uma espécie avançada, sequer tínhamos a comprovação da existência de outros planetas além do Sistema Solar. De lá para cá, novos mundos não param de ser catalogados pelos astrônomos, e hoje chegam a quase 200. No segundo semestre de 2003, entrou em operação um novo telescópio cuja tarefa principal é procurar novos planetas, e mais equipamentos e técnicas continuam a ser desenvolvidos para melhorar as chances de detecção desses novos mundos.
Os cientistas estão confiantes de que em breve encontrarão muitos semelhantes à Terra – essa é praticamente uma certeza, da qual só falta mesmo a comprovação. Em alguns deles, que tenham condições semelhantes às terrestres, é bastante provável que o mesmo “acaso” que fez surgir a primeira molécula aqui, também tenha gerado lá formas de vida complexas, e que estas tenham adquirido consciência. A probabilidade de que essa seqüência de acontecimentos tenha ocorrido é diretamente proporcional ao aumento da quantidade de planetas descobertos. Ou seja, quanto mais planetas extrassolares forem encontrados, mais chances de que haja vida. E mesmo em mundos com condições adversas as possibilidades não são desprezíveis. Por exemplo, sabemos hoje que seres vivos podem ser encontrados, aqui na Terra, em bocas de vulcões submarinos em atividade, a uma profundidade em que a pressão, a ausência de luz solar, os gases vulcânicos e as temperaturas escaldantes matariam um ser humano em instantes. Ainda assim, existem colônias de seres vivos que encontraram uma maneira de se adaptar a um ambiente totalmente adverso.
Solução de sobrevivência — Da mesma forma como aconteceu na Terra, em que uma molécula encontrou um ambiente propício para se desenvolver, será que em outro planeta – tendo ou não uma biosfera semelhante à nossa – uma outra forma de vida também não poderia ter vicejado e encontrado uma solução para sobreviver? E sobrevivendo dessa forma simples, ela também não poderia ter se agrupado em formas mais complexas, para quem sabe um dia ter adquirido consciência e se tornado inteligente, tal como ocorreu aqui? Cientificamente fa
lando, isso é uma possibilidade. Mas, mais uma vez, por mais provável que seja, ainda não temos uma prova científica deste fato para apresentar.
A ciência preconiza que a vida começa de forma simples, a partir de um organismo simples que se une a outro pra formar colônias mais complexas. E se para que exista vida em outros planetas é necessário que eles existam, temos o dado concreto de que centenas deles já foram catalogados fora do Sistema Solar! Mesmo que não sejam similares ao nosso, é possível que tenham condições de sustentar vida inteligente. Portanto, subimos um pouco mais na escala das possibilidades da existência de vida inteligente fora da Terra. Se de um lado nenhum cientista pode afirmar categoricamente que existe vida extraterrestre, por outro, nenhum pode refutar – e a possibilidade é cada vez mais aceita e defendida pela ciência. No entanto, essas novas descobertas não invalidam a necessidade de explicarmos cientificamente os UFOs como sendo de origem alienígena. Mas lhe dão força na medida em que nos permitem acreditar cada vez mais que vida inteligente possa existir em outros mundos.
Nós mesmos somos uma forma de vida inteligente, embora não possamos – pelo menos ainda – sair viajando pelas estrelas. Falta ainda um método que nos permita fazer viagens interestelares, e esse é o segundo requisito para validar nossa hipótese. Os alienígenas precisam não somente existir, mas ter a capacidade tecnológica para virem até aqui. Imaginemos que dentre todos os planetas que possuem capacidade de sustentar uma forma de vida inteligente, alguns tenham realmente conseguido atingir um estágio tecnológico pelo menos do mesmo nível que o nosso. Esses seres se contentariam em permanecer restritos aos seus planetas ou tentariam um salto rumo às estrelas?
Jornada nas Estrelas — Para responder isso basta olharmos para nós mesmos. Deixamos até de atender necessidades básicas e de resolver problemas mais urgentes para gastar bilhões de dólares em projetos de exploração espacial. O anseio de navegar pelo cosmos é tão antigo quanto a humanidade. Está de tal forma enraizado em nossas mentes e em nossa cultura que é praticamente inconcebível um futuro no qual não estejamos viajando em naves espaciais entre as estrelas. Seriados de ficção científica aclamados, como Star Trek [Jornada nas Estrelas, criado por Gene Roddenberry nos anos 60] que o digam.
O maior problema das viagens espaciais, no entanto, é a incomensurável distância que separa os corpos celestes. Com a tecnologia que dispomos hoje, viajar até a estrela mais próxima – Alfa do Centauro, a “apenas” quatro anos-luz – levaria centenas de anos. E mesmo que encontrássemos um meio de nos deslocarmos a velocidades próximas à da luz – 300 mil quilômetros por segundo –, o tempo gasto seria enorme e ainda estaríamos sujeitos à dilatação do tempo, conforme prevista pela Lei da Relatividade de Einstein, que afirma que, quanto maior a velocidade de deslocamento, mais o tempo se dilata. Ou seja, na nave o tempo passaria bem mais lentamente do que na Terra, tornando uma viagem de ida e volta impraticável. O dilatamento temporal já foi devidamente comprovado em testes realizados nas várias plataformas orbitais. Portanto, é um fato. E um obstáculo! E além dele ainda temos a questão do consumo de energia numa viagem dessas, que seria incalculável.
Devemos concluir que a viagem interestelar, pelas dificuldades que apresenta, deve ser inteiramente descartada? Se não podemos sequer chegar nem perto da velocidade da luz, como iremos atravessar distâncias que a essa velocidade ainda levaríamos 30, 40 ou 100 anos para percorrer? Bem, alta velocidade parece não ser a única forma de levar a humanidade a vencer grandes distâncias. Existem vários estudos hoje em dia que propõe a utilização de outras formas de tecnologia para que o homem consiga viajar entre as estrelas. A primeira delas, e “mais simples”, é a criogenia controlada, método que consiste em manter a tripulação de uma nave criogenicamente congelada, em animação suspensa durante anos ou décadas, tempo necessário para que o trajeto até outras estrelas fosse vencido, quando seria descongelada. Esse método certamente é o que menos agrada, pois os riscos são enormes e o tempo demandado para a obtenção de uma resposta praticamente o inviabilizaria. No entanto, caso houvesse necessidade de abandonarmos o planeta, ante a iminência do esgotamento de nossos recursos naturais ou de uma catástrofe cósmica, esse método passa a ser aceitável.
Velocidade de dobra espacial — Extrapolemos agora para um conceito por enquanto só realizável nos devaneios da ficção científica, o da dobra espacial, conforme difundido pela série Jornada nas Estrelas. Modelos físicos e matemáticos apontam para essa possibilidade de deslocamento. Ela consiste literalmente em se “dobrar” o espaço, como fazemos com uma folha de papel, e se baseia nos mesmos postulados relativísticos de Einstein. De acordo com ele, além do tempo ser dilatado por grandes velocidades, grandes massas são capazes de distorcer o espaço. Sendo assim, aplicando-se uma força extremamente poderosa, poderíamos distorcer uma parte do universo, trazendo dois pontos distantes para mais próximos um do outro, não sendo preciso gastar tanto tempo para se chegar ao destino. É uma espécie de atalho cósmico. O problema é que ainda assim precisaríamos de uma fonte de força muito poderosa de energia para conseguir essa dobra, o que ainda não somos capazes de fazer.
Outra forma de efetuar esse mesmo deslocamento seria através dos chamados buracos de minhoca [Wormholes], difundidos pela série de ficção científica Babylon 5 [Babilônia 5, criado por J. Michael Straczynski nos anos 90]. A teoria que prevê esses buracos é a mesma da velocidade de dobra, com a diferença de que a dobra já existe no percurso e não precisa ser criada pela nave conforme se desloca. Os buracos seriam túneis que ligariam um ponto a outro do universo, e também já foram comprovados cientificamente. Há pouco tempo, um experimento causou a formação de um pequeno buraco de minhoca dentro de um acelerador de partículas. Claro, as dimensões eram ínfimas, mas suficientes para demonstrar que é perfeitamente possível produzi-los em escalas maiores, que permitam viagens a pontos remotos do espaço. No entanto, mais uma vez, dependemos de uma poderosa fonte de energia para interligar esses dois pontos do espaço.
Ainda que não venhamos a solucionar esse problema
agora, resta a esperança de que tais buracos de minhoca possam existir de forma natural, criados por singularidades como buracos negros ou estrelas extremamente massivas e densas, formando verdadeiras “espaçovias” por onde poderemos viajar um dia. Mostramos acima apenas algumas das teorias e possibilidades – entre tantas que nem sequer foram ainda sonhadas, aventadas ou concebidas – de viajar entre as estrelas. O objetivo dessa discussão é o de demonstrar que talvez existam civilizações alienígenas em um estágio tecnológico muito mais avançado do que o nosso, que podem ter resolvido os problemas contra os quais ainda lutamos, para chegarem até aqui.
Motivações para a viagem — Neste exato momento, embora não possamos ainda afirmar cientificamente que é inquestionável a existência de vida inteligente em outros planetas, também não podemos negar que seja possível viajar entre as estrelas. Se essas viagens estiverem sendo feitas, a pergunta que permanece é: o que motivaria outra civilização vir até a Terra? Em um universo tão vasto, nosso planeta precisaria ter algum atrativo especial, do ponto de vista dessa civilização, para motivar seu deslocamento até aqui. E esse, então, seria nosso terceiro requisito para validar a hipótese extraterrestre para a origem dos discos voadores. Ou seja, será que existe um motivo para sermos visitados por alienígenas? A resposta para esta pergunta é muito mais complexa do que parece à primeira vista, justamente porque não sabemos como são os hipotéticos alienígenas, como pensam, agem etc. O erro mais comum, neste caso, é apelarmos ao antropocentrismo, a tendência em conceber o universo em termos de valores humanos.
Não existe uma lei científica ou uma razão lógica para que qualquer outra civilização tenha que enxergar a vida e o mundo como nós, ter um instinto de exploração como o nosso etc. Cada civilização se estrutura conforme suas próprias características genéticas e mesológicas [Relação entre os seres vivos e o meio ambiente em que vivem]. Aqui mesmo, na Terra, certas civilizações do passado resolveram explorar outras terras, atravessar oceanos e estabelecer outras nações, enquanto outras se limitaram a permanecer em seu canto, sem desejos imperialistas. Como não temos base para analisar o comportamento de supostas civilizações alienígenas, tomemos nós mesmos como exemplos e aceitemos que essas diferenças também existam em outros planetas. Sendo assim, da mesma forma que nós hoje buscamos sair da Terra, curiosos e sedentos por novos conhecimentos, exploração de novos horizontes e grandes conquistas, outras civilizações podem ter tido as mesmas motivações.
Há décadas buscamos sinais de vida em Marte, nosso vizinho mais próximo, e diante da confirmação de que lá já existiu água em abundância – e por conseqüência a vida –, direcionamos nossas sondas para lá. Por mais difícil que possa ser e por mais obstáculos que encontremos, queremos ir até lá, seja simplesmente para mostrar a nós mesmos que podemos, seja para saciar nossa curiosidade ou mesmo para buscar uma explicação acerca de nossas origens. Se fosse confirmada a existência de vida em uma das luas de Júpiter, creio que a humanidade não pouparia esforços para chegar até lá, e pelos mesmos motivos, mesmo sendo muito mais longe. E se no futuro descobrirmos um planeta habitado, ainda que por seres inferiores a nós, espiritual ou tecnologicamente, ainda assim não mediríamos esforços para chegar até lá. Só temo que os propósitos não venham a ser tão nobres.
Evolução tecnológica e moral — Assim como o ser humano sempre buscou tirar vantagens de outras culturas, escravizando-as e explorando-as, se a evolução tecnológica não vier acompanhada de uma evolução moral, muitos dos erros do passado voltarão a ser cometidos no futuro. Agora em escala cósmica. Não descarto que uma civilização extraterrestre tenha conseguido resolver o problema da viagem espacial, encontrado nosso planeta e se interessado por ele pelos mesmos motivos que os conquistadores europeus da época colonial. E considerando tudo o que vimos anteriormente, podemos afirmar que a possibilidade da Terra ter sido ou estar sendo visitada por civilizações alienígenas é mais do que plausível. Se não é impossível que exista vida em outros planetas, não é impossível que esses hipotéticos seres se desloquem de seu local de origem até a Terra. Se não é impossível que eles tenham interesse em nos visitar, então é lógico concluir que não é impossível que os UFOs sejam de fato naves de outros planetas tripuladas por seres inteligentes.
No estágio atual, de fato, todas as bases para a hipótese extraterrestre para a origem dos UFOs não passam de conjecturas. Se qualquer uma delas vier a ser negada, pode lançar por terra a hipótese como um todo. Não obstante, pelo menos até o momento, a ciência só tem dado motivos para que tais hipóteses se confirmem. De nossa parte, devemos continuar nos esforçando em nossas pesquisas e ficarmos preparados para aceitar a verdade, seja ela qual for. Se viermos a descobrir que estamos sozinhos no universo, caberia a nós uma tremenda responsabilidade, a de nos preservarmos enquanto espécie única e rara, e de semearmos vida pela galáxia. Por isso, quando me perguntam “como você pode acreditar em uma coisa dessas?”, simplesmente respondo que “acredito, simplesmente, porque é possível”. Enquanto isso, continuemos tentando descobrir o que são esses UFOs que tanto cruzam o nosso céu.