No último 04 de março foi anunciada a proposta de orçamento para a Agência Espacial Norte-Americana (NASA) para 2015. Sem surpresas, como é infelizmente comum em quase todos os governos daquele país, novamente o documento apresenta cortes no dinheiro destinado às atividades da agência, que passou de 17,646 para 17,460 bilhoes de dólares. Um dos cortes mais criticados se deu na divisão de educação da NASA, caindo de 116 para 89 milhões de dólares.
O setor de ciências receberá 180 milhões a menos que em 2014 e o de ciência planetária, de onde sai o financiamento das missões de exploração do Sistema Solar, perdeu 65 milhões em relação ao que o Congresso aprovou ano passado. O documento do orçamento garante a verba para a continuidade de operações da nave Cassini em órbita de Júpiter, o rover Curiosity em Marte, e algumas outras missões em andamento. Contudo, não são mencionados a sonda Lunar Recconaissance Orbiter (LRO), nem o rover Opportunity, o qual acaba de completar dez anos em Marte. Especialistas torcem para que os congressistas corrijam alguns desses problemas.
A polêmica proposta de capturar um pequeno asteroide para colocá-lo em órbita da Lua, onde seria finalmente visitado por astronautas, terá uma verba de 133 milhões de dólares no próximo ano. Entretanto, muitos criticam o fato de tal missão ainda não estar detalhada e sequer quanto irá custar no total. Mais críticas vieram do cancelamento do financiamento para o telescópio Observatório Estratosférico para Astronomia em Infravermelho (SOFIA), a menos que o Centro Aeroespacial Alemão aumente sua contribuição. Por sua vez, o rover Mars 2020, baseado no Curiosity e que pode ser o início de uma missão para trazer amostas de Marte à Terra, continua com suporte orçamentário.
MISSÃO A EUROPA, LUA DE JÚPITER ONDE PODE EXISTIR VIDA
Agências de notícias em todo o mundo e também no Brasil repercutiram com destaque o fato de a proposta orçamentária do governo norte-americano para a NASA prever 15 milhões de dólares para o início dos trabalhos em uma missão à Europa. Esse satélite de Júpiter foi pela primeira vez fotografado pelas naves Voyager 1 e 2 em 1979, e explorado mais a fundo pela Galileo entre 1995 e 2003. As informações obtidas por essas missões comprovaram não somente a existência de uma cobertura de gelo, com muitos quilômetros de espessura, sobre a superfície da lua, como também descobriram indícios de que, sob essa capa, pode existir um colossal oceano de água líquida. Europa, ao longo de sua órbita elíptica, que o aproxima e afasta de Júpiter, sofre os efeitos da gravidade do gigantesco planeta e também dos satélites vizinhos, Io, Ganimedes e Calisto. Como resultado, o calor é produzido em seu interior, o que pode explicar como esse oceano se mantém líquido.
Atualmente os astrônomos consideram essa lua o melhor lugar nas proximidades de nosso planeta para procurar por vida extraterrestre e muitas propostas já foram consideradas por algumas agências espaciais. Pela primeira vez a NASA terá verba para realmente começar os trabalhos na complexa missão. Um dos nomes propostos para a nave é Europa Clipper e um dos projetos descreve uma sonda capaz de entrar em órbita de Europa e investigar detalhadamente sua superfície e possivelmente a região abaixo desta. Contudo, entre as grandes dificuldades técnicas estão os poderosos cinturões de radiação de Júpiter, que banham o satélite com níveis milhares de vezes maiores que aqueles letais para um ser humano.
O objetivo apresentado na proposta de orçamento envolve o lançamento por volta da metade da próxima década e muitos críticos afirmam que somente 15 milhões é muito pouco, especiamente diante de tantas indefinições. Por comparação, o rover Curiosity custou 2,5 bilhões e a nave New Horizons, a caminho de seu encontro com Plutão em 2015, 700 milhões de dólares até o momento. O fato é que, apesar dos constantes cortes orçamentários, a NASA tem realizado impressionantes façanhas ao longo dos anos, tal como a saída da nave Voyager 1 do Sistema Solar, a comprovação da habitabilidade de Marte pelo rover Curiosity e várias outras. O orçamento nacional proposto pela Casa Branca é de 3,9 trilhões de dólares, dos quais a agência terá 0,45% do total. A maioria das vozes tem protestado furiosamente, pois sem dúvida o desenvolvimento tecnológico e o conhecimento advindos da exploração espacial são fundamentais para a espécie humana.
Baixe a proposta orçamentária da NASA para 2015
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is são os planos da NASA para alcançá-los.