A Agência Espacial Norte-Americana (NASA) confirmou nesta quinta-feira a descoberta de dois novos planetas extrassolares, no sistema de uma estrela situada a 2.300 anos-luz da Terra. O achado foi realizado graças ao telescópio espacial Kepler. Os dois mundos têm tamanho, massa e densidade similares as de Saturno, e foram batizados como Kepler 9b e Kepler 9c. O primeiro leva 19,2 dias terrestres para completar sua órbita, e o segundo 38,9 dias. Esses mundos estão tão próximos de seu sol, chamado de Kepler 9, que suas órbitas seriam interiores a de Mercúcio em nosso sistema, isso ocasiona temperaturas extremas nos dois mundos, Kepler 9b esquenta até 466ºC, e 9c chega a 266ºC.
Foi a primeira vez em que análises das observações do Kepler foram combinadas a observações de velocidade radial, que permitiram estimar a massa dos orbes. É o primeiro sistema de múltiplos planetas localizado e confirmado pelo telescópio e os astrônomos ainda destacaram que existe a possibilidade de existir um outro, bem menor, com raio equivalente a 1,5 vezes o da Terra, que é de 6.378 km. Os cientistas da NASA esperam confirmar as informações nas próximas semanas. Infelizmente, se confirmada sua existência, esse mundo igualmente será quente demais, sendo extremamente reduzidas as chances de possuir condições habitáveis. Se encontrado, será o menor exoplaneta descoberto até agora. Seu período orbial é de somente 1,6 dias terrestres.
É o segundo anúncio nesta semana de descobertas significativas no campo dos exoplanetas, já que na terça-feira a equipe do observatório ESO anunciou a descoberta de outro sistema planetário a 127 anos-luz da Terra. Lá igualmente existe um candidato em potencial a classe dos planetas terrestres, cuja massa pode ser de 1,4 vezes a da terrestre. O achado confirma a extraordinária sensibilidade do Kepler, capaz de detectar o trânsito de corpos celestes (passagem diante de suas estrelas, vista a partir da Terra), mesmo a tais imensas distâncias. Os pesquisadores estão confiantes de que a missão será ainda mais prolífica daqui em diante, as descobertas no sistema da estrela Kepler 9 chegam após sete meses de análises das informações obtidas pelo Kepler, que mantém vigilância em uma região situada entre as constelações de Cygnus e Lyra, onde existem mais de 156.000 estrelas. No último mês de junho, os astrônomos haviam anunciado que os dados permitiam supor a existência de mais de 700 candidatos a exoplanetas e, agora, fazem o primeiro anúncio de confirmação. Ao menos cinco dos sistemas observados exibiram trânsitos de mais de um planeta.
A confirmação da NASA sobre o sistema da estrela Kepler 9 pode elevar para cinco o total de mundos de tamanho similar ao nosso. Além dele e o circulando a estrela HD 10180, já estão confirmados outros três exoplanetas que ao que tudo indica também são rochosos, similares ao nosso. O Corot-7B, localizado pelo telescópio de mesmo nome (e que tem participação brasileira, conforme mostramos em UFO 130), situa-se a 500 anos-luz da Terra, possui massa equivalente a cinco vezes ao nosso e foi anunciado em fevereiro de 2009. Orbita a meros de 2,5 milhões de quilômetros sua estrela e, provavelmente, um hemisfério está sempre voltado para o astro central, ao passo que o lado oposto está mergulhado em sombra permanente. No lado iluminado a temperatura é de 2.200ºC e, no lado escuro, de – 210 ºC.
A estrela anã vermelha Gliese 581, a 20,5 anos-luz de distância, possui os demais exoplanetas rochosos, sendo objeto de intensa polêmica entre a comunidade astronômica, devido à possível habitabilidade ou não desses mundos. Gliese 581e tem massa 1,9 vezes maior que a terrestre, foi anunciado em abril de 2009, e orbita muito próximo a sua estrela. Seu ano dura apenas 3,15 dias terrestre e certamente é um mundo exageradamente quente.
Já seu vizinho, Gliese 581d, anunciado em abril de 2007, tem massa entre sete e 8 vezes a nossa, e intriga os astrônomos pela possibilidade de estar exatamente dentro da zona habitável de sua estrela. Vários cientistas defendem que pode existir água líquida em sua superfície, e vale destacar que o sistema solar de Gliese 581 é muito mais antigo que o nosso, com idade estimada entre sete e 9 bilhões de anos, tempo mais que suficiente para a evolução da vida, o que uma nova geração de instrumentos astronômicos pode vir a confirmar nos próximos anos.