Para saber mais sobre a descoberta da Agência Espacial Norte-Americana (NASA) de uma bactéria que pode indicar uma nova forma de vida, o programa Bom Dia Brasil entrevistou o professor Douglas Galante, coordenador do laboratório de astrobiologia da Universidade de São Paulo. Na opinião dele, trata-se de uma descoberta realmente revolucionária.
Essa bactéria não é alienígena, foi encontrada na Terra mesmo, mas ela muda todos os parâmetros do que se sabia sobre a definição da vida? Douglas Galante: Esta é a primeira bactéria, primeiro organismo conhecido na Terra que vive além dos seis elementos básicos, que são carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, fósforo e enxofre. Ela é capaz de usar arsênio em vez de fósforo no seu metabolismo. Isso é completamente inédito e muda a maneira como a gente enxerga e como a gente define vida no nosso planeta e fora da Terra também.
Que tipo de vida os cientistas procuram fora do planeta? São formas de vida identificáveis ou são em formas de bactéria? Hoje em dia a busca de vida fora da Terra se resume principalmente a micro-organismos. A gente sabe que eles são os mais abundantes no universo e no nosso planeta também.
Outros planetas que conhecemos, até os que já foram visitados e mapeados, agora terão de ser revisitados? E os outros planetas fora do sistema solar terão de ser vistos com outros olhos? São planetas até difíceis de se identificar no espaço. Como vai ser a pesquisa daqui em diante? A gente tem de rever os parâmetros que a gente usa nas buscas de vida fora da Terra, porque até o momento a gente usava parâmetros terrestres conhecidos: a vida baseada nesses seis elementos, a vida baseada em água ou a vida baseada em carbono. Agora, com essa entrada do arsênico, a gente pode procurar a vida de forma mais ampla, não só procurando a presença de arsênico, mas também de outros possíveis elementos. A gente tem de abrir um pouco nossa mente e aceitar outras possibilidades.
Como o Brasil está, em termos de pesquisa, desse tipo de vidas desconhecidas? A gente está começando no Brasil, engatinhando na área ainda, mas a gente já tem um grupo bastante forte, coordenado pela Universidade de São Paulo em colaboração com várias outras instituições, inclusive com a própria Nasa. A gente faz pesquisa como essa feita nos Estados Unidos aqui no Brasil.
Assista a entrevista completa:
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