O jornal The Sydney Morning Herald informou nesta semana que “o Ministério da Defesa da Austrália perdeu suas pastas secretas sobre UFOs“. Em resposta a um pedido baseado na Lei de Liberdade de Informação [Freedom of Information, FOI], que obriga funcionários do governo a liberação de documentos de interesse público, um porta-voz do departamento informou que foi encontrada uma quantidade mínima dos mesmos. A pesquisa teria incluiído o Canberra National Archives of Australia [Arquivo Nacional da Austrália, NAA].
Quando a jornalista Melissa Davey contatou este autor sobre a história, sugeri que não poderia ter sido uma pesquisa minuciosa, simplesmente porque uma grande parte dos arquivos “perdidos” estão de fato localizados nas instalações do NAA. Na verdade, muitos deles permanecem inclusive disponíveis para serem encontrados por qualquer pessoa interessada, no próprio site da NAA, através de cópias digitais [Mais de 6.000 páginas entre o período de 1950 a 1982 podem ser acessadas clicando-se aqui].
Alguns documentos estão realmente faltantes, mas parece ser devido a miopia de funcionários do Departamento de Defesa (DoD) na hora da organização. A decisão de destruir arquivos ufológicos está completamente fora de sintonia com organizações equivalentes em outros países, como Inglaterra e França, por exemplo. Felizmente, muitos dos casos impressionantes foram preservados por pesquisadores.
Eu mesmo salvei muitos desses durante minha pesquisa e as visitas com os Gabinetes de Russell no DoD no período entre 1982 e 1984. Aliás, uma busca nos arquivos de registros no NAA é melhor servida pelo uso do termo Flying saucers [Discos voadores]. Muitas dessas séries de relatórios podem ser lidas através das versões digitalizadas dos mesmos.
Assim, o caso dos Arquivos X “desaparecidos” do DoD australiano parece resolvido. Na verdade, a maioria nunca foi perdida, mas simplesmente não encontrada pelo oficial do DoD, que, leigo, não conhece a história do relacionamento do Departamento com a questão dos UFOs. Apenas um mínimo de investigação teria sido necessária para determinar onde a documentação realmente estava.
A grande questão é por quê o DoD decidiria destruir alguns dos seus arquivos ufológicos? A razão parece ser a pouca atividade adequada nesta área do departamento. Em 1984 eu dirigi uma carta ao diretor da Inteligência da Força Aérea [Royal Australian Air Force, RAAF] informando que as pastas deveriam ser preservadas para a posteridade, por causa de seu valor para os ufólogos, historiadores e muitas outras disciplinas.
Quando o Arquivo Nacional começou a organizar e armazenar muitos desses relatórios, e digitalizá-los, finalmente senti que a preservação havia sido razoavelmente assegurada. O problema é que não podemos contar sempre com a eficiência seguindo adiante. Incrivelmente, decisões míopes foram feitas dentro do DoD por volta de 2004 para destruir alguma das pastas ainda presentes nos arquivos do DoD. O decisório no FOI naquela época era o capitão G. MacDonald, diretor de coordenação da Força Aérea.
Mais de oito anos de relatórios entre 1974 e 1982 parecem ter sido destruídos. Espero que o processo não tenha sido levado adiante em qualquer medida adicional. Essa é uma questão que precisa ser aprofundada. Felizmente, uma grande quantidade de documentação ufológica comprovadamente existe através da sua presença no Arquivo Nacional.
Pelo menos uma parte substancial do legado UFO do DoD foi preservado, em consideração histórica com o futuro.