As supostas múmias extraterrestres apresentadas no parlamento mexicano são uma fraude
À mesma conclusão chegaram especialistas do Museu de História Natural de San Marcos, bem como professores de arqueologia da Universidade San Luis Gonzaga de Ica (UNICA), que tinham em sua posse estes exemplares tridáctilos, assim chamados por possuírem três dedos em cada mão.
Os três dedos de cada mão, os crânios alongados e os torsos estreitos das múmias remetem à imagem que todos temos dos extraterrestres e foram assim apresentados por Jaime Maussan em diversos eventos ufológicos ao redor do mundo, incluindo o Congresso Mundial de Ufologia realizado em Barcelona, onde pude ver e discutir com ele as análises apresentadas como prova.
As supostas múmias vieram à tona em 2016 e, desde então, ganharam manchetes sensacionalistas em todo o mundo relacionadas aos alienígenas, mas antropólogos e arqueólogos sempre disseram que parte dessas múmias são corpos humanos pré-colombianos modificados.
É o caso de Flavio Estrada, arqueólogo forense que analisou as múmias para o Instituto de Medicina Legal e Ciências Forenses do Ministério Público do Peru: “Os restos mortais de supostos alienígenas são criações feitas de ossos de animais e humanos unidos com cola sintética” – disse.
“Estas, por sua vez, foram recobertas por uma mistura de fibras vegetais e adesivos sintéticos para simular um tipo de pele. A fabricação de dados recentes está estabelecida” –acrescentou em uma conferência intitulada “Anatomia de uma fraude: O caso das supostas múmias reptilianas humanoides tridáctilas de Nazca.”
As plantas não são humanas, nem os cães, pelo que existe de fato DNA “não humano” nos espécimes. Quatro das “múmias” (Wawito, Josefina, María e Albert) foram enviadas à UNICA para pesquisas onde se questionou sua antiguidade pré-hispânica. Em 2017, o Ministério da Cultura admitiu que não eram pré-hispânicos e, consequentemente, por não serem material arqueológico ou patrimônio cultural, perderam a sua proteção.
Apesar de tudo, Maussan apresentou-os como “a grande descoberta arqueológica do século XXI”, embora, infelizmente, o seu estudo tenha acabado relegado a círculos pseudocientíficos. Após a exposição desses restos mortais na Sala Verde da Câmara dos Deputados, eles voltaram a ganhar manchetes e, também, indignação entre nós que sustentamos que sua apresentação tira credibilidade da verdadeira dimensão do Fenômeno UFO e a linha de seriedade com a qual estava ocorrendo o processo de revelação de segredos.
Um dos que também se manifestou com clareza é o diretor Darcy Weir, autor do documentário “The Real Close Encounters Of The Third Kind?”: “ODEIO estourar a bolha aqui”, ele tuitou, “(…) mas os corpos alienígenas de hoje são SUPER FALSOS. Mostrei um raio-x de um deles no final do meu documentário intitulado ‘Humanoids’ e Brian Foerster sabe disso.” Esses corpos, acrescenta ele, são feitos de crânios de cães e uma mistura de outros ossos. Procure a fraude das Múmias de Nazca.
Você pode assistir meu filme gratuitamente na TubiTv. Apenas se mantenha informado. Esses corpos aparecem em um raio-x como falsos. O Peru proibiu ladrões de túmulos de modificar corpos e vendê-los no exterior como arte.
O antropólogo Guido Lombardi expressa sentimento semelhante quando diz que “(…) tirar cadáveres antigos do Peru e mutilá-los, cortar as orelhas, os olhos, para lhes dar a forma do que se vê na televisão e fazê-los parecer um ‘alienígena’ é contra a nossa própria dignidade como seres humanos, e todo esse espetáculo vai contra o que o Peru é como país civilizado.”
Enquanto isso, os céticos rolam de rir. O negacionista Mick West não hesitou em compartilhar no X: “Não acho que Ryan Graves esperava corpos alienígenas reais! Tenho certeza de que ele percebe que são falsos e se arrepende de estar no palco com eles.” Avi Loeb, muito educado, e que participou do evento por videochamada, instou o governo mexicano a permitir que cientistas nacionais examinassem esses corpos, utilizando-os como base para o estudo de uma possível existência extraterrestre.
A página Metabunk também observou que o Dr. José de Jesús Zalce Benítez, encarregado de apresentar o relatório no Congresso mexicano, trabalhou anteriormente com Maussan. Especificamente na espinhosa edição dos “Slides de Roswell”, onde realizou uma extensa análise de uma fotografia que disse ser de um corpo não humano de Roswell, mas que acabou por ser uma criança mumificada na prateleira de um museu na América do Sul. Digamos, portanto, que seu histórico não seja muito solvente.
Por José Guijarro