Uma das mais bem-sucedidas missões espaciais da história teve mais um capítulo nesta semana, quando cientistas da Agência Espacial Europeia (ESA) anunciaram que o módulo Philae detectou compostos orgânicos na poeira liberada pelo cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. O robô, primeiro artefato terrestre a pousar nesse tipo de objeto em 12 de novembro, estacionou em um local com pouca luz solar, e encontra-se atualmente em hibernação. Contudo, mesmo funcionando na superfície do astro por somente 57 horas, conseguiu transmitir informações muito valiosas.
Um dos instrumentos do Philae, chamado de Cosac, conseguiu analisar moléculas do material do cometa que envolvem sua superfície e detectou moléculas de hidrocarbonetos, que foram a base da vida na Terra. Entretanto, o equipamento que utilizaria uma broca para furar a superfície e obter amostras não obteve resultados, indicando que o núcleo do cometa é duro como gelo. Outro instrumento, o Mupus, que utilizaria uma agulha para penetrar no solo, não conseguiu atingir grande profundidade mesmo com a utilização da potência máxima, reforçando a hipótese de que o 67P/Churyumov-Gerasimenko seja coberto por uma camada de 10 a 20 cm de poeira, abaixo da qual exista gelo muito duro.
A Rosetta, por seu lado, a partir da órbita obteve dados que indicam ser o interior profundo do astro poroso e de baixa densidade. As análises das informações transmitidas pelo Philae prosseguirão pelos próximos meses e os cientistas esperam determinar exatamente quais compostos orgânicos foram detectados. A ESA mantém a esperança de que, conforme o 67P se aproxime do Sol, a quantidade de luz sobre os painéis solares seja suficiente para recarregar as baterias do Philae, e o módulo possa retornar ao trabalho. Além disso, a Rosetta segue em órbita do cometa, onde permanecerá ao menos até dezembro de 2015, em uma missão que ainda trará muitos outros espetaculares achados.
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