Em 1951, um pedaço de rocha de 210 gramas despencou do céu próximo a Wedderburn, na Austrália. O meteorito chamava a atenção por sua cor marrom-avermelhada, e logo foi batizado em homenagem à cidade onde aterrissou. Mas a coloração incomum estava longe de ser sua característica mais exótica. Quase 70 anos após a queda, cientistas descobriram que, dentro dele, existe um mineral inédito, jamais encontrado em qualquer lugar do planeta.
“Scientists have discovered a new mineral, one never before seen in nature, lodged inside a meteorite found near Wedderburn in central Victoria.
Edscottite! https://t.co/j8tt9xqRDn
— Belinda Barnet (@manjusrii) 31 de agosto de 2019
Quem primeiro identificou os resquícios do mineral alienígena foi um grupo de pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), nos Estados Unidos. A descoberta foi publicada na revista científica Journal of Earth and Planetary Materials, e se deu enquanto os cientistas estudavam a coleção dos Museus Victoria, na Austrália, onde a pedra fica exposta.
Outros pesquisadores já haviam encontrado no fragmento de rocha espacial traços de metais como ouro, ferro, kamacita, schreibersita, taenita e troilita. De tanto ser manipulado e examinado por cientistas, inclusive, estima-se que o material tenha apenas um terço da sua massa original – a versão que está exposta no museu, hoje, teria cerca de 71 gramas. Mas, pela primeira vez, uma análise acusou também a presença de um material diferente.
Meteorito de Wedderburn. [E 12197] de Rodney Start. (Museums Victoria / CC BY)
O novo mineral é uma variação de carbeto de ferro, nome que se dá a minerais que combinam átomos de ferro e carbono. Tão peculiar quanto sua origem foi o nome escolhido: edscottita. Estranhou o apelido? É nada menos que uma adaptação do nome de Edward Scott, renomado especialista em meteoritos e cosmoquímico da Universidade do Havaí. Até então, não se tinha provas de que essa configuração mineral existia na natureza.
Não se sabe ao certo a origem do fragmento especial que chegou à Terra. Uma hipótese, segundo disse ao site The Age Geoffrey Bonning, cosmoquímico da Universidade Nacional da Austrália, é que a edscottita tenha se formado no núcleo de um planeta antigo. Uma colisão com outro corpo celeste, que destruiu o depósito natural de edscottita, poderia ter lançado fragmentos de rocha cheias desse mineral pelo espaço. Até que, milhões de anos depois, um deles atingiu a pacata cidade australiana de Wedderburn.
Até o último levantamento da Associação Internacional de Mineralogia, feito ao final de 2018, especialistas já haviam identificado 5,4 mil tipos diferentes de minerais. E, segundo estima a Sociedade de Mineralogia dos Estados Unidos, essa lista ganha pelo menos 30 novos integrantes todos os anos. A maior parte das descobertas costuma envolver coisas bem menos instigantes do que rochas vindas do espaço, como você pode imaginar.
Os estudo foram publicados na American Mineralogist.
Fonte: The Age