Um magnetar localizado a cerca de 13 milhões de anos-luz da Terra explodiu e espalhou pelo universo uma energia equivalente a um bilhão de sóis — tudo isso em apenas 0.16 segundos. Os cientistas passaram mais de um ano analisando o evento e o dividiram em quatro fases.
Os magnetares podem ser 100.000 vezes mais luminosos que o nosso Sol, de acordo com Alberto J. Castro-Tirado, professor pesquisador do Instituto de Astrofísica da Andaluzia do Conselho de Pesquisa da Espanha. “Mas no caso do flash que estudamos, a energia liberada é equivalente à que nosso Sol irradiaria em 100.000 anos”, disse. Este evento foi detectado em abril de 2020 e divulgado agora, e os cientistas logo se debruçaram sobre os dados para estudá-lo detalhadamente, já que é bastante raro encontrar uma explosão como esta.
Eles então o dividiram em quatro fases, com base na produção de energia do magnetar durante a explosão e medindo as variações no seu campo magnético. Para detectar um flash tão rápido, os pesquisadores contaram com uma inteligência artificial, instalada no instrumento Atmosphere – Space Interactions Monitor (ASIM), que fica na Estação Espacial Internacional.
Trata-se de um projeto liderado pela Agência Espacial Europeia (ESA), que conta com câmeras e detectores de raios-X e raios gama. De acordo com Reglero, diretor do Laboratório de Processamento de Imagens de UV, é quase como se o magnetar decidisse transmitir a existência de sua “solidão cósmica” para o universo, brilhando com a força de um bilhão de sóis.
Ilustração de uma poderosa explosão de raios-X irrompendo de um magnetar – uma versão supermagnetizada de um remanescente estelar conhecido como estrela de nêutrons.
Fonte: NASA
Quando estrelas de nêutrons (o resultado do colapso de uma estrela massiva no fim de sua vida) atingem campos magnéticos elevados, os cientistas as chamam de magnetares. Elas podem ter um campo magnético até 1.000 vezes mais forte do que os de outras estrelas de nêutrons e são os objetos magnéticos mais poderosos do universo.
A matéria desses objetos também é extremamente densa — um pedaço de estrela de nêutrons do tamanho de um cubo de açúcar pesaria mais de 1 bilhão de toneladas. Ao lado dos buracos negros, são os corpos de campo gravitacional mais intenso que conhecemos. Apenas cerca de 30 magnetares foram identificados até hoje, dentre cerca de três mil estrelas de nêutrons conhecidas. O evento dessa descoberta, batizado como GRB2001415, é a explosão de magnetar mais distante detectada até hoje, possivelmente causada por “tremores” no objeto. O estudo foi publicado na revista Nature.