
O litoral norte do Estado de São Paulo é outra região brasileira onde são comuns os avistamentos ufológicos ligados ao mar, tanto de UFOs como de objetos submarinos não identificados. Mas foi na década de 70 que o local se mostrou pródigo em observações de sondas e naves, assim como de contatos com seus tripulantes. Naquela época, chegar à região era complicado e a viagem até as cidades turísticas mais procuradas era longa e cansativa, já que não existia a estrada Rio-Santos e quem quisesse ir para os pontos turísticos de Ilhabela, Ubatuba e São Sebastião, por exemplo, tinha que fazer longas travessias de balsa e usar rodovias secundárias. No entanto, todo o percurso era calmo e somente habitado por índios caiçaras — que, não raro, avistavam luzes estranhas na direção do mar.
Uma dessas testemunhas é Édina de Souza, moradora de Boiçucanga, que não se esquece de um fato ufológico que presenciou quando ainda era estudante. Ela cursava o magistério em uma faculdade de Santos e ia para casa aos finais de semana. Por volta das 23h00 de uma sexta-feira do mês de outubro de 1978, Édina pegou carona com três amigos que iriam para São Sebastião, mas a deixariam em Boiçucanga, já que era caminho. “A noite estava linda e estrelada. Lá pelas 02h00, já perto da Praia da Baleia, vimos algumas luzes vermelhas bem pequenas e distantes. Estávamos conversando sobre vários assuntos e nem estranhamos quando vimos um carro à nossa frente. Mas, de repente, uma das luzes aumentou de tamanho e o carro que estava atrás dela simplesmente passou por cima, fez uma curva e sumiu atrás das árvores”, contou.
A entranha luz subiu ao céu
Naquele momento, segundo a testemunha, alguém falou que se tratava de uma lata de óleo diesel queimando, pois a cor da luz era alaranjada. Todos aceitaram a hipótese e até riram do susto por que haviam passado. Fábio Carvalho [Nome fictício a pedido], que estava dirigindo o carro, chegou a dizer que passaria tão rápido que iria apagar o fogo. “Brincando, fizemos até apostas para ver se o fogo iria ou não se apagar”, relembra a então estudante. O que aconteceu nos momentos seguintes quase fez os jovens perderem a razão e provocar um acidente. “Na estrada não havia luz elétrica e estávamos na mais perfeita escuridão. Assim que nos aproximamos da luz, ou do fogo, como achamos que era, vimos que ela se levantou no ar e foi subindo devagarzinho”, relatou Édina.
Carvalho ficou eufórico e acelerou o veículo para passar por cima da tal luz, mas quando chegaram bem perto, ela simplesmente decolou, fazendo-os passarem por baixo da mesma. “Nessa hora foi uma loucura total. Começamos a gritar e a olhar para trás para ver o que tinha acontecido”, contou Édina. “Fábio perdeu o controle da direção e por pouco não entramos no matagal. A luz continuou lá e, à medida que nos afastávamos, ela diminuía de tamanho, até desaparecer”.
“Coisas do demônio”
Segundo se recorda, depois disso todos se calaram e ficaram inquietos, olhando a todo momento para fora e para os lados, procurando algo ou tentando entender o que tinha acontecido. “Aquilo marcou minha vida de estudante”, concluiu. O caso de Édina é uma das inúmeras ocorrências ufológicas verificadas no litoral norte paulista naquele tempo. Muitas, porém, acabaram sendo denominadas “assombrações” ou “coisas do demônio”.
Outro importante caso investigado na região foi registrado em 1995, quando um grupo de São Paulo relatou um estranho fenômeno que estava sendo avistado com certa frequência no céu. Era uma espécie de piscada luminosa que podia ser vista a olho nu sempre no mesmo horário, por volta de meia-noite, próxima da Constelação de Aquário. Cerca de dois meses depois, tentando observar o fenômeno, foi possível vê-lo. Por volta da 01h00, esse autor muniu-se de um binóculo Fujinon e de um telescópio Celestron C 90, com uma lente de 25 mm, quando uma luz tornou-se visível na posição determinada.
O escrutínio das redondezas da Constelação de Aquário, que é muito grande — embora composta por estrelas não muito brilhantes —, é cansativo, mas trouxe bons resultados. Após mais de meia hora de observação, surgiu um flash no céu, exatamente à 01h32. Com o binóculo foi possível registrar, por alguns segundos, outro flash sem explicação. Aquilo, além de intermitente, se movia muito lentamente, porém de maneira diversa do que faria um satélite — e se fosse um, ele estaria no cone de sombra da Terra naquele momento, impossível de se ver. A luz passou no sentido leste-oeste e cruzou o campo visual em cerca de três minutos, o que também descarta a hipótese de ter sido algum avião. Após uns dez minutos, o fenômeno luminoso foi enfraquecendo gradativamente.
Esse é um avistamento que aparentemente não teria grandes consequências, não fosse o fato de que ocorrências assim são corriqueiras no litoral de São Paulo — como em muitos outros lugares. São incontáveis as testemunhas que relatam ter visto ora luzes piscando, ora flashes intensos, ora riscos inexplicáveis no céu, sem levar em conta a possibilidade de se tratarem de fenômenos ufológicos. E assim, infelizmente, tais casos caem no esquecimento e nunca são relatados para a Ufologia poder compor um cenário da presença alienígena nessas paragens.