O norte do Paraná ganhou o 24º planetário do Brasil e o segundo do estado. Com cúpula de oito metros de diâmetro, o projetor italiano – fabricado pela Gambato Costruzione per Astronomia – simula os movimentos dos astros, os principais círculos celestes e constelações, em um céu com mais de 3.200 estrelas. O despertar para a astronomia, ciência que envolve a observação e a explicação de eventos que ocorrem fora da Terra e de sua atmosfera, está mais próxima para os moradores do norte do Paraná, desde o início de junho, devido à inauguração do Planetário de Londrina. Uma parceria entre a prefeitura da cidade, que executou as adequações e a infra-estrutura necessária para a utilização do local, e a Universidade Estadual de Londrina (UEL), que comprou o projetor, garantiu o funcionamento do prédio – construído em 1992, e desativado por 13 anos – para a alegria dos amantes dos mistérios do universo.
O prédio tem 232 m², 16 m de diâmetro e um teto abobadado, com seis metros e dez de altura. No interior da construção, há uma sala de projeção circular, com oito metros de diâmetro e capacidade para 44 espectadores por sessão, além de dois lugares para cadeirantes. Os assentos são reclináveis para permitir aos visitantes uma visão geral da tela semi-esférica em que as imagens são reproduzidas pelo projetor que fica no centro da sala. O modelo do projetor é o BS 3200a, fabricado pela Gambato Costruzione per Astronomia, da Itália, próprio para uma cúpula de oito metros de diâmetro, como a do Planetário de Londrina. Ele simula os movimentos dos astros, os principais círculos celestes e constelações, e um céu com mais de 3.200 estrelas. Também estão expostas imagens de fenômenos astronômicos como eclipses, rotação de planetas, meteoros, nebulosas planetárias, com imagens reais obtidas de telescópios e sondas espaciais. O aparato técnico conta ainda com projetores periféricos, slides, computadores, equipamento de som e mesa de controle.
“O Planetário é um recurso ótico-mecânico-eletrônico que faz a projeção do céu em uma tela hemisférica com precisão científica, permitindo a visualização de planetas e estrelas como vistos de qualquer ponto sobre a superfície da Terra e em qualquer época do passado e do futuro, em movimento”, explicou a coordenadora do Planetário, professora doutora Rute Helena Trevisan, astrofísica pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE) e docente do Laboratório de Astrofísica do Departamento de Física, da UEL. Segundo a professora, o planetário está ajustado de acordo com a latitude de Londrina, 23º sul, e as pessoas poderão observar os fenômenos a partir do céu da própria cidade. “As projeções vão mostrar as constelações do Zodíaco, Cruzeiro do Sul, nascer e pôr do Sol, movimento da Lua, cometas, asteróides, Sistema Solar e todo o movimento do cosmo que o olho humano não consegue captar. Os recursos de multimídia e seus efeitos especiais permitem a viagem interplanetária, ou mesmo intergaláctica, indo até o final do universo conhecido”, garantiu.
O Planetário foi criado para ser um centro de divulgação, ensino e pesquisa em astronomia e para o desenvolvimento de projetos multidisciplinares, atendendo também as áreas da educação, cultura, turismo, meio ambiente e ciência e tecnologia, junto às escolas da cidade e da região. Ele será peça fundamental para um estado como o Paraná, onde a astronomia é matéria obrigatória no currículo escolar. “A astronomia desperta para as ciências gerais com ligações estreitas com a química, física, geografia, entre outras”, afirmou Rute.
Londrina sai na frente – Para garantir que todos os estudantes tenham acesso aos segredos da astronomia, a Prefeitura de Londrina, por meio da Secretaria de Educação, desenvolve desde o início do ano, o projeto Astronomia na Escola. Na primeira etapa mais de 400 professores de 4ª série, supervisores e auxiliares de supervisão das escolas da rede municipal participaram da capacitação para o ensino, com carga horária de 40 horas. “Com o curso, eles compreenderam os fatos, os fenômenos da atmosfera, para reproduzir e explorar bem os dispositivos em sala de aula”, explicou Carmen Baccaro Sposti, secretária municipal de educação. Conforme ela, a segunda etapa do projeto, que começa no segundo semestre letivo, é a visita dos alunos ao planetário, acompanhado dos professores. “Já trabalhamos noções de astronomia como tema transversal nas disciplinas desde o pré-escolar. Estes conceitos perpassam por dentro das ciências, da geografia, história. Há correlação de conteúdo”, comentou a secretária. Ela lembrou que 34 mil estudantes devem ser beneficiados com as visitas de campo e estudo ao Planetário.
Entre outros projetos que serão desenvolvidos no local, está o Planetário de Londrina e Observatório Astronômico da UEL: Ambientes de Apoio à Educação Informal de Difusão e Ensino-Aprendizagem em Educação Científica. Nele, junto com a professora Rute Trevisan, atuam o professor Gilberto Carlos Sanzovo, astrofísico pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG), da Universidade de São Paulo (USP), como coordenador do Observatório, e mais quatro colaboradores, docentes do Departamento de Física, três docentes voluntários [astrofísicos da Unicentro e Unifil e professora de geografia da rede estadual], sete estagiários [alunos da UEL] e uma secretária executiva.
Aliás, esta equipe será a responsável em acompanhar os alunos da rede municipal e organizar a agenda do Planetário para as visitas das escolas estaduais e particulares, além de outros projetos específicos, como o Dormindo com as Estrelas, que é atividade lúdica em que crianças entre cinco e oito anos, compreendendo estórias sobre mitologia grega, sistema solar e astronomia. Para o prefeito de Londrina, Nedson Micheleti, o Planetário gera oportunidades incríveis de conhecimento para as pessoas. “É um marco para a educação, o conhecimento das ciências e a cultura de Londrina e da região. Além de alterar conceitos, trará conhecimento para pessoas de todas as idades”, afirmou. Micheleti acrescentou ainda que “conhecer as estrelas e os planetas é estar mais perto dos mistérios do universo. Isso nos traz novas perspectivas, fazendo com que, inclusive, aumente a nossa fé”.
Quatro peças diferentes – Segundo a coordenadora do Planetário serão quatro sessões diferentes, sendo que cada uma delas será exibida separadamente. “São duas sessões infantis e duas para público maior
de 12 anos. Uma delas, o Tainakan, apresenta um indiozinho – cujo nome é Tainã-kan – que se perde na selva e começa conversar com a Lua – que é chamada de Jaci. Jaci, então, leva Tainã-kan para conhecer o sistema solar, apresentando-a cada um dos oito planetas. A outra sessão infantil, O Príncipe Sem Nome, segue mais ou menos a mesma linha, porém com uma estória diferente”, relatou.
Das sessões destinadas ao público adulto, a professora destaca o Céu de Londrina, que foi desenvolvida pelas planetaristas Vanessa Queiroz e Juliana Romanzini do Planetário de Londrina, com recursos de multimídia e equipamentos de som. Rute explicou que esta viagem se inicia nos confins do universo, passa pelo Grupo Local de Galáxias [cerca de 40 galáxias] e em seguida pela Via Láctea e suas 100 bilhões de estrelas, ultrapassa a nuvem de Órion e alcança o Sistema Solar. Então, já próximo da nossa estrela, o Sol, percorre os planetas Júpiter, Marte, Vênus, o ex-planeta agora planetóide Plutão, entre outros, chegando à Terra e, finalmente, à cidade de Londrina.
A outra sessão, Voyager, mostra as últimas descobertas feitas pela nave Voyager no Sistema Solar. A produção é da equipe da Fundação Planetário do Rio de Janeiro. Mais informações sobre o Planetário de Londrina no site www.uel.br/cce/mct/planetario.