Um estudo realizado por cientistas do Instituto Max Planck para a Física Extraterrestre, utilizando o instrumento GROND, montado no telescópio MPG do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês), explica a fraca luminosidade das rajadas escuras de raios gama, um dos fenômenos mais energéticos do universo. Este é considerado o maior trabalho já realizado sobre o assunto.
As rajadas de raios gama são geradas a partir da explosão de estrelas massivas, criando feixes de luz tão brilhantes que podem ser vistos a uma distância de 13 bilhões de anos-luz, perto dos limites do universo observável. Porém, algumas dela têm um brilho abaixo do espectro visível, parecendo que lhes falta esta característica, o que deixou os pesquisadores perplexos durante os últimos 10 anos.
Segundo o estudo, essa fraca luminosidade explica-se como uma combinação de várias causas, sendo a mais importante a presença de poeira entre a Terra e o fenômeno. Indica que a maioria das rajadas escuras de raios gama são aquelas cuja pequena quantidade de radiação visível foi completamente absorvida pela poeira antes de chegar à Terra.
A Agência Espacial Norte-Americana (NASA) lançou o satélite Swift em 2004, para orbitar por cima da atmosfera terrestre, conseguir detectar explosões de raios gama e comunicar imediatamente as suas posições a outros observatórios para estudo dos brilhos residuais.
No trabalho, os cientistas utilizaram dados registrados pelo Swift e também novas observações do GROND, que se dedica à observação continua de rajadas de raios gama. Combinando os dados, foi determinada a quantidade de radiação emitida pelo brilho residual a comprimentos de onda muito distintos. Assim, foi medida a quantidade de poeira que obscurece a radiação no percurso do raio até a Terra.
Foi descoberto que as rajadas escurecem para uma marca entre 60% e 80% da intensidade original com que foi emitida devido à poeira. Para rajadas mais distantes, a intensidade transforma-se para apenas entre 30% e 50%.
Estudos anteriores já haviam apontado que rajadas de raios gama podem ser capazes de ajudar a monitorar a taxa na qual as estrelas formam-se e morrem em distantes galáxias, confirmar as estimativas anteriores de que 25% das vezes as estrelas massivas se formam em locais repletos de poeira de estrelas, e que a poeira se forma provavelmente nas nuvens ao redor de estrelas em formação.
Além disso, indicam que pode haver muito mais poeira do que se suspeitava e que as rajadas escuras de raios gama poderiam fornecer uma maneira de descobrir a quantidade de formações estelares que estão acontecendo no universo.