O Telescópio Espacial Hubble capturou um alinhamento nunca antes fotografado entre o planeta Urano e uma de suas luas, Ariel, que projeta uma sombra no planeta. Se houvesse observadores na área da superfície do planeta coberta pela sombra, eles estariam assistindo a um eclipse do Sol.
Esse tipo de passagem de uma Lua pelo disco do planeta principal, os chamados “trânsitos”, é ocorrência comum em alguns dos outros gigantes gasosos do Sistema Solar, como Júpiter, mas as luas de Urano orbitam o planeta de um modo tal que faz da projeção de sombras no corpo principal uma ocorrência rara.
Urano é tão inclinado que seu eixo de rotação está praticamente incluído no plano orbital: é como se o planeta rolasse ao longo de sua trajetória ao redor do Sol. As luas de Urano orbitam o planeta acima do equador, e com isso suas trajetórias se põem entre o planeta e o Sol apenas a cada 42 anos.
O trânsito nunca havia sido observado antes porque só agora Urano se aproxima do equinócio de 2007, quando o Sol brilhará diretamente sobre o equador do planeta. O último equinócio uraniano ocorreu em 1965, quando ainda não havia instrumentos capazes de fotografar um trânsito.
A Lua Ariel, batizada em homenagem ao espírito do ar da peça A Tempestade, de William Shakespeare, tem um terço do tamanho da Lua da Terra. Enquanto Urano se aproxima do equinócio, novos eclipses serão produzidos pelas grandes luas Umbriel, Titânia e Oberon, e por diversas luas menores.