Neste domingo, 14 de outubro, Felix Baumgartner realizou a missão que a equipe Red Bull Stratos preparava havia cinco anos: saltar da estratosfera a partir de um balão e quebrar os recordes de altitude, velocidade e queda livre. O austríaco de 43 anos tem um longo histórico de saltos ousados, incluindo um quando pulou da mão do Cristo Redentor no Rio de Janeiro, e realizou o feito sem problemas mais sérios. Vale destacar que o conselheiro especial da Revista UFO, Ricardo Varela Corrêa, prestou consultoria à equipe no início do projeto.
O recorde anterior era de Joseph Kittinger, coronel aposentado da Força Aérea Norte-Americana, que em 16 de agosto de 1960 realizou um salto de paraquedas a partir de um balão a 31.300 m de altitude. A missão, parte do Projeto Excelsior, destinava-se a investigar se seria possível a pilotos de jatos ejetar-se com segurança em elevadas altitudes. Kittinger naquela ocasião chegou a uma velocidade de 988 km/h em uma queda livre de 4 minutos e 36 segundos antes de acionar o paraquedas.
Esse foi o único recorde que Baumgartner não quebrou no voo deste domingo, tendo aguardado 4 minutos e 19 segundos para acionar o paraquedas. O austríaco, entretanto, tornou-se a primeira pessoa a quebrar a barreira do som em queda livre e sem estar a bordo de um veículo, atingindo 1.342,8 km/h, ou Mach 1,24. Também atingiu a maior altitude já registrada por um balão tripulado, e evidentemente, o salto mais alto já registrado.
A missão aconteceu em Roswell, Novo México, e a subida da cápsula de 1.315 kg até a altitude do salto levou 2 horas e 35 minutos. Baumgartner, vestindo um traje pressurizado similar ao dos astronautas, teve alguns problemas com o aquecimento do visor do capacete, que poderia embaçar e prejudicar sua visão, mas que funcionou perfeitamente durante o salto. Nos primeiros momentos da queda livre o austríaco girou descontroladamente, o que poderia ser perigoso pois poderia levá-lo a inconsciência. Ele contou depois que pensou em acionar o pequeno paraquedas estabilizador, mas decidiu em contrário pois assim não conseguiriam bater os recordes. Baumgartner finalmente conseguiu estabilizar-se apontando o corpo para baixo, o que a equipe em terra aplaudiu entusiasticamente.
Além da equipe e dos familiares do paraquedista, também acompanhou o salto o próprio Joe Kittinger, que foi consultor da equipe. O veterano aplaudiu o feito do austríaco, dizendo que recordes foram feitos para serem quebrados. A tentativa deveria ter ocorrido na segunda-feira, 8 de outubro, mas ventos fortes forçaram o adiamento. O balão usado é feito de um material 10 vezes mais fino que o plástico de embalagens de pão de forma, e poderia ser rasgado se as condições não estivessem perfeitas.
Baumgartner já havia realizado um salto a 21.818 m em março, e outro a 29.610 m em 25 de julho, como preparação para a tentativa de quebra de recorde. Uma coincidência foi o fato de o voo histórico ter ocorrido no mesmo dia em que se comemoraram os 65 anos da quebra da barreira do som por Chuck Yeager, a bordo do avião-foguete Bell X-1 em 14 de outubro de 1947.
O paraquedista aterrissou com segurança a cerca de 59 km do local do lançamento, e a cápsula pousou a 88 km do mesmo local. Durante a coletiva após o feito, Baumgartner afirmou acreditar que o Red Bull Stratos coletou informações que podem auxiliar no desenvolvimento de medidas de segurança para astronautas, pilotos e turistas espaciais, criando procedimentos e equipamentos para missões até a beira do espaço e além.
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Confira um infográfico explicando o funcionamento do equipamento usado por Felix Baumgartner
Saiba mais:
Livro: Dossiê Cometa