Constam em pinturas rupestres e citações em livros sagrados, sinais que permitem a interpretação de que teria a raça humana recebida grande influência das “coisas celestes”. Mensagens nos céus mexeram com o imaginário profano e sagrado através das eras. Mas, a Ufologia moderna, de um modo geral, só passou a ser encarada como ramo de pesquisa e informação a partir do relato do norte-americano, Kenneth Arnold, em junho de 1947. Arnold, que viajava de Chehalis para Yakima, no estado de Washington, em seu avião particular, viu nove objetos brilhantes em formação sobre o monte Rainier. Obviamente, em se tratando de casuística extraordinária em todo e qualquer espaço geográfico habitado sempre haverá a possibilidade de se obter relatos de aparições alheias ao cotidiano. É comum encontrar pessoas interessadas nos fenômenos celestes, como por exemplo, em Sorocaba e Votorantim. Ambas estão na esfera dos centros urbanos cujos acontecimentos dessa natureza marcaram época.
O caso de maior impacto, seguramente uma referência histórica, aconteceu em Sorocaba, no ano de 1979, quando esferas luminosas multicoloridas foram vistas no céu da cidade . Em março de 1980, inúmeros visitantes, inclusive estrangeiros, foram até Sorocaba por conta da notícia de que uma nave extraterrestre que traria seqüestrado humanos chegaria à Terra. A notícia foi veiculada mundo inteiro. Tudo ocorreu em função de fatos realmente perturbadores, somando consideráveis testemunhos. Tal passagem mereceu a atenção de inúmeros veículos de imprensa, entre as quais a extinta revista O Cruzeiro. A obra do cético norte-americano Max Sussol, Os Falsos Discos Voadores, o autor relata as movimentadas noites sorocabanas. Estima-se que aproximadamente cinco mil pessoas passaram pela cidade, formando uma das maiores vigílias do país.
Tudo começou na madrugada de 08 de janeiro de 1979, por volta de 03h30, quando uma viatura da Polícia Militar foi socorrer um rapaz visivelmente abalado que disse ser perseguido por uma luz misteriosa em pleno centro da cidade. Era o mecânico Sérgio Pregnoletto. Os soldados que foram verificar o caso observaram o objeto. Então, o alarme foi acionando e em pouco tempo oito viaturas compareceram, inclusive uma vinda de Votorantim, e cerca de 200 homens da PM viram-se envolvidos na operação que terminou em frente à pedreira São Domingos, uma empresa de terraplanagem e pavimentação. No dia seguinte a notícia já era quase de domínio público, e se tornou centro das atenções de curiosos e estudiosos de várias localidades. Em questão de dias milhares de pessoas foram ao. Populares e soldados relataram em detalhes a visão da luzes voadoras que, inclusive, responderam a sinais luminosos emitidos pelas viaturas policiais. O jornal Cruzeiro do Sul publicou trechos dos relatos das testemunhas, entre elas os soldados Sérgio Costa, Carlos Doles e o então sargento Maurício Caruso. A imprensa registrou nos dias seguintes relatos de explosões luminosas na região da represa Itupararanga, clarões repentinos e outras anomalias simultâneas. Em três semanas estoques de telescópios e binóculos desapareceram das lojas.
Foram inúmeros os casos relatados na cidade, entre eles o ocorrido na noite de 07 de maio de 1982. João Carlos Belo contou que quando subia Avenida Américo de Carvalho, perto da Praça Berlim, viu uma luz prateada muito intensa no céu. Ao chegar à casa de sua namorada, Olga, ela comentou imediatamente que a TV havia perdido o sinal. Ambos seguiram a luz que aumentou a velocidade rumando em direção à Avenida Armando Pannunzio. Continuaram pela Rodovia Raposo Tavares até alcançar o primeiro posto da Polícia Rodoviária, onde dois policiais também testemunharam a aparição. A luz se dividiu então em três partes. O avistamento durou 16 minutos.
No final da década de 80, até meados dos anos 90, o misterioso personagem que se identifica como “Comandante da frota dos homens do espaço”, considerado por muitos um extraterrestre em missão e que chama a nossa Terra de planeta Shan, bastante conhecido nos meios ufológicos, também agitou Sorocaba. Duas pessoas que não se conheciam sofreram a debatida invasão da voz metálica de Ashtar em gravações feitas em fita cassete. O fenômeno das gravações já vinha correndo o mundo e chegou a Sorocaba. Uma delas teria ocorrido no centro da cidade e a outra em uma loja de consertos de artigos eletrônicos durante a gravação de um programa de rádio em uma fita virgem. Dada a divulgação do fato pelo jornal Cruzeiro do Sul, muitas pessoas procuraram a redação relatando a mesma situação. A maioria buscou garantia de anonimato. Outros com conhecimentos em eletrônica analisaram as gravações. João Carlos Belo e Waldomiro Oliveira, a pedido do jornal, submeteram o material à análise. Oliveira entrou em contato com a eminente ufóloga Irene Granchi, e mencionou conhecer mais de oito casos iguais àquele e que estavam ocorrendo no Brasil e no mundo. No aprofundamento das discussões reuniram-se na cidade os envolvidos, alguns especialistas, estudiosos de outros municípios e um grande número de interessados. Nos meses que se seguiram muitas palestras foram organizadas, além de estudos e encontros que mostraram o grande interesse do público sorocabano e votorantinense pela temática Ufologia.
São recorrentes os relatos que apontam aparições de luzes estranhas sobre o Morro de Ipanema, que na língua dos índios Tupiniquins significa Araçoyaba ou Esconderijo do Sol. Ele se localiza a aproximadamente 20 km de Sorocaba. Lugar de imensas riquezas naturais e um conjunto arquitetônico que atesta o início da siderurgia brasileira, fonte importante de estudos. Moradores da região, conhecedores dos aspectos lendários do morro, apontaram fenômenos aéreos estranhos. A foto de um objeto luminoso no céu noturno sobrevoando o lugar, cuja forma lembra um telefone, tirada pelo professor de desenho técnico Josué Fernandes Pires, ufólogo de Tatuí, cidade da região, chegou nos anos 80 às mãos do eminente J. Allen Hinek, astrofísico, conselheiro do Pentágono para assuntos ufológicos e um dos maiores ufólogos do mundo. Outro exemplo ocorreu na noite de 14 de julho de 2001, com dois integrantes da brigada de incêndio que estavam trabalhando numa das torres de observação da floresta. Os guias Márcio Antônio Rosa e Jackson Siqueira Campolim viram algo estranho surgir de uma fenda existente na encosta do morro. A aparição deixou as testemunhas sob forte impacto emocional. O jornal Cruzeiro do Sul obteve com exclusividade quatro das fotografias que renderam matéria de capa.
O caso narrado por Erotides Sebastião Aparecido, em janeiro de 1994, confirma e sela o alto potencial casuístico da região. Na época secretário da Câmara Municipal de Votorantim, Aparecido relatou que na noite de 10 de janeiro daquele ano, na companhia de seu sobrinho Delvani Daniel Siqueira, viu de seu carro uma luz muito brilhant
e. A luz se aproximou e ficou sobre o veículo, a 50 m do chão. O objeto voador foi em direção ao Morro da Mariquinha. Mais quatro rapazes também relataram a mesma ocorrência. Por conta de reincidências desse tipo de fenômeno a cidade tem um bairro batizado com o sugestivo nome de Mirante dos Óvnis.
O único provável caso brasileiro de “agressão” cometida por seres de origem desconhecida a acabar na Justiça, aconteceu em Sorocaba, com cobertura feita pelo jornal O Diário de Sorocaba. Em 03 de julho de 1997, Célio de Lima Batista, um vendedor de fraldas, relatou a policiais e ao delegado José Ordele Alves Lima Júnior, a agressão que sofreu por um ser desconhecido que se projetou de uma luz que o seguia desde a Avenida Ipanema. A testemunha sangrava pelo nariz e tinha ferimentos. O caso foi remetido ao Fórum Criminal. O ferimento cicatrizou rapidamente não havendo tempo sequer para constatação junto ao Instituto Médico Legal. Em março de 1998, diante da promotora de Justiça, doutora Mara Sílvia Gazzi, Batista repetiu toda a história. O documento chegou à promotoria através do Juizado Especial de Pequenas Causas Criminais (Jecrim), versando sobre crime de lesões corporais dolosas. Diante da óbvia impossibilidade de apuração dos fatos junto às partes envolvidas, o caso foi arquivado.
Nos primeiros dias de fevereiro de 2004, o analista de logística Pedro Roberto Gomes Alves telefonou ao jornal sorocabano Cruzeiro do Sul e relatou à jornalista Telma Silvério que há aproximadamente cinco meses viu da janela de seu apartamento, voltada para uma fazenda, sete círculos num gramado que serve de pasto para gado. A jornalista entrou em contato com ufólogos sorocabanos na busca de explicações. Passaram a cuidar do caso os ufólogos Jorge Facury, Michel Facury, João Carlos Belo e Armando Aparecido Monteiro. Foram constatados oito círculos e não sete, com diâmetros variáveis entre 13 e 23 m. Estes eram demarcados pelo perímetro dos círculos com aproximadamente 50 centímetros onde o capim era mais verde. Inúmeros procedimentos investigativos foram realizados, com exames laboratoriais de solo e capim. Os resultados apenas agregaram mais dúvidas à investigação. Havia normalidade nos padrões mineralógicos e nutricionais, sendo expressivos apenas os níveis de nitrogênio no perímetro que demarcava os círculos.
Por indicação dos técnicos dos laboratórios, fora feito contato com o doutor Hiroshi Kimati, especialista em fitopatologia. Kimati dispensou amostragens de solo e grama, exigindo uma cuidadosa coleta de fungos frutificados que foram também encontrados justamente no perímetro mais verde. Os exemplares foram submetidos também a análise de seu colega de departamento, professor Nelson Massola, e ambos concluíram tratar-se de um fungo da família dos basidiomicetos e que recebe o nome de Lycoperdon perlatum. O mistério assim estava desfeito. O fungo exaure a matéria orgânica a partir de um ponto onde haja resto de madeira de eucalipto. Uma vez exaurido o ponto de degradação de matéria orgânica migra radialmente e na frente pioneira demarca o circulo liberando o nitrogênio que é absorvido pelo capim brachiaria. O fenômeno ganhou destaque nacional e é de importância mundial para a Ufologia, como um marco de investigação.
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