O mundo amanheceu menos brilhante nesta quarta-feira, 14 de março, diante do anúncio do falecimento do astrofísico britânico Stephen Hawking. Em um comunicado seus filhos, Lucy, Robert e Tim, deram a triste noticia, mas afirmaram que o pai foi um grande cientista e um homem extraordinário. “Sua coragem e persistência, além de seu brilhantismo e bom humor, inspiraram pessoas em todo o mundo”, completaram. Ele nasceu em Oxford na Inglaterra, em 8 de janeiro de 1942, precisamente no dia do aniversário de 300 anos da morte de Galileu Galilei. Outra coincidência se dá nesta data de seu falecimento, 14 de março, aniversário de 139 anos do nascimento de Albert Einstein. Hawking dizia, mencionando Isaac Newton: “Se vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes”. Entre os que comentaram o triste acontecimento deste dia está o editor da Revista UFO, A. J. Gevaerd, comentou: “Morreu Stephen Hawking. Uma grande perda para uma humanidade já totalmente perdida. Este senhor leva consigo para onde for coisas que ainda vamos demorar décadas para descobrir”.
Em 1963 Stephen Hawking foi diagnosticado como portador de esclerose lateral amiotrófica, doença generativa que, conforme os prognósticos, custaria sua vida em dois anos. Conforme persistia trabalhando, desafiando a doença, ficou limitado a sua cadeira de rodas, e em 1985 precisou realizar uma traqueostomia de emergência que causou a perda da voz. Assim passou a utilizar um computador com sintetizador de voz para se comunicar, primeiro acionado por dedos, e depois sucessivamente pelos músculos da bochecha e finalmente, na versão mais recente, movimentos dos olhos. Sempre de bom humor, reclamava somente do sotaque norte-americano da voz eletrônica. Porém a debilidade física não impedia sua mente de elaborar surpreendentes teorias, que revolucionaram nossa compreensão do Universo e da realidade. Em 1970 iniciou seus estudos sobre os buracos negros, levando-o a afirmar que se o Universo teve seu início com o Big Bang, provavelmente terá seu fim nesses misteriosos astros, defendendo os estudos para unificar a física quântica e a Relatividade de Einstein. Estudando as duas grandes frentes nas quais está dividida a física, ainda incompatíveis mesmo hoje, Hawking comprovou que buracos negros de fato produzem emissões, batizadas então como Radiação Hawking.
Stephen Hawking foi casado duas vezes, a primeira com a colega Jane Wild. No final dos anos 70 esta iniciou um relacionamento com o organista Jonathan Hellyer Jones, e o casal se separou em 1995 após terem três filhos. No mesmo ano Hawking casou-se com Elaine Mason, enfermeira que cuidava dele, e de quem também se divorciou em 2006. Vários desses fatos foram adaptados para o cinema no filme A Teoria de Tudo (Theory of Everything, Working Title Films, 2014) que rendeu o Oscar de melhor ator para Eddie Redmayne, que viveu o físico na produção. Divulgador científico como poucos, Hawking escreveu vários livros, entre os quais se destacam Uma Breve História do Tempo e O Universo Numa Casca de Noz. Até seus últimos dias não parou de conceder entrevistas e participar de inúmeros programas, documentários e desenhos animados. É famosa sua participação no episódio Descent, da sexta temporada de Jornada nas Estrelas: A Nova Geração, jogando pôquer com o androide Data e acompanhado ainda de Isaac Newton e Albert Einstein, todos com exceção de Data produtos do Holodeck, gerador de realidade virtual da nave Enterprise. Outra participação memorável se deu no episódio They Saved Lisa´s Brain, da décima temporada da animação Os Simpsons. A aparição rendeu até um action figure, um boneco do físico que pode ser adquirido em sites internacionais. Stephen participou também de séries cômicas, como The Big Bang Theory e Little Britain.
VIAGENS NO TEMPO E ALIENÍGENAS
Entre suas ideias inovadoras para popularizar a ciência estavam iniciativas como convidar viajantes do tempo para uma festa, conforme descreveu em um episódio de sua série O Universo de Stephen Hawking (Into the Universe With Stephen Hawking). Infelizmente, comentou, ninguém acabou aparecendo, o que o fez pensar que, embora teoricamente possível, a viagem no tempo deve ser irrealizável por algum mecanismo ainda desconhecido do Universo. Ele também alertou, por diversas vezes, que o contato da humanidade com civilizações alienígenas poderia terminar muito mal para a parte menos desenvolvida, ou seja, nós mesmos. Stephen sempre tecia comparações exemplificando com a descoberta do continente americano por Cristóvão Colombo, mencionando o impulso predatório que ainda hoje é responsável por inúmeras mazelas de nossa civilização planetária. Sua opinião era naturalmente respeitada, mas contestada por vários outros grandes nomes da ciência. O fato de expor essa preocupação não o impediu de apoiar o projeto Breakthrough Listen, parte das Iniciativas Breakthrough do bilionário russo Yuri Milner. Hawking sempre defendeu que a busca por vida fora da Terra era um dos empreendimentos mais significativos que a humanidade poderia almejar.
Além disso apoiava também o Breakthrough Starshot, ambicioso projeto de desenvolvimento tecnológico, cujo objetivo é dentro de uma geração construir uma imensa frota de nanonaves, cada uma do tamanho de um selo e impulsionadas por poderosos lasers baseados em terra. Assim, tais sondas poderiam ser aceleradas até 20 por cento da velocidade da luz, possibilitando atingir Alpha Centauri, sistema estelar mais próximo do nosso, em 20 anos. Nos últimos tempos o notável pensador passou a expressar preocupações a respeito do futuro da humanidade. Alertava que guerra nuclear, mudanças climáticas e vírus geneticamente alterados poderiam extinguir a humanidade em 100 anos ou menos. Também o desenvolvimento da inteligência artificial poderia se tornar uma ameaça, alertava, e defendia que, dado tempo suficiente, uma ameaça cósmica poderia ameaçar nossa existência. Assim defendia que a humanidade se lançasse ao espaço, estabelecendo colônias em outros mundos, a fim de assegurar a sobrevivência da espécie. De forma geral, entretanto, Stephen Hawking era um otimista, como pode ser constatado nesta declaração, feita no ano passado: “Não há um novo mundo ou utopia logo adiante. É tempo de explorarmos o Sistema Solar. Estabele
cer-nos fora da Terra pode ser a única coisa que irá nos salvar de nós mesmos, e estou convencido de que os humanos precisam sair da Terra”. Assim, pelas ideias de sua mente inigualável e por seu extraordinário exemplo de persistência e superação, Stephen Hawking deixa um importante legado para o futuro da humanidade.
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Saiba mais:
Livro: Guia da Tipologia Extraterrestre
DVD: Buscando Vida Fora da Terra
Enquanto cientistas de diversas áreas buscam respostas para a origem e o futuro da humanidade terrestre, a exobiologia vasculha vastas regiões do universo à procura de outras formas de vida. Com exuberantes imagens obtidas pela NASA e usando avançados recursos de computação gráfica, este documentário mostra como seriam as espécies que encontraremos no espaço e deixa claro que esta é apenas uma questão de tempo.