Sob vários aspectos, Minas Gerais é um Estado atípico. Seus limites geográficos lhe permitem servir como um verdadeiro ponto de interseção entre as diversas culturas que coexistem em nosso país. Minas guarda um rico passado, abrigando cidades históricas de valor inestimável para o Patrimônio Mundial, como Ouro Preto e Mariana, ou como palco de eventos marcantes, a exemplo da Inconfidência Mineira. O Estado ainda se destaca por ter visível progresso, onde estão implantadas indústrias multinacionais de grande porte, como a Fiat, a Mercedes Bens ou as mineradoras Belgo-Mineira e Vale do Rio Doce.
Ainda que o Estado tenha áreas de extrema pobreza, concentradas sobretudo no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais tem o privilégio de concentrar regiões de relevante interesse econômico e paisagístico, como a Serra da Canastra, o Complexo do Espinhaço, a Serra da Mantiqueira e o maior complexo brasileiro de grutas derivadas de rochas calcárias. É justamente nesse cenário que se registra uma das mais significativas casuísticas ufológicas de todo o planeta. Tal repertório de ocorrências é espantoso e vai muito além de meros avistamentos de UFOs. Ao contrário, conta com uma grande quantidade de perseguições a pessoas e veículos, pousos de naves com evidências físicas e abduções por alienígenas. São em geral casos bem investigados, que compõe a história da Ufologia Brasileira. Embora a maioria das ocorrências ufológicas em Minas seja composta de simples avistamentos, como em qualquer lugar do mundo, existe no Estado uma série de casos que também foram bem documentados e incluem interessantes filmagens e fotos, mas que não são de conhecimento público.
Tais fatos são totalmente desconhecidos, inclusive dos ufólogos, por constarem de relatórios oficiais e secretos, guardados a sete chaves nos arquivos militares. Seu registro apenas confirma a suspeita, bastante óbvia, de que as autoridades não desconhecem a atividade alienígena no interior de Minas Gerais, especialmente diante de tantas evidências. Ora, o Estado é totalmente coberto por radares e repleto de quartéis do Exército e da Aeronáutica, instituições que não iriam descuidar de sua missão de patrulhar nosso território e zelar por sua soberania.
Operações Sigilosas — Neste texto apresentamos a descrição de alguns dos casos que foram registrados e mantidos em sigilo pelas autoridades militares mineiras. A narrativa de tais acontecimentos está sendo feita com base em determinados relatórios oficiais, suprimindo-se os nomes dos envolvidos nas ocorrências e outros detalhes, que, se publicados, comprometeriam nossa fonte militar. Um dos episódios mais impressionantes que chegou ao nosso conhecimento deu-se em meados de 1988 e envolveu diversas aeronaves e o serviço de controle de tráfego aéreo de Belo Horizonte. Ao anoitecer, tripulantes de um avião da Nordeste Linhas Aéreas (NLA), que procedia de Ipatinga com destino ao Aeroporto da Pampulha, na capital mineira, reportaram estar avistando uma luz intensa sobre a Serra da Piedade, localizada no município de Caetés, próximo ao destino do vôo. A estranha luz já havia sido observada pelos operadores de tráfego da Torre de Controle do Aeroporto de Confins, também na capital, e tinha sido identificada pelo radar do Controle de Aproximação como um objeto real, sólido, já reportado por outras aeronaves que sobrevoavam a região.
Nesse instante, o comandante de um Tucano T-27, da Força Aérea Brasileira (FAB), que decolava do Aeroporto da Pampulha com destino ao aeródromo militar de Lagoa Santa, ouviu a conversa entre os controladores de vôo e os pilotos da NLA, e informou ao controle de tráfego aéreo que iria se dirigir àquela área a fim de observar o evento. Ao se aproximar do local, o piloto da FAB informou aos controladores que estava avistando um enorme disco voador, maior que um Boeing 747. Disse ainda que iria voar em torno do objeto para fotografá-lo, pois estava com uma câmera a bordo. Depois disso, o piloto seguiu para pouso em Lagoa Santa. Tão logo aterrissou naquela localidade, o militar teve seu equipamento fotográfico apreendido por seus superiores, que remeteram o material para destino ignorado – certamente o Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra), em Brasília.
Outro fato extremamente significativo ocorreu em maio de 1995, por volta das 19:30 h, hora local. Pilotos de uma aeronave Fokker 27, da companhia Brasil Central, reportaram ao Centro de Controle de Tráfego Aéreo a existência de um UFO logo abaixo de sua posição. O objeto encontrava-se parado sobre a Lagoa dos Ingleses, próxima a Belo Horizonte, e tinha forma circular, comum aos discos voadores. Além disso, nenhum outro dado foi adicionado ao seu relatório. No entanto, os casos continuaram a ser registrados pelos militares mineiros. Em 28 de setembro do mesmo ano, por volta da 01:00 h da madrugada, um capitão da FAB telefonou para a sala de operações de tráfego aéreo de Belo Horizonte informando estar avistando um objeto voador não identificado nos céus de Formiga, pequeno município à cerca de 180 km da capital.
Imenso farol — O fato também foi testemunhado por diversas pessoas, que estavam com o referido militar em uma festa na casa de familiares. De acordo com ele, todos ficaram muito assustados ao avistar as evoluções da nave, que chegou a tocar a água da represa local e parar sobre ela. O UFO foi descrito como tendo uma luz muito forte, variando entre as cores vermelha, azul, laranja e branca, embora não tenham sido observados detalhes de sua estrutura. Segundo informações das testemunhas, o tempo estava bom, com céu límpido e estrelado.
Em determinado dia de novembro de 1995, por volta das 19:30 h, o piloto de uma aeronave Beechcraft 200, procedente de São Paulo com destino ao Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, aproximou-se de seu destino informando estar sendo seguido por um disco voador. O avião ingressou no que se chama de terminal, rumando para a capital mineira e tendo em sua retaguarda um imenso farol. No entanto, não havia nenhum tráfego conhecido pelo controle de vôo naquele setor. O piloto da referida aeronave, muito nervoso, permaneceu avistando a dita luz durante todo o percurso, praticamente até o pouso em Pampulha. Este aeroporto parece estar sempre envolvido nos acontecimentos mineiros. Em uma madrugada de janeiro de 1996, por volta das 04:00 h, funcionários da Infraero que lá trabalhavam avistaram outro objeto não identificado cortar os céus de Belo Horizonte, passando bem acima do aeroporto. Segundo o relato das testemunhas, emitia luzes coloridas e se tratava, com ce
rteza, de um verdadeiro UFO.
No dia 23 de fevereiro do mesmo ano, às 18:00 h, após já ter ocorrido o alardeado incidente de Varginha, o senhor Joaquim, residente em Belo Horizonte, telefonou para a torre de controle de tráfego aéreo e informou estar observando, juntamente com sua esposa, um estranho objeto bem grande, acompanhado por um outro menor, sobre seu bairro. O avistamento durou aproximadamente uma hora. O UFO possuía aparência fusiforme, maior do que um Boeing 737, com movimentos lentos e uma forte luz amarelada. Segundo sua descrição: “Era como um caju acompanhado de sua semente, o objeto menor”. Na ocasião do incidente, o céu estava semi-encoberto, mas com boa visibilidade. Joaquim não possui conhecimentos técnicos sobre o assunto e esta foi a primeira vez que observou um fenômeno ufológico.
O interessante deste fato é que, cerca de três meses antes, um objeto semelhante havia sido observado sobre o Bairro Betânia, também na capital mineira. Três dias depois do relatado por este senhor, o comandante de um vôo da VASP, que seguia do Aeroporto de Confins com destino ao de Guarulhos, em São Paulo, logo após sua decolagem, reportou estar avistando um “tráfego desconhecido na posição duas horas”. No jargão aeronáutico, tratava-se de um objeto não identificado ligeiramente à direita da aeronave. O referido tráfego não era do conhecimento dos controladores de vôo e não fôra detectado pelo radar do Controle de Aproximação de Belo Horizonte. O UFO foi descrito apenas como uma forte luz de cor branco-azulada. No dia seguinte, 27 de fevereiro, o comandante de um vôo da TAM, procedente de São Paulo com destino ao Aeroporto de Pampulha, reportou durante sua aterrissagem estar avistando uma luz forte semelhante a uma estrela brilhante, que se deslocava próxima ao seu avião. Nessa ocasião, os controladores de vôo só estavam detectando em seu radar a aeronave da TAM, desconhecendo qualquer outro tráfego no setor. Isso quer dizer que, neste caso, assim como em muitos outros, o UFO não pôde ser detectado pelos instrumentos de controle de vôo, o que torna o fenômeno ainda mais intrigante.
É errado achar que devemos depender da ajuda do governo para resolver o problema dos UFOs
– Ubirajara F. Rodrigues
Tráfego Desconhecido — Mais recentemente, em dado dia de janeiro de 1998, por volta das 23:00 h, uma aeronave da Total Linhas Aéreas, que seguia de Belo Horizonte para o Rio de Janeiro, informou ao Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo 1 (Cindacta) estar avistando mais um tráfego desconhecido em sua proa, efetuando evoluções e piscando luzes brancas. “Trata-se provavelmente de um UFO”, afirmou o comandante da aeronave. Quase um ano depois, num final de tarde de fevereiro de 1999, entre 18:00 e 19:00 h, diversas pessoas, entre elas um piloto particular, telefonaram para o Controle de Tráfego Aéreo de Belo Horizonte para informar estarem observando um disco voador sobre o Morro Santa Helena, em Sete Lagoas, município vizinho. O objeto emitia uma luz muito forte e não se parecia com nenhuma estrela ou planeta. A intensidade de sua luminosidade era muito superior a do planeta Vênus e o objeto mais uma vez não foi captado pelo radar local.
Os fatos aqui narrados são apenas alguns dos muitos registrados pelos militares que controlam o tráfego aéreo em Minas Gerais, como ocorre em todo o Brasil. Servem para ilustrar como é vasta a casuística ufológica mineira, que não passa despercebida pelas autoridades competentes. O fato de estarem sendo mantidos em sigilo, no entanto, não impede ou obstrui o trabalho dos ufólogos civis, que devem continuar seu trabalho de investigação. Seria imprescindível que as autoridades disponibilizassem seus arquivos para que fossem somados aos dos ufólogos, mas isso provavelmente não acontecerá tão cedo.
De qualquer maneira, como o advogado mineiro Ubirajara Rodrigues afirma em sua obra Na Pista dos UFOs [Biblioteca UFO, LV-05], é errado achar que devemos depender da ajuda do governo para resolver o problema dos UFOs. Como também não é correto desprezar a casuística ufológica ou mesmo superestimá-la para encontrarmos a solução deste enigma. Mas é óbvio que a ajuda oficial contribuiria sobremaneira para isso. É necessário continuarmos a registrar os casos ufológicos, recentes ou antigos, ainda que se tratem de simples observações, a fim de estabelecermos padrões de comportamento do fenômeno e conceitos que criem a epistemologia e definam a metodologia de abordagem para as ocorrências envolvendo discos voadores e seres alienígenas. Somente assim estaremos estabelecendo, de fato, uma ciência ufológica.