A primeira missão européia à Lua vai acabar numa colisão e nuvem de poeira neste domingo, encerrando uma viagem de três anos que reuniu dados sobre a superfície lunar e testou um novo tipo de motor espacial. A sonda Smart-1, da Agência Espacial Européia (ESA) deverá atingir o alvo e se autodestruir no choque com uma planície vulcânica chamada lago da Excelência às 02h41 da madrugada – horário de Brasília -, com a aproximação final a 7.200 km/h.
Observatórios na Terra tentarão capturar imagens do impacto e da nuvem de destroços. Cientistas esperam que a nuvem forneça informações sobre a composição mineral da área atingida. Antes mesmo do final da missão, porém, a ESA já comemora o sucesso do objetivo principal da Smart-1, o teste do motor iônico que, esperam os cientistas, será utilizado em missões futuras a outros planetas, como a BepiColombo, uma iniciativa conjunta com a Agência Espacial Japonesa (Jaxa) para explora Mercúrio, prevista para 2013.
“O objetivo prioritário desta missão era testar a propulsão de íon”, diz o gerente da missão, Gerhard Schwehm. “É um método muito eficiente de fazer uma nave espacial percorrer grandes distâncias com uma pequena massa de combustível. Funcionou muito bem”. Em vez de queimar combustível de foguete, o motor PPS-1350 da empresa francesa Snecma gera um fluxo de átomos eletricamente carregados, os íons. Isso produz uma quantidade minúscula de impulso – o suficiente para sustentar o peso de um cartão postal.
Esse impulso, no entanto, é contínuo, diferente do foguete tradicional, que queima o combustível em súbitas explosões de energia. Viajando com o motor iônico, a Smart-1 levou 14 meses para chegar à Lua, depois de ter sido colocada em órbita da Terra por um foguete Ariane-5. Em contraste, a nave americana Apollo 11 levou 76 horas para atingir órbita lunar em 1969.
Mas, uma vez no espaço, a Smart-1 só usou 80 kg de combustível. A sonda européia reuniu informações importantes sobre a Lua. Seus sensores de infravermelho e raios-X sondaram a composição mineral da superfície lunar. A nave também tirou diversas fotografias em alta resolução da Lua. Se a nuvem de poeira levantada pelo impacto da Smart-1 se elevar a mais de 20 km de altitude e atingir a luz do Sol, ela poderá aparecer como um ponto brilhante em contraste com a escuridão do céu, visível com o uso de um telescópio amador ou binóculos. A Lua estará visível, no momento do impacto, a partir das Américas e do Pacífico Leste, mas não da Europa.