CRÍTICAS DE FERNANDO CLETO NUNES PEREIRA À REVISTA UFO 33
Lamento ter encontrado na UFO 33 um exemplar tipicamente comercial, que promove a importação do sensacionalismo estrangeiro tão prejudicial a pesquisa séria da Ufologia no Brasil. Parece coisa de Hollywood! Até compreenderia que alguns artigos fossem publicados com objetivo manter os leitores informados sobre “estórias” mentirosas contadas no exterior. Mas não: as matérias foram estampadas com o integral apoio da revista, o que me espantou. Como é possível divulgar tantas fantasias sem nenhum objetivo construtivo? Mais surpreendente ainda foi o registro imperdoável do editor de UFO, admitindo que nossas forças armadas escondem fatos importantes da nação. A verdade é que todos os nossos ministros militares, desde 1954, quando em suas gestões se viram envolvidos com UFOs, pronunciaram-se publicamente confirmando os fatos.
O editor considera verdadeiro que os UFOs sofram acidentes fatais e que são resgatados e escondidos por militares. Gostaria de conhecer um só caso confirmado em qualquer parte do mundo. Noutro trecho da revista, está estampada a irresponsabilidade do articulista quando este escreve que “trabalhou para o governo pesquisando UFOs secretamente, resgatando naves acidentadas e cadáveres de ETs, e até testando os que não se estragaram nas quedas”. Mais à frente, a revista publica que “…outros agentes apresentaram-se diretamente em redes de TVs, com rostos e vozes camuflados, utilizando codinomes como ‘Falcon’ ou ‘Condor’”. Assisti ocasionalmente parte de um desses programas na televisão e fiquei espantado com tanta falta de dignidade das emissoras que participaram da farsa em busca de audiência.
O editor de UFO ainda teve a coragem de publicar que “…outros agentes foram confirmados como portadores de uma quantidade de informações sobre UFOs que simplesmente transcende”. Depois, o editor fala de Milton Cooper, que como oficial da Marinha dos EUA declarou coisas que íam desde o resgate de ETs em UFOs acidentados e autópsias em seus corpos até o contato oficial entre o presidente dos EUA e uma comitiva de alienígenas na Base Aérea de Edwards, na Califórnia. É possível acreditar que algum ufólogo que se preze aceite esse tipo de informação? O que estará ocorrendo com a Revista UFO? O que se ganhou com falcons, condors ou com o tal marinheiro? Mas tem mais: ainda são mencionados, com o total apoio da revista, trechos mais absurdos. Um deles é de que “…depois disso, muitos outros agentes vieram a público, com mais embasamento, mais provas e maior credibilidade. Um desses personagens foi o piloto de provas da USAF, John Lear”. Oras, o grande título de Lear é apenas ser o filho do dono da Learjet Corporation, ou seja, um comerciante. Qual o motivo da credibilidade de tal piloto? Se considerarmos suas declarações de que o governo dos EUA possui diversos UFOs acidentados e resgatados intactos, já ficamos de pé atrás…
Nesta esteira de absurdos publicados em UFO, surge um inacreditável físico chamado Bob Lazar, “…que garantiu não só ter visto UFOs na Base Aérea de Nellis, mas também ter trabalhado sob contrato para descobrir seu funcionamento, que teria como combustível um material com número atômico 115”. Pergunto ao editor: para onde caminha o grande CBPDV? UFO ainda apoia outro caso fantástico de um sargento chamado Robert O. Dean, aposentado, mas que teria prestado serviços na OTAN. Quero também ressaltar que é de estarrecer a declaração de que a Revista UFO pretende também alinhar-se ao movimento ufológico mundial, que neste momento está forçando os mais diversos governos a contarem o que sabem. Segundo UFO, o Brasil também se inclui nesta categoria de países. Onde o editor está com a cabeça?
No Brasil, os militares sabem muito menos sobre UFOs do que os civis. A investigação da 4ª Zona Aérea, mencionada na referida edição, foi por inteira posta à minha disposição para ler ou copiar. É preciso acabar com esta paranóia de que os militares brasileiros escondem informações. O que nossos militares não querem é ser envolvidos em pesquisas controvertidas, com grupos em desalinho ou gente capaz de inventar estórias como as que estou criticando. Não querem e nem podem se envolver com posições ridículas repelidas pelo público. Nossas forças armadas não possuem cadáveres de ETs, nem UFOs resgatados e escondidos, nem oficiais pilotando discos voadores ou promovendo encontro de presidente brasileiro com seres alienígenas.
Já é hora de deixarmos o sensacionalismo comercial em favor de coisas que podem ser relatadas ou documentadas com seriedade. Basta considerar que os arquivos de muitos ufólogos brasileiros ou seus grupos são bem mais expressivos e ricos em documentação do que os imaginários arquivos de nossos militares sobre UFOs. No entanto, nenhum ufólogo brasileiro já foi incomodado por representantes de nossas forças armadas em busca da documentação das centenas de casos importantes que possuem. E sabem por quê? Porque não existe nenhuma comissão no governo brasileiro estudando os objetos aéreos não identificados.
Fernando Cleto Nunes Pereira,
Rua Tonelero 248/1002, Copacabana, CEP 22030-000
Rio de Janeiro (RJ)
RESPOSTAS DO EDITOR DE UFO ÀS CRÍTICAS DE FERNANDO CLETO NUNES PEREIRA
Fernando Cleto é um dos grandes pioneiros da Ufologia Brasileira, reconhecido nacionalmente como um estudioso que passou a interessar-se pelo Fenômeno UFO há mais de 40 anos, participando ativamente do estágio embrionário dessa disciplina em nosso país e acompanhando o calor das discussões internacionais sobre o assunto. É autor de alguns livros notáveis, entre eles A Bíblia e os Discos Voadores e Sinais Estranhos, ambos interessantes e até reveladores. Assim, por ser o remetente da carta quem é, decidimos ocupar a seção de cartas dessa edição para veicularmos quase a totalidade de sua missiva à Revista UFO, ao lado de uma resposta o mais esclarecedora possível para suas dúvidas e críticas. Agindo assim, esperamos que todos os leitores também tenham algumas de suas dúvidas sobre o mesmo assunto respondidas.
Não julgamos as coisas da mesma forma que Fernando Cleto. UFO pode ser acusada de tudo, exceto de ser uma publicação comercial, pois qualquer pessoa ligada ao mercado editorial brasileiro se assombra ao ver como a revista sobrevive sem anúncios comerciais, produzida quase artesanalmente em Campo Grande, sem verbas, sem recursos, sem apoio. E se ela consegue sobreviver assim é porque é aprovada por seus leitores, que vêem em edições como a UFO 33, criticada pelo remetente, mais uma tentativa nossa de levarmos o maior volume de informações possível a todos os que se interessam por Ufologia no Brasil. Quanto às nossas forças armadas, insistimos que elas escondem vergonhosamente o que sabem, compactuam com grandes nações nessas manobras e não mudarão tão cedo de posicionamento. Eu próprio já fui ameaçado por um oficial da 4ª Zona Aérea Regional quanto à divulgação de material relativo às pesquisas da FAB sobre UFOs. A ameaça foi dura mas não comoveu: publiquei tudo o que descobrimos em UFO – na íntegra – e ainda repeti a dose em várias outras edições! Como exemplo, basta que se leia a matéria sobre UFOs em Presidente Prudente, desta edição.
Nossa redação ficou estarrecida ao ver que um pioneiro do porte de Fernando Cleto não acredita nas quedas de UFOs e resgate de tripulantes. É o equivalente a dizer que o trabalho de centenas de experientes ufólogos e milhares de horas de pesquisa são completa perda de tempo. Oras, o Caso Roswell é o mais bem documentado caso de UFO em todo o mundo! Negar essa realidade é tentar tapar o sol com uma peneira. E uma pessoa excepcionalmente bem informada, como o remetente, não poderia desconhecer o peso e a diversidade das evidências de várias das quedas de UFOs que já ocorreram.
Quanto aos agentes disfarçados como Falcon e Condor, subentende-se que, quando foram às estações de TV não chegaram lá, simplesmente, apresentando-se como ex-agentes e pedindo para aparecem no ar… Um delicado, meticuloso e demorado trabalho de aproximação envolveu sua apresentação nas redes ABC e NBC (entre outras). E é evidente que quando afirmaram ser o que eram, tiveram suas vidas examinadas de ponta-aponta, para se determinar se de fato eram ou não farsantes. Algumas redes de TVs contrataram detetives para descobrir se essas pessoas eram mesmo quem diziam ser. Ninguém os aceitou simplesmente por acharem suas histórias interessantes! Aliás, o comportamento da mídia nos EUA é o contrário do que Fernando Cleto imagina: em vez de alardearem a veracidade de um caso ufológico, as redes de TV esforçam-se mesmo é para contestar as afirmações de ufólogos e testemunhas, desacreditando-as e ridicularizando-as. Nunca o contrário!
A posição da Revista UFO é clara e permanece a mesma: insistimos no fato de que nossas forças armadas escondem vergonhosamente o que sabem sobre o Fenômeno UFO, compactuando com grandes nações nessas manobras. E não acreditamos que mudarão seu posicionamento tão cedo, comunicando os fatos ao público – que, no fim das contas, é quem deve conhecer a verdade!
E achamos plenamente possível se aceitar essas informações, desde que se saiba de onde provêm. Foi isso que UFO fez: ter certeza de onde vinham as informações, quem as garantia, quem as checou antes de nós, a que resultado se chegou sobre elas etc. Nunca publicamos nada sem que tivéssemos certeza de procedência. Mais de 30 especialistas em várias áreas da Medicina já vieram a público para dizer que foram convocados pelo governo dos EUA para autopsiarem ETs resgatados em UFOs acidentados. Suas informações batem com as dos ex-agentes que resolveram falar o que sabiam. Baseados nessas declarações, grupos de Ufologia usaram a Lei de Liberdade de Informações para pressionarem o governo e conseguiram documentos que confirmam tudo o que os médicos e os ex-agentes falaram.
As evidências são tantas e tão claras que nenhum ufólogo que tome contato com elas pode ignorá-las ou menosprezá-las. O que se ganhou com falcons, condors ou com o tal marinheiro é óbvio: foram eles que deram o pontapé inicial para que isso tudo ocorresse. Foi sua coragem que deflagrou um movimento mundial que agora não pode mais ser detido. E mais: achamos que ser herdeiro e sucessor na maior fábrica de jatos privados do mundo significa que o sujeito tenha bastante reputação. Mas não é só isso que conta: John Lear foi um dos pilotos de provas que mais voou diferentes modelos de aeronaves em toda a história da Força Aérea dos EUA. Ele testou pessoalmente grandes armas de guerra, operou em manobras militares sobre regiões inimigas centenas de vezes – é, portanto, uma pessoa excepcionalmente bem informada sobre Aeronáutica. Lear não tem a mínima razão para querer inventar coisas: é milionário, detesta a notoriedade e a fama e sua família foi ameaçada quando passou a falar as coisas. Sequer se dá ao trabalho de ir aos insistentes congressos mundiais de Ufologia que acontecem em Las Vegas, onde mora. Não conheço um único ufólogo nos EUA, entre os mais reputados, que não nutra por Lear uma grande admiração por sua coragem.
Já Bob Lazar teve suas credenciais checadas pessoalmente por George Knapp, de uma rede de TV norte-americana, e esse garantiu que Lazar é de fato quem afirma ser. Knapp, para quem não conhece, é um dos mais bem sucedidos empresários em seu ramo, com reputação respeitada até por presidentes e secretários de Estado. E ele teve a paciência de analisar cada uma das referências que Lazar deu sobre sua vida e seu emprego na base super-secreta de Nellis. Para se ter mais uma idéia, a punição para quem pisar dentro dos limites de Nellis pode chegar a 1 ano de cadeia, 5 mil dólares de multa ou ambas as coisas! Quanto a Robert O. Dean, informamos logo de imediato que ele foi um dos principais alicerces da Aerial Phenomena Research Organization (APRO), a primeira instituição de pesquisas ufológicas do mundo, que praticamente deflagrou as discussões oficiais sobre Ufologia. Dean é, há décadas consecutivas, umas das personalidades mais reconhecidas e respeitadas do mundo ufológico internacional. O que um homem desse quilate fala deve ser ouvido com muita atenção!
Quanto ao que escondem nossos militares, ninguém, em momento algum, na UFO, disse que tinham cadáver de ETs, pilotavam UFOs resgatados ou marcavam encontros de ETs com presidentes. O que dissemos – e já provamos várias vezes provamos – é que nossos militares realizaram operações de pesquisas, erigiram comissões semi ou totalmente confidenciais e escondem suas descobertas do público. Aliás, tais descobertas só foram tornadas públicas, até hoje, através da Revista UFO! Foi a UFO que publicou escancaradamente, por exemplo, a criação e o funcionamento do Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (SIOANI), um órgão da FAB para pesquisas ufológicas, estabelecido em 1969 e com ramificações em todo o Brasil. Foi a UFO, também, a única revista que tornou públicas as manobras de militares da FAB em Belém e outras regiões da floresta amazônica, na chamada Operação Prato. Esta operação tinha o objetivo secreto de coletar informações junto às populações ribeirinhas da Amazônia, pesquisar e fotografar UFOs e – se possível – até contactá-los.
As centenas de registros de casos ufológicos do SIOANI e da Operação Prato estão hoje de posse de autoridades da Força Aérea dos EUA, para quem o Brasil é grande fornecedor de matéria-prima ufológica, ao lado de outros países de 3° e 4° mundos, que dão o que os EUA pedem em troca de seus favores. Eu mesmo vi alguns desses registros em documentos da USAF, nas mãos de ufólogos norte-americanos que os arrancaram de dentro de alguns quartéis por força da já citada Lei de Liberdade de Informações.
Quanto aos cadáveres de ETs autopsiados, UFOs resgatados que são pilotados por azes e os encontros de ETs com presidentes, isso tudo de fato ocorreu e duvido que os presidentes e chefes de Estado das principais nações do mundo – inclusive o Brasil – não tenham sido informados a respeito pelos militares dos EUA. É a tal troca de favores: o Brasil, por não ter recursos (e nem grande interesse), faz apenas a coleta de informações e as envia para processamento nos EUA, que volta e meia, em troca, envia relatórios pasteurizados e resumidos de tudo isso.
Por fim, como pode alguém imaginar que os ufólogos brasileiros, geralmente pobres e repletos de problemas pessoais de ordem familiar e profissional, possam ter mais material informativo sobre UFOs do que nossos militares, que têm os meios de transporte, as instalações, os laboratórios, os meios de comunicação, os profissionais e os recursos para efetuar a coleta de dados sobre ocorrências de UFOs em nosso país? É ingenuidade em excesso achar que apenas o (fantástico) talento e a força de vontade de nosso “batalhão” de ufólogos seja superior ao poder de nossos militares que, bem ou mau pagos, mas equipados com o que necessitarem, tendo a mão tudo que precisam, conseguem obter informações sobre UFOs de maneira imensamente mais organizada, documentada e abrangente. Eu é que pergunto: onde é que nosso pioneiro Fernando Cleto está com a cabeça? Sugiro que leia algumas edições anteriores de UFO, onde publicamos detalhes de cada tópico aqui tratado e de vários outros assuntos. No caso do artigo sobre UFOs sobre Presidente Prudente, dessa edição, 2 dos 22 operadores da torre de controle do aeroporto local nos relataram fatos extraordinários sobre registros oficiais de UFOs.
Esses profissionais têm dezenas de informações catalogadas, bem documentadas, registradas em radar e outros equipamentos. Oras, se apenas esses 2 profissionais sabem de tudo isso, o que não saberão, em conjunto, todos os 22? E o que não saberão as centenas de profissionais que trabalham no controle do tráfego aéreo de um aeroporto como o Internacional de São Paulo, por exemplo? O que já não terão registrado? Agora, tentemos imaginar o que o conjunto de aeroportos, bases aéreas e outras instalações militares ligadas à Aeronáutica brasileira não devem ter de registros sobre UFOs? Como pode esse montante de informações ser inferior ao que os ufólogos brasileiros possuem, se esses mal têm tempo, recursos, formação adequada, meios de transporte etc para “fazerem” Ufologia — e o fazem normalmente em fins-de-semana e feriados?