Em um dia de 1984 recebi um telefonema do amigo e irmão A. J. Gevaerd, o que não era uma novidade, mas que naquela oportunidade se revestia de algo mais do que especial. O objetivo da ligação era fazer um convite para que eu me incorporasse e fosse um dos articulistas da nova revista que ele lançaria, aUfologia Nacional & Internacional, que mais tarde se transformaria na nossa atual UFO. É claro que não precisei pensar muito para dar a resposta e prontamente aceitei o convite, pois a pretensão de termos uma revista nacional inteiramente feita por ufólogos era mais do que um sonho de seu futuro editor. Assim, tenho muito orgulho de ter estado neste projeto desde seu início, há 30 anos, e não foi por acaso que o primeiro artigo da publicação teve a minha assinatura — a revista foi apresentada à Ufologia Brasileira em um evento que promovi para centenas de pessoas na Academia Brasileira de Letras (ABL), no Rio de Janeiro.
Mas não resta dúvida de que foi já com o nome UFO que o projeto de uma revista ufológica de responsabilidade editorial exclusiva dos ufólogos atingiu o nível que havia inspirado seu editor e todos os que participaram da ideia desde seus primeiros dias. Hoje, falar da importância da publicação é como tratar do amadurecimento da Ufologia Brasileira e, por que não dizer, da evolução do próprio movimento ufológico mundial.
Todos sabemos que a solidificação da Ufologia Brasileira e a trajetória da nossa UFO são fatos interligados e estão intimamente relacionados ao estudo, debate e divulgação dos acontecimentos ufológicos mais importantes, os nossos clássicos — que sempre foram prioridade para a publicação. O primeiro deles, marco do envolvimento da área militar brasileira com a pesquisa ufológica, foi o Caso Ilha da Trindade, que envolveu o avistamento e documentação fotográfica de uma nave de forma discoide pela tripulação do navio Almirante Saldanha, da nossa Marinha de Guerra. O episódio continua a ser destaque até na mídia internacional, tendo como inspiração justamente as matérias publicadas na UFO.
A Revista UFO participou ativamente dos principais momentos da Ufologia Brasileira nestes 30 anos, e não apenas divulgando acontecimentos que a marcaram, como também descobrindo novos fatos e personagens e investigando-os ou entrevistando-os
As investigações oficiais da Força Aérea Brasileira (FAB) que documentaram, por meio da ação dos militares do I Comando Aéreo Regional (COMAR I), a presença insistente de naves e sondas alienígenas na Amazônia foi outro momento fundamental na história da Ufologia Brasileira, e intensamente tratada na UFO.E a revista não foi responsável apenas pela divulgação dos relatórios redigidos pelos militares e fotos da chamada Operação Prato que haviam vazado nos anos 90. Quebrando o sigilo sobre o tema, UFO chegou a entrevistar o próprio comandante daquela missão militar, o coronel Uyrangê Hollanda, fazendo ampla divulgação do assunto e tornando a entrevista base para programas da mídia nacional e internacional, até hoje.
Outro caso de grande impacto, e que também contou com a participação desta revista, foi a chamada Noite Oficial dos UFOs no Brasil, de 19 de maio de 1986, quando 21 objetos foram detectados pelos radares da defesa aérea e perseguidos por nossos caças militares. O fato propiciou ampla popularização da Ufologia, confirmada pela iniciativa pioneira do então ministro da Aeronáutica, brigadeiro Octávio Júlio Moreira Lima, de prestar inéditos esclarecimentos dos fatos à Nação. Pois ele concedeu — e por duas vezes — entrevista à nossa UFO.
Outro momento especial da história da Ufologia Brasileira que contou com a participação da revista foi o Caso Varginha, um divisor de águas em nossa jornada. Ocorrido em meio a uma grande onda ufológica, em 1996, o acontecimento movimentou e uniu expressiva parcela dos pesquisadores e teve ampla cobertura da mídia nacional e internacional. E como não poderia deixar de ser, o episódio figurou desde os seus primeiros instantes em inúmeras edições da UFO.
A investigação e divulgação desses casos pela revista não só constituem a base do edifício que construímos nas últimas décadas como ainda hoje merecem atenção especial por parte do meio ufológico do país, agora através da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), por meio da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já. Com seus insistentes pedidos ao Ministério da Defesa e, por consequência, às nossas Forças Armadas, estamos trabalhando para que finalmente todos os documentos sobre UFOs no país sejam liberados, no cumprimento da atual legislação. E isso também é obra da nossa querida revista.