por Rogério Chola
Liberdade, responsabilidade e ingenuidade
Existem ocasiões em que escutamos certos termos, mas não fazemos idéia de seu significado. Assim é também com o termo “ombudsman”, esta palavra de origem sueca que significa “representante do cidadão”. Na imprensa, o termo é utilizado para designar o representante dos leitores frente a uma publicação, atuando como um crítico interno a partir das queixas que recebe dos leitores, melhorando a qualidade da publicação, apontando os erros e excessos e sugerindo formas de corrigi-los. A função está no meio do caminho entre a publicação e o leitor, apresentando ao primeiro as falhas e arbitrariedades apontadas pelo segundo.
A pressa com que é feita a Revista UFO a condena a uma certa dose de erros e distorções, que podem ser considerados como uma boa desculpa e assim eximir a publicação de dar explicações ao público. O leitor sabe que isto não é verdade e nem deve ser assim. Daí a delicada situação em que se encontra este colunista. Como já disse o jornalista Caio Túlio Costa, que foi um dos grandes ombudsmen do Brasil, e com o qual tive a honra de trabalhar: “Para assumir essa função, é preciso ser um pouco ingênuo”. Tenho que concordar com ele, pois sem uma dose de ingenuidade não há como realizar uma análise imparcial e impessoal. Para cumprir esta tarefa, é necessário ter total independência e autonomia para investigar, questionar, colher opiniões e apresentar soluções. Agradeço a todos os que me incentivaram para que assumisse o posto. E a você, caro leitor, minha ingenuidade está à sua disposição.
Embora não seja uma publicação científica, UFO possui o dever de publicar informações de forma confiável, transmitindo uma visão objetiva e imparcial dos fatos. Uma modesta publicação que começou de maneira simplória e primária, e que se transformou no único veículo de divulgação nacional do Fenômeno UFO a se manter por tanto tempo, deve assumir de vez uma posição de seriedade e profissionalismo. UFO é formadora de opinião e, assim, responsável pelos velhos, atuais e futuros paradigmas que ditarão o destino da Ufologia.
Quanto à edição 107, tenho as seguintes considerações. Primeiro, a chamada da matéria Lua: Novos Mistérios São Revelados não corresponde à realidade, pois, afinal, que novos mistérios foram revelados? As imagens publicadas sempre estiveram disponíveis e não confirmam que existem ou existiram ETs na Lua além de nós mesmos, os terráqueos – que naquele ambiente somos os alienígenas. Desde que a NASA criou um site na internet para descarregar as informações de todas as suas missões espaciais, os dados estão à disposição para qualquer um. Tudo bem que se pode argumentar que a agência espacial faz uma “maquiagem” de dados, mas como exatamente saber o que é ou não maquiado? Como uma entidade pública emitiria dados dúbios, que somente criariam um clima de desconfiança contra ela mesma? Também é óbvio que muitas fotos mostram objetos anômalos que não puderam ser explicados adequadamente, mas daí a se afirmar algo com convicção já é um grave problema de conclusão. Aliás, algo repetitivo e cansativo dentro da Ufologia.
Lembro que nem tudo que não pode ser explicado pode ser considerado um fenômeno ufológico. O início da exploração espacial foi um aprendizado para todos, e ainda está sendo. Basta ver as atuais imagens de Marte, que desafiam os astrogeofísicos que passaram anos estudando e ainda têm dificuldade em interpretar os dados. Ainda sobre a UFO 107, a “conversa franca” com o grupo 14 Bis me pareceu ter sido bem conduzida, embora algumas das respostas da banda soaram bem ingênuas. Destaco a frase “… um planeta de sonhos, mesmo que a humanidade não esteja mais nele”. Ora, se não houver mais humanidade, quem vai sonhar? Os alienígenas? Na mesma matéria, outro integrante diz que a Serra de Ibitipoca (MG) é “…mágica, porque, se você seguir para o sul, vai sair em São Tomé das Letras”. E daí? O que isto realmente significa?
Sobre as quedas de UFOs, tudo bem se entendermos que a expressão UFO, a princípio, indica apenas um objeto voador que não pôde ser adequadamente identificado. O fato pode estar relacionado, por exemplo, à atividade experimental de aeronaves militares, à queda de lixo espacial e a tantas outras hipóteses que não podem ser deixadas de lado numa análise científica. Um ponto importante da edição é a matéria sobre o depoimento da médica Wellaide Cecim Carvalho. Ele é interessante desde que tanto a protagonista quanto o que ela declara forem confirmados de alguma forma. Já tivemos outros casos de declarações bombásticas que depois se desmancharam em mentiras. Continuar e aprofundar a pesquisa neste caso é recomendável e, por favor, conclusões e atualizações a respeito serão bem-vindas. O leitor agradece!
Por fim, a matéria O Mito da Existência de Vida em Marte reúne todo o sincretismo que já foi dito sobre o Planeta Vermelho, mostrando como a mente humana é apta a criar, manter e principalmente alimentar mitos e lendas. Lembro que não é só Marte que teria sido habitado por “seres dimensionais”, “espirituais” etc. Na mesma categoria já se criaram habitantes assim para Júpiter, Vênus, Urano etc. Até o Sol já foi considerado o lar de criaturas ditas dimensionais. Só resta saber porquê um ser dimensional necessitaria de um planeta físico e sólido para habitar…