por Carlos A. Reis
Visão limitada e ingênua
De imediato respondo ao leitor Sidney Louveira, que teve uma carta publicada na seção Busca de Respostas da edição 103. Eu o faço apenas porque ele enviou sua carta diretamente ao ombudsman, além da própria Revista Ufo, onde ela acabou sendo publicada. Causou-me surpresa uma manifestação vinda da área militar, na qual observo uma visão limitada e ingênua. A argumentação de Louveira apresenta falhas e equívocos. Seu primeiro engano foi achar que estou “mais perdido que cachorro em dia de mudança”, ou que esteja “inseguro e revoltado”. Sua leitura da matéria a qual comenta – Buraco Negro do Incognoscível, da edição 102 – certamente esteve aquém do nível de compreensão que poderia se esperar de um homem da sua posição, general da reserva.
Para o leitor Louveira esclareço que estou há 30 anos no meio ufológico, tendo alguma bagagem, experiência e liberdade para poder falar. Muito provavelmente o militar não deve ter lido minhas matérias em Ufo 70 e 90, com essa mesma abordagem. Não é de hoje que estou batendo a tecla de que alguma coisa precisa mudar na Ufologia para que possamos sair desse pântano imenso. O Caso Varginha, para mim, é atípico e merece muita atenção e cuidado. Mas se nem mesmo o principal investigador do caso se arrisca a falar em extraterrestres, seres alienígenas e naves espaciais em conjunção com o acontecimento, então ninguém pode fazê-lo. A ingenuidade está em antecipar-se aos fatos, achando que ETs foram capturados, mortos e “exportados” sabe-se lá para onde. Indícios não são provas, assim como suspeitas nunca podem ser tomadas como fatos conclusivos – e isso, na área militar, adquire relevância, o que deveria ser de conhecimento do leitor.
Ele também fala de uma tal relação entre a Ufologia a sociedade corrupta, que não entendi. Como também não entendi sua afirmação de que o ombudsman enfeita o pavão. Que pavão? Do que estamos falando, afinal?Mas há um ponto em que concordamos, ainda que parcialmente: o trabalho da Revista Ufo procurando difundir a fenomenologia ufológica nos quatro cantos do país é notável e digno de aplausos. Embora ainda haja muito que corrigir, seu esforço já é louvável. O dedo que a publicação colocou na ferida não fará sangrar nada, pode apostar. O que vier a público com a campanha UFOs: Liberdade de Informação Já – se vier – serão migalhas, material convenientemente embalado para viagem para satisfazer a massa ávida por “revelações”.
Espero que o general Louveira não se ofenda por tê-lo qualificado de “limitado” e “ingênuo”, porque é recíproco: se um dia eu me aventurar a discutir estratégias e táticas militares, serei tão ou mais limitado e ingênuo. Bem, é isso. Em razão do espaço dedicado à essa resposta, tenho apenas um comentário sobre a edição anterior: na minha coluna cometi um erro de diagramação que passou batido pela Redação. O trecho que fala “o índice continua omitindo algumas seções…” estava duplicado. Vale apenas a segunda menção.