As calotas polares de Marte estão diminuindo devido à incidência direta do sol no final da primavera marciana. De acordo com a Agência Espacial Norte-Americana (Nasa), o fenômeno, aliado à grande aproximação de Marte com a Terra, proporciona uma visão privilegiada de detalhes do relevo do hemisfério sul do planeta. Nas últimas semanas, Marte pode ser tão facilmente visualizado que até um telescópio caseiro pode mostrar detalhes como nuvens de pó e terrenos vulcânicos. A superfície do pólo sul marciano, composta de CO2, aparece brilhante. À medida que as calotas diminuem, vão surgindo fendas escuras com borda irregular. Segundo David Smith, cientista do Centro de Vôos Espaciais Goddard da Nasa, podem ser vistas as montanhas de Mitchell emergindo do gelo. Ao sul das montanhas, pode ser percebido um despenhadeiro batizado Rimas Australis. Também pode ser localizada a Região Enigmática, uma zona escura com largura de centenas de quilômetros. As câmeras infravermelhas da Nasa indicam que a região ficará muito fria após a diminuição do gelo na camada superior. A diminuição da camada polar pode acabar gerando água em estado líquido na superfície marciana. As calotas são compostas principalmente de CO2 que se congela durante o inverno, assim o que acontece é a passagem do estado sólido para o gasoso. O dióxido de carbono retorna à atmosfera, aumentando a pressão do ar. A atmosfera de Marte não é tão densa como a terrestre (o ponto máximo de pressão do ar marciano é 100 vezes menor que o da Terra), o que explica a passagem direta do estado sólido para gasoso. Um aumento mínimo na pressão poderia ser suficiente para gerar água em Marte. Naves da Nasa já detectaram água congelada abaixo da superfície, entretanto, água em estado líquido é rara.