
Uma ruidosa explosão chacoalhou três províncias no sul do Equador em 9 de dezembro de 1995. A onda sonora foi registrada pelos sismógrafos da Universidade de Cuenca e ouvida por milhares de pessoas nas províncias de Azuay, Canar e El Toro. Também quebrou janelas e acionou alarmes de carros na cidade de Cuenca. Pelo menos uma testemunha relatou ter visto um objeto metálico de formato cilíndrico expelindo fumaça, que caía do espaço em direção às distantes montanhas de El Cajas. Patrulhas do Exército equatoriano e da defesa civil do país foram enviadas ao local, mas os escombros e o epicentro do acidente não foram encontrados.
A possível queda de um objeto voador não identificado virou manchete na Imprensa local. Muitas hipóteses foram consideradas para explicar o fato, como por exemplo, a queda de um meteorito, de um satélite russo ou mesmo de um UFO. Essa última hipótese recebeu ampla sustentação devido aos vários relatos de avistamento de estranhas naves, agora comuns na região de El Cajas. Uma polêmica série de aparições e supostas revelações da Virgem Maria também ocorreu no vilarejo há alguns anos, quando a jovem Patrícia Talbott de 19 anos, conhecida com Pachi, atraiu milhares de fiéis católicos entre 1988 e 1990. O santuário da Virgem, porém, está localizado na entrada de El Cajas, enquanto o local da explosão estaria a uma distância de dois a três dias a pé em direção ao interior das montanhas, no Andes.
Essa era a situação quando cheguei a Quito, capital do Equador, em dezembro passado. Por ironia, estava lá para um passeio de férias quando recebi a notícia do suposto acidente, e não poderia deixar de investigar o caso. Assim, visitei Cuenca em meados de janeiro, sendo minha primeira parada no palácio do governo, onde está localizado o escritório da defesa civil equatoriana. Seu diretor na província de Azuay, doutor Marcelo Gomez, me recebeu muito cordialmente, oferecendo-me várias cópias de dossiês a respeito do fato. Também estava presente o jornalista Ilodrigo Matute, correspondente do jornal equatoriano Hoy, que cobriu mais detalhadamente o incidente.
Em toda a extensão da Cordilheira dos Andes, desde a Patagônia até a Colômbia, a incidência ufológica é marcante
Matute descreveu a explosão em um dos seus artigos no Hoy dessa forma: “No sábado, 9 de dezembro, aproximadamente às 15h00, um grande estrondo chamou a atenção dos azuayos, pois muitos residentes estavam nas ruas. O barulho foi tão intenso que aqueles que estavam dentro de suas casas saíram para ver o que estava acontecendo, outros correram para desligar os alarmes de seus carros. Outros, ainda, assistiam janelas se quebrarem”. O doutor Gomez confirmou oficialmente que a explosão foi sentida em toda a região sul de Canar, Azuay e até mesmo em El Toro, Cuenca. “Ela quebrou janelas e ativou alarmes de carros inexplicavelmente”, disse.
A Imprensa também divulgou as declarações do engenheiro Enrique Garcia, diretor do Departamento de Sismografia da Universidade de Cuenca. De acordo com seus cálculos, a velocidade da onda do choque foi 23 vezes maior que a velocidade do som, e foi registrada nos sismógrafos de Pucara, Zigzig e Molleturo, desde 14h51 até 14h52. A explosão foi ouvida numa área de aproximadamente 120 km de comprimento e 60 km de largura. Além disso, os sinais sismográficos causados por ela não correspondiam aqueles registrados em tremores de terra normais. “Isso leva a crer que foi uma explosão no ar, mas onde?”, observou Garcia.
Objeto cilíndrico – Em vista do ocorrido, o doutor Gomez chamou imediatamente o general Rene Gordon, comandante da 3ª Divisão de Exército. “Mas ele negou que o estrondo tivesse sido causado por um teste militar ou um vôo supersônico, disse Gomez a este autor, acrescentando que a defesa civil logo localizou a testemunha Isidro Mendéz, que observou um charuto com luzes cruzar o céu. Ele e mais três pessoas subiram em um morro próximo para ver se localizavam alguma fumaça, mas não conseguiram. Na semana seguinte, o Exército, a defesa civil e alguns alpinistas encontraram algumas cabeças de gado mortas nas imediações e nada mais.
Mendes é um homem conhecido que goza de boa reputação em Cuenca, onde trabalha para uma empresa municipal. Ele estava pescando com dois irmãos e um amigo na lagoa Quinuas Cocha, em El Cajas, naquela tarde. De repente, todos olharam para o céu e viram um objeto cilíndrico acelerando em direção ao solo. “Ele tinha luzes brancas e azuis, como fogos de artifício, por toda a sua extensão”, declarou. Alguns segundos mais tarde uma grande explosão fez tremer a montanha. Mendes relatou o incidente à defesa civil imediatamente, servindo como guia para uma patrulha de vinte e seis homens do Exército até a remota localidade, que vasculhou por vários dias uma grande extensão da região a oeste de El Cajas, a partir de 22 de dezembro.
Enquanto estive no escritório do doutor Goméz, sede da defesa civil naquela região vi com meus próprios olhos um documento da inteligência do Exército equatoriano com o carimbo de secreto e o título de Operação Relativa a UFOs, sobre sua mesa. Isso é algo absolutamente incomum, embora o documento aparentemente não fornecesse nenhuma conclusão definitiva sobre o fato, além dos meros procedimentos logísticos com relação às patrulhas de busca. Apesar da dedicação do Exército, não se encontrou nenhum tipo de evidência física do que pudesse ter caído nos Andes. O doutor Goméz nos deu então uma cópia de um relatório intitulado Explosão Misteriosa preparado pela Associação Astronômica de Cuenca e de autoria de Robert E. Meyer, um astrônomo amador norte-americano que trabalha em Cuenca como missionário evangélico.
Meyer resumiu no documento tudo o que se sabia sobre o incidente. Ele diz que as ondas registradas pelos aparelhos sismográficos não correspondem àquelas normalmente registradas em terremotos e que “… um sismólogo consultado foi incapaz de determinar o que foi registrado por seus instrumentos”. Meyer conjeturou que a explosão poderia ter sido causada pela queda do satélite russo Cosmos 398. Mas essa hipótese foi descartada assim que a NASA confirmou que o satélite havia reentrado na atmosfera terrestre 24 horas após a explosão, por volta de 15h00min locais, no domingo 10 de dezembro. Meyer entende que “algo fora do normal causou o estranho barulho”, mas não atribui isso a um UFO. “Não há como provar a hipótese de um UFO”, escreveu, acrescentando que o mais lógico é que o som tenha sido causado pela reentrada de um meteorito na atmosfera.
Um segundo relatório escrito por Meyer e Pedro Rodas, membros da Sociedade Astronômica de Cuenca, divulgado alguns dias mais tarde, identificou o objeto como sendo um meteorito que iniciou sua trajetória há seis anos na constelação de Gemini. Mas os astrônomos ainda não con
seguiram localizar a cratera, ou qualquer evidência física do tal meteorito.
Além disso, dada a distância do local, além do mesmo estar cheio de barreiras, montanhas e lagoas, Meyer e Rodas disseram que a Sociedade Astronômica não teria recursos para fazer buscas mais aprofundadas. Enquanto isso, o interesse acerca da explosão detonou uma série de ocorrências com UFOs na região. A família Guevara, proprietária do santuário da Virgem Maria em El Cajas, foi à Imprensa e afirmou ter visto objetos voadores não identificados com muita freqüência. De acordo com o doutor Goméz, que colheu depoimentos de vários dos Guevara, “eles disseram que têm visto regularmente em El Cajas, tanto antes quanto após a explosão, um objeto com grandes asas, como se fosse uma grande águia”.
Outra testemunha diz ter visto um objeto com um ronco parecido com o dos motores de barco, que parecia estar avariado e desapareceu por trás das montanhas. O avistamento ufológico mais detalhado entre os colhidos por este autor ocorreu em Cuenca, dez dias após a explosão – precisamente em 19 de dezembro. Patrício Dávila observava um helicóptero militar com um binóculo quando viu algo como um grande charuto com cerca de 60 pontos luminosos surgindo em formação. “Havia no objeto três pontos luminosos vermelhos que iam e vinham como se estivessem controlando os outros”, declarou Dávila. A observação durou cinco minutos e foi acompanhada por oito testemunhas.
Marcas de pouso e vídeos – Durante minha estada no Equador ouvi vários outros interessantes relatos de incidentes com UFOs. Recolhi vários recortes de jornais e gravações de notícias que apareceram nos telejornais. A que mais chamou a atenção foi a ocorrida no início do ano de 1995, quando o cinegrafista de noticiários da Gamavision, Canal 02, Orlando de La Cruz, filmou um UFO que foi visto por várias testemunhas na capital, Quito. “Nós começamos a ver um grupo de luzes piscando e girando como um carrossel”, disse Cruz. “Começamos então a filmar, mas infelizmente não fomos capazes de conseguir todas as imagens que desejávamos, mesmo percebendo que o objeto tinha o formato comumente atribuído aos UFOs”, completou.
A estrutura luminosa deste objeto era similar a outras imagens filmadas em vários países, como o famoso caso de um objeto com forma de bumerangue filmado em Hudson Valley, no Estado de Nova Iorque, em 1984. Ou ainda o avistamento de um UFO por várias testemunhas perto da usina atômica de Greifsward, Alemanha, em 1990 – neste caso, o objeto foi filmado por três cinegrafistas amadores em diferentes localizações. Esses vídeos mostram uma grande semelhança com o da Gamavision. O objeto registrado por La Cruz, no entanto, foi extensivamente visto em várias partes da capital.
Ufologicamente falando, o Equador costuma ser um país tranqüilo quando comparado a outros países sul-americanos, como Peru, Argentina e Brasil, por exemplo – onde há um rico histórico envolvendo estas naves. Ou pelo menos costumava! O supervisor de radares da torre de controle do Aeroporto de Guayaquil, Victor Murillo Cano, fez uma surpreendente revelação ao programa Ocurrió Así – um tablóide televisivo muito popular no país, produzido nos EUA pela Telemundo e exibido para a América Latina via cabo. O veterano controlador de vôo mostrou frente às câmeras o livro de ocorrências da torre do aeroporto, onde ele próprio havia registrado um evento detectado em 23 de janeiro de 1994 – um sinal de radar não identificado.
Perguntado pelos repórteres sobre quantos sinais de radar não identificados seriam registrados por mês pela torre de Guayaquil, Murillo Cano afirmou que os oficiais que lá trabalham não mantêm uma contagem rigorosa dos casos, “mas eu não estaria exagerando se dissesse que eles são vistos quase diariamente”, declarou, para surpresa de todos. Ainda na mesma entrevista, Murillo Cano foi ainda mais enfático e garantiu que “… os oficiais lotados na torre registram freqüentemente objetos em formação ou pequenos grupos deles”. Segundo o supervisor, qualquer operador com mais de dez anos de experiência no Aeroporto de Guayaquil deve ter visto vários UFOs em suas telas. Observação: Guayaquil tem o principal porto do Equador no Pacífico e também sua maior cidade.
Outro operador de radar, desta vez Andres Valéz Sobrano, imediatamente confirmou as palavras de seu supervisor. “Eu me lembro de uma noite quando estava substituindo-o”, disse ele, “e algo extraordinário ocorreu. Normalmente, o traço de um avião no radar é de 5 mm, mas essa \’coisa estranha\’ saiu de Guayaquil em direção a oeste e deixou um traço de 11 ou 12 cm”. De acordo com Sobrano, este registro é 240 vezes maior do que o de uma aeronave comum! Perguntado se o Ministério da Defesa do Equador sabia do que se passava em seu espaço aéreo, Murillo Cano foi enfático: “Creio que sim, porque também falei com as autoridades a respeito. Mas não estamos autorizados a dar esse tipo de informação a ninguém”.
Onda ufológica se repete – Uma segunda onda ufológica ocorreu no país em novembro de 1995, atingindo principalmente o município de Valência, província costeira de Los Rios. Nessa localidade pude colher relatos de um UFO que teria pousado num campo de milho, deixando uma vasta área circular queimada. Para surpresa dos fazendeiros locais, o milho colhido na área do suposto pouso – logo após o ocorrido – era surpreendentemente rico. Apesar das câmeras da rede de televisão Ecuavista terem mostrado o local com a vegetação queimada, as autoridades não se atreveram a fornecer explicações, o que não surpreende. O Equador é um país pobre e sem uma pesquisa ufológica de alto nível. Além disso, a maioria dos locais de pouso de UFOs não é investigada de forma mais rigorosa em nenhum outro país do mundo. A grande exceção nesta regra é a França, onde a agência espacial local conduziu anos de pesquisas em laboratório com amostras colhidas em locais de pousos.
Outro caso testemunhado por várias pessoas no Equador aconteceu em um pequeno aeroporto da cidade de Valência. “Nós vimos uma enorme bola de fogo perto da praia, no final do aeroporto”, disse um piloto que entrevistamos, que quer ter seu nome omitido. Por volta das 20h30, o piloto trazia um pequeno avião para pouso quando, de repente, tudo ficou iluminado. “Era como um raio de luz vasculhando tudo. Durante dois ou três segundos tudo ficou claro como se fosse meio dia”, declarou. Outra testemunha, que trabalha no aeroporto, disse que viu, por volta da meia-noite, “… uma luz no céu que piscava e emiti
a flashes em direção à praia. Dessas luzes surgiram quatro objetos menores que começaram a se mover lentamente em direção a um local onde, nos últimos três meses, não temos visto luzes”. A emissora Ecuavista também mostrou um pequeno ponto de luz branca filmado durante a noite em Valência.
Outro incidente bastante significante foi um pouso ocorrido na Fazenda Chillobago, no início de novembro de 1995, testemunhado pelos empregados da fazenda Jose Vera e Nelson Jimenez. Vera disse que tratava-se de uma luz muito grande com quatro cores. “Pude identificar tons em vermelho, verde, amarelo e branco”. Já Jimenez teve uma experiência ainda mais assustadora. Ele disse ter visto o UFO a uma distância de aproximadamente mil metros, acrescentando que “… aquilo atirou um raio de luz em minha direção, que pareceu paralisar minha mente”. Quando recobrou a consciência, estava a 500 m do objeto, e este o atingiu com um raio de luz novamente.
Quando Jimenez tomava uma segunda descarga, seu filho, que presenciava acena, gritou: “Papai, venha! Eles estão te levando!”. Jimenez então conseguiu correr para casa, escapando do objeto. O proprietário da fazenda, senhor Emílio Perez, não viu o UFO, mas tem suas opiniões a respeito. Ele acha que seres extraterrestres podem estar interessados nos depósitos de ouro de um rio próximo ao local. “Acho que esses seres são amigos e que podemos viajar pelo espaço com eles, apesar de muitas pessoas terem medo de ser levadas”, disse Perez.
Por último, o relatório mais recente que recebemos do Equador dá conta de um incidente ocorrido em 29 de março passado próximo à Base da Força Aérea em Salinas, também na região costeira, e publicado até no Miami Herald. Segundo relatou o ufólogo Jaime Rodrigues, de Quito [representante da Revista UFO no Equador], “um objeto lenticular flutuou por cerca de duas horas a uma distância de aproximadamente 200 ou 300 m da Base Aérea de Salinas. Tal objeto foi visto por cerca de 30 funcionários”. A reportagem informou que fotos e vídeos foram feitos, mas não forneceu maiores detalhes do incidente. Contudo, ao que parece, a febre ufológica no Equador continua.
UFOs são comuns na Cordilheira dos Andes
Observação de objetos voadores não identificados são comuns em quase toda a extensão da Cordilheira dos Andes, desde a Patagônia, onde se inicia, até a América Central, onde ainda há maciços rochosos que a compõe. Veja abaixo algumas situações:
CHILE. O país está envolto numa onda ufológica que se iniciou em 1994 e ainda não findou. A concentração de ocorrências se dá nas regiões montanhosas a leste de Puerto Montt, sobre a cidade de Santiago e se extende até o Deserto de Atacama. Tem uma Ufologia forte e bom número de pesquisadores.
BOLÍVIA. Apesar de o país ter rica casuística em toda a região dos chamados Altiplanos, a Bolívia tem um Ufologia iniciante e quase insignificante. Milhares de casos se dão lá e jamais são pesquisados.
PERU. O país tem em sua vasta região costeira forte incidência ufológica, assim como na Cordilheira. Significantes ocorrências foram registradas na área metropolitana de Lima, mas a Ufologia local é fraca.
VENEZUELA. Têm sido registradas importantes ocorrências ufológicas ao longo do litoral, ao norte de Caracas. As inúmeras ilhas e recantos turísticos que compõem o território do país são palcos constantes de observações de naves, mas a Ufologia Venezuelana é uma das mais fracas do continente.