Este trabalho visa ajudar a preencher uma renitente lacuna da Ufologia Brasileira, que é a falta de registros de casos ufológicos envolvendo tripulantes e até episódios de abduções alienígenas ocorridos antes do que se convencionou chamar de Era Moderna dos Discos Voadores, em 1947. Ao contrário do que se pensa, ocorrências com ETs anteriores a este período são inúmeras e algumas, aqui apresentadas, foram coletadas e analisadas em investigações de campo. Elas estão presentes até em lendas indígenas e em situações de contato que se deram nas décadas de 20 e 30. Um desses episódios, talvez o mais interessante, seja o que teve como protagonista o topógrafo José C. Higgins, ocorrido no final dos anos 40 no Paraná, quando a Ufologia ainda engatinhava. Colaboraram no levantamento destes dados os pesquisadores Carlos Alberto Machado e Pablo Villarrubia Mauso, ambos consultores da Revista UFO.
Nenhum registro histórico da Ufologia Brasileira estaria completo sem um exame das tão abundantes lendas do folclore nacional, especialmente aquelas que envolvem nossos índios, em busca de vestígios da ação de outras espécies cósmicas em nosso meio. Existem trabalhos de estudiosos que demonstram a atuação de seres desconhecidos na cultura remota do país — alguns deles interpretados como tripulantes de UFOs segundo uma ótica moderna. O pesquisador mineiro Antônio Pedro da Silva Faleiro, também consultor de UFO, por exemplo, em sua obra UFOs no Brasil: Misteriosos e Milenares [Coleção Biblioteca UFO, código LIV-010. Confira na seção Shopping UFO desta edição e no Portal UFO: ufo.com.br], sinaliza que o Curupira, a Mãe D’Água, o Boitatá e outras entidades mitológicas poderiam ser perfeitamente entendidas hoje como integrantes de nossa casuística ufológica.
UFOs e tribos indígenas
Recentemente, tribos indígenas de outros países revelaram para o mundo contatos com objetos voadores não identificados e até intercâmbio com seres não terrestres, vistos por seus integrantes como deuses — eles desciam das estrelas em mágicos veículos voadores. Tais casos povoam as lendas e tradições de inúmeras nações indígenas da América do Norte e Central, apenas para citar duas regiões do planeta. No Brasil não é diferente, pois as culturas de várias tribos também registram que algumas de suas divindades vieram do céu. Um dos casos brasileiros mais contundentes é o do Bep-Kororoti, segundo a tradição da nação Kayapó, da Região Amazônica. Trata-se de uma lenda descoberta e inicialmente divulgada na década de 50 pelo pesquisador e indigenista João Américo Peret, já falecido.
Às margens do Rio Fresco, no Pará, Peret escutou dos nativos kayapós que há muitas gerações atrás um ser das estrelas, em uma canoa voadora, desceu até sua tribo e convivera com eles. Era Bep-Kororoti, uma entidade humanoide e semelhante a qualquer pessoa que trajava uma roupa especial que o cobria dos pés à cabeça, chamada bô. Inicialmente, o ser era temido pelos índios, pois portava uma borduna trovejante, uma espécie de arma que, quando apontada para alguma árvore ou pedra, deixava a mesma em pedaços. Era a kóp. Mas, com o tempo, os kayapós se acostumaram com aquela “divindade”, que habitou sua tribo como uma espécie de mestre e ensinou várias práticas que são seguidas até hoje. Viraram amigos.
Ser prateado causa espanto
Mas se ETs já andavam entre nossos índios décadas e até séculos atrás, eles também o faziam com nossos antepassados, tanto em fazendas como em cidades. O primeiro caso de observação de um ser estranho que poderia estar associado ao Fenômeno UFO, que se descobriu até hoje, ocorreu em 1925 na Vila Belmiro, na cidade de Santos, litoral de São Paulo. O fato se deu por volta das 18h00, quando uma entidade alta e de estranha aparência foi testemunhada por Lucinda Alves e suas amigas. “Na época, eu morava em um sobrado e tinha 8 anos de idade. Lembro-me de que era final da tarde e eu me encontrava brincando de roda com umas amigas na rua em frente de casa. De repente, escutamos um som como se fosse uma ladainha ou zumbido, e apareceu um ser estranho vestido com uma roupa inteiriça prateada dos pés à cabeça”. Luciana percebeu então que a entidade tinha um bastão metálico e luminoso nas mãos. “Pensei que fosse uma vela, mas quando ele veio em minha direção, vi que era algo diferente. Saímos todos correndo”, afirmou em entrevista.
A testemunha estimou que o estranho ser prateado teria cerca de 2 m de altura e disse que jamais voltou a ver aquele “homem” novamente — entretanto, ela nunca se esqueceu do fato, por ter sido algo que marcou sua vida para sempre. Esse é um detalhe comum a muitas pessoas que tiveram encontros diretos com extraterrestres, como o senhor Antônio de Moura, 79 anos, entrevistado pela equipe do Grupo Ufológico do Guarujá (GUG) em 2002. Moura afirmou ter visto, por volta das 12h00 de um dia de 1934, uma “estranha bola de fogo de forma alongada” que estava parada a baixa altura na Ladeira das Sete Voltas, que dá acesso ao Convento da Penha, na cidade de Vila Velha (ES). “Tinha por volta de 11 anos de idade quando eu e meu pai vimos aquela estranha bola de fogo de forma alongada e que resplandecia como metal”.
As testemunhas observaram também dois vultos brilhantes que estavam ao lado do aparelho. “Na idade que eu tinha, pensei que fossem fantasmas ou anjos. Meu pai olhou por uns minutos aqueles seres e resolveu voltar para casa, quando então não vimos mais nada”. Quando perguntado sobre detalhes dos seres avistados e se algum ruído foi emitido por seu veículo voador, Moura respondeu que não ouvira som algum e que as figuras fantasmagóricas pareciam trajar túnicas brancas brilhantes dos pés à cabeça. “Eram altos e faziam movimentos como se deslizassem em torno da bola de fogo, e ainda tinham uma espécie de bastão metálico com uma luz vermelha na ponta, que seguravam em uma das mãos”, finalizou.
Seres com rostos de gato
Ainda durante a entrevista, a testemunha estimou que o UFO teria 8 m de comprimento, 3 m de altura e se sustentava sobre um tripé. Antônio de Moura não observou asas, hélices e nem qualquer outra protuberância no objeto, como janelas ou portas, devido ao intenso brilho que emanava. Mas, se seu caso é espantoso, ainda mais é o episódio que envolve gigan
tes de orelhas pontiagudas, ocorrido no primeiro semestre de 1946 e revelado em 1987 por Antônio da Silveira Bezerra, 69 anos. Ele afirmou aos pesquisadores do GUG que viu seres altos e com rostos de gato ao lado de uma nave espacial. O fato se deu no final de uma tarde daquele ano, por volta das 18h00, na Praia de Pitangueiras, em Guarujá, litoral sul de São Paulo. “Naquela época eu tinha 28 anos de idade, era muito moço e ativo. Por volta das seis horas da tarde eu vi perto do Hotel La Plage, na Praia de Pitangueiras, uma cena estarrecedora”.
Durante sua entrevista, Bezerra relatou a observação de duas entidades altas e brancas, de cerca de 2,1 m de altura, orelhas pontiagudas, olhos pretos e feições parecendo com as de gatos. “Fiquei muito assustado e intrigado com aquela visão, e, além da aparência horrível, percebi que os estranhos também tinham apenas três dedos”. Os exóticos seres vestiam roupa azul metálica e cada um tinha em uma das mãos uma varinha com uma bola luminosa na ponta, de cor branca. “De repente, escutei um barulho de zumbido de abelhas e percebi que o som vinha de um aparelho arredondado com hastes na parte inferior. Tinha janelas amarelas, uma luz vermelha em sua cúpula e o tripé estava fincado no solo. Saí correndo de medo e no dia seguinte vi uns
buracos no local”, completou a testemunha.
Meus homens, todos caboclos simples, fugiram espavoridos, mas eu resolvi ficar para aguardar os acontecimentos (…) Era algo surpreendente. Tinha aproximadamente 30 m de diâmetro, fora os rebordos, de mais ou menos um metro, e apresentava uns 5 m de altura
Antônio da Silveira Bezerra informou ainda que o artefato deveria ter uns 7,5 m de comprimento e cerca de 3 m de altura. Ao retornar ao lugar, ele não viu pegadas de nenhuma espécie — naquela noite, ao chegar a sua casa, contou o fato apenas para os parentes mais próximos. Algum tempo depois ele entregou aos pesquisadores do GUG um desenho da nave e dos seres que avistara. Embora seja raro o registro de entidades com esta tipologia e rosto de gato, existem outros casos deste tipo nos anais da Ufologia Brasileira, como, por exemplo, o ocorrido em Itajubá (MG), em 1967, e em Iporanga (SP), em 1996. Em outros países também já foram anotadas ocorrências assim, sendo o episódio mais famoso o acontecido em Santa Isabel, Argentina, em 1972, quando os ETs também tinham rostos
que igualmente lembravam felinos.
Escapando de uma abdução
Outro antigo e importante caso de nossa Ufologia é o que se deu em 23 de julho de 1947 com o topógrafo José C. Higgins. Este parece ser o primeiro episódio envolvendo tripulantes de UFOs no país, e ocorreu em terras paranaenses. O fato foi amplamente divulgado pela imprensa e marca o avistamento de um disco voador metálico de 30 m de diâmetro que teria pousado em um campo da Colônia Goio-Bang, na época parte do município de Pitanga, no centro geográfico no Paraná. Do interior da nave saíram três seres de 2,1 m de altura e aparência estranha, que coletaram amostras. Em certo momento, eles notaram a presença do topógrafo e tentaram levá-lo para bordo do estranho objeto voador — todavia, Higgins conseguiu escapar.
A edição de 08 de agosto de 1947 do Diário da Tarde traz a transcrição do depoimento de José C. Higgins, oferecido ao jornal através de carta de sua autoria, na qual relata detalhes da sua experiência. “Em 23 de julho, eu estava a oeste da Colônia Goio-Bang, que fica a noroeste de Pitanga e a sudeste de Campo Mourão, realizando alguns trabalhos topográficos, quando, ao atravessar um dos raros descampados da região, um silvo profundo, porém baixo, me fez levantar e olhar para o céu”. Ele disse então ter visto algo que arrepiou seus cabelos — uma estranha nave de formato circular e com os rebordos absolutamente iguais aos de uma cápsula de remédio, que descia do espaço. “Meus homens, todos caboclos simples, fugiram espavoridos ante o que lhes era dado ver — e eu, não sei por que, resolvi ficar para aguardar os acontecimentos”.
Higgins também relatou ao Diário da Tarde que o estranho aparelho percorreu em círculo fechado o terreno e aterrissou mansamente a uns 50 m do local em que se encontrava. “Era algo surpreendente. Tinha aproximadamente 30 m de diâmetro, fora os rebordos, de mais ou menos um metro, e apresentava uns 5 m de altura”. Segundo a testemunha, o UFO era atravessado por tubos em diversas direções, seis dos quais deixavam ouvir o citado silvo — sem, entretanto, produzir fumaça. A parte do artefato que tocou o solo era provida de hastes curvas que se arcaram um pouco mais ao encostarem no chão. Higgins disse que a nave parecia ser feita de um metal branco acinzentado, mas diferente da prata [Veja no box a íntegra de seu relato].
Abdução no Brasil Colônia?
Em 2010, os investigadores Pablo Villarrubia Mauso e Carlos Alberto Machado estiveram na Colônia Goio-Bang para coletar mais dados sobre o Caso Higgins. Na cidade vizinha de Luisiana entrevistaram Olga Guedes Costin, na época com 60 anos, que confirmou o fato. “Minha mãe, Eleonor Walter Costin, sempre me contou a história de algo que desceu do céu e do qual saíram três homens muito altos, carecas, sem sobrancelhas e de cabeça redonda”. Ela também se recordou que trabalhadores que estavam com Higgins viram o objeto, mas, assustados, correram, enquanto o topógrafo ficou e viu os seres coletarem estranhas coisas no solo. “Era a história que minha mãe ouviu e nos contou. Aquelas eram pessoas de outro mundo, dizia. Eu e minha irmã sempre tivemos medo disso”.
O início da colonização brasileira pelos portugueses também foi marcado pela ocorrência de muitos fenômenos insólitos, que eram observados pelos primeiros conquistadores, pelos jesuítas e até pelos índios, e foram, inclusive, objeto de registro em cartas e documentos históricos — alguns casos chegaram aos nossos dias na forma de lendas. Um episódio daquela época foi apontado pelo pesquisador Celso de Martin Siqueira e seria uma possível abdução ocorrida em 1558, no Espírito Santo. Siqueira se refere ao trabalho de um historiador capixaba, Clério José Borges de Sant’Anna, que chegou a publicar o fato em trabalho acadêmico de sua autoria. O caso é dos mais interessantes.
A data de 20 de janeiro de 1558 marcaria a realização do batismo do indígena Manemuaçu, irmão de Arariboia, que passou então a se chamar Sebastião de Lemos. No mesmo dia celebrou-se seu casamento religioso com a índia que já era sua companheira. Pouco depois, Manemuaçu ou Lemos sumiu por quase duas semanas, quando então r
eapareceu na aldeia em estado de choque e dizendo coisas desconexas — afirmava que tinha sido levado por estranhos seres que o conduziram a um lugar desconhecido. Apesar de ter sido amparado por membros de sua tribo e de ter sido cuidado pelos jesuítas, acabou falecendo em 02 de abril, conforme relato do religioso Francisco Pires, resgatado pelo historiador Sant’Anna. Em carta datada de 13 de junho de 1559, assinada pelo jesuíta Antônio de Sá, se veem reforçadas as suspeitas de abdução.
“Os demônios o tomaram”
O registro histórico é surpreendente. “Vasco Fernandes, nosso principal, tinha um filho por nome Manemuaçu, o qual estava muito doente na aldeia da vila. Estando ele assim, em uma noite de grande tempestade os demônios o tomaram em corpo e com grande estrondo o levaram, arrastando-o e maltratando-o”. Antônio de Sá diz que o padre Braz Lourenço foi então consolar o pai de Manemuaçu, dando-lhe a esperança de que ele apareceria, como de fato ocorreu depois de três dias. “O pobre índio contava que, após havê-lo posto no porto de João Ramalho, o levaram a Santo Antônio com tanto ímpeto e clamor que a si mesmo não podia ouvir nem entender. Dali o puseram no porto de Jaravaia e, por concluir, o colocaram ainda entre muitos outros, onde se fizeram muito mal. Aqui ele viu fogos mui horríveis”.
Analisado com uma ótica baseada no entendimento moderno da casuística ufológica, Manemuaçu ou Sebastião de Lemos certamente passou por uma abdução alienígena, que teve desfecho nada agradável para a vítima. “Finalmente, depois de todos estes martírios, o arrojaram entre uns mangues, onde ele se maltratara muito e ficara fora de si com tantos tormentos por que passara, e por isso não conhecia os seus quando deram sobre ele, deles fugindo como se fossem demônios”. Certos aspectos do fantástico episódio narrado no histórico documento pelo religioso merecem destaque, como o fato de o abduzido ter sido levado “com grande estrondo” na hora do rapto. Além disso, também a rapidez de seu deslocamento e os “fogos mui horríveis” são sintomáticos — e parece também que Lemos não era o único sequestrado, quando se lê na carta que “o puseram entre muitos outros”. Enfim, este parece ter sido o primeiro caso de abdução registrado no país, nos primórdios da nossa colonização.
Primeira abdução em São Paulo
Em julho de 2010, os pesquisadores do Grupo Ufológico do Guarujá (GUG), novamente acompanhados do espanhol Villarrubia Mauso, fizeram descobertas acerca de um caso que pode ter sido outra antiga abdução, registrada com riqueza de detalhes na ocasião. O episódio ocorreu em um sábado de 1931 e foi inicialmente investigado pelo jornalista e músico Cataldo Bove. O local do acontecimento seria a Rua Sampaio Peixoto, no bairro do Cambuí, em Campinas (SP), e o protagonista se chamava José Florêncio. Ele contou aos pesquisadores que na época do fato tinha de oito para nove anos e que, em determinada tarde, quando jogava bola com colegas, por volta das 17h00, teve a estranha experiência. Quando fazia o retorno para sua casa, que ficava na Chácara Júlio Vitorino, notou o aparecimento repentino de um UFO de cor de chumbo que fazia o ruído “de motor de uma geladeira”.
Seu relato é detalhado e bastante interessante. “Logo que aquela coisa redonda veio na minha direção, eu comecei a correr. Quando vi, aquilo já estava parando a um metro de mim e a uns 60 cm do solo. Dele desceu uma escadinha que tocou no chão, uma porta se abriu e rápido um dos seres que continha me tocou no ombro e me apanhou”. Quando pôde perceber, Florêncio já estava na porta da nave, onde havia um tripulante com um capacete. Ele começou a gritar, mas não havia ninguém para lhe socorrer e ficou à mercê dos estranhos. Quanto à sua fisionomia e aparência, a testemunha disse que tinham 1,6 m de altura, pele morena, olhos azuis e boca pequena. Seu rosto era afilado e os cabelos aloirados. Disse ainda que os seres não tinham pelos nem bigode, e que suas roupas, luvas e capacetes — com antenas — eram cintilantes e de tonalidade verde-oliva. Apenas suas botas eram pretas. Sobre a comunicação que manteve com as entidades, José Florêncio afirmou que era ininteligível e que travou um tipo de diálogo por mímica.
Dentro da nave, Florêncio chorou muito e percebeu que a porta era travada com uma espécie de roda volante, como as portas que existem em submarinos. Contou também que o piso do veículo “era xadrez, quadradinho e feito de um metal amarelinho que brilhava muito”. Primeiramente ele foi conduzido à parte frontal do aparelho, onde viu alguns componentes do que pareceu ser a sala de controle. Então, um dos seres tirou sua máscara e o levou para um local do veículo onde havia um painel. “Aquilo não tinha volante, mas alavancas e muitas luzes vermelhas, verdes, amarelas e roxas. E tinha também umas que eram tipo pisca-pisca, ora amarelas, ora vermelhas, ora verdes. Na frente do painel havia uma mulher — era ela que dirigia aquela ‘coisa’. Ela também tirou seu capacete e tocou o meu rosto com a mão, tentando me acalmar”.
Uma espantosa experiência
José Florêncio foi então levado para a parte traseira do disco voador, onde foram feitos vários exames. “Tirei a camisa e o ‘chefão’ me ajudou a desabotoá-la. Ele colocou uma toalha gelada nas minhas costas e examinou meu coração, os olhos e abriu a minha boca. Depois arrumei a calça na altura da canela e ele me ajudou a abotoar a camisa novamente”, disse a testemunha lembrando-se da espantosa experiência. Após isso, o rapaz foi levado e colocado em “um buraco na parede”, quando ouviu o comandante da nave estalar os dedos — imediatamente surgiram duas faixas, semelhantes a cinturões dos bombeiros, que prenderam Florêncio pela cabeça e cintura. “Eu só conseguia mexer os olhos, os braços e os pés. Mas não conseguia sair dali”.
Daquele lugar onde a testemunha estava imobilizada era possível olhar através de uma janela, quando, em certo momento, ela notou que o comandante estalara os dedos novamente — então outro ser veio, pegou um vasilhame de cor de chumbo que estava embutido na parede e, após levantar uma espécie de tampa no centro do artefato, despejou um líquido metálico de cor escura. Foi assim que a nave começou a voar, produzindo um ruído característico. “Eu vi quando passamos por cima de uma depuradora do Departamento de &Aa
cute;guas e Esgoto e depois vi uma mangueira. Daí fomos para a olaria que ficava na Rua Lopes Trovão”. Em seguida o UFO aparentemente entrou em órbita da Terra, pois Florêncio disse que viu estrelas pela janela e o que lhe pareceu serem alguns planetas.
Passado algum tempo — que a vítima não soube precisar —, o rapaz foi solto e trazido de volta ao mesmo local da captura. “Fui devolvido pelo chefe, pois a mulher ficou lá dentro. Ele me deu uns tapinhas no ombro, como quem diz ‘pode ir embora agora’. Eu tentei correr, mas me acalmei e fui andando. Uma luz me focalizava durante o caminho, até chegar em casa”. Quando foi deixado pela nave, José Florêncio pôde observar melhor sua forma externa, que era toda adornada com luzes azuladas ao redor de sua estrutura, que piscavam todas ao mesmo tempo. Na cúpula do disco havia uma luz vermelha e ele partiu produzindo o mesmo ruído de motor de geladeira que José Florêncio ouvira no início da experiência.
Feridas no corpo
Ao entrar em casa, a testemunha constatou que já era uma hora da madrugada e seus pais estavam desesperados com o seu sumiço. O rapaz então contou detalhadamente a aventura a eles, que acharam que ficara louco. “Eu disse para meu pai que estava em uma coisa estranha e tomei umas palmadas dele. Depois fui dormir, pois estava nervoso e não comi nada”. No dia seguinte, José Florêncio acordou às 09h00 e foi à escola, mas ainda não se sentia bem. Ele então observou que no lugar do encontro com o disco voador o chão estava todo varrido e tinha uma marca redonda. No outro dia, feridas inexplicáveis começaram a surgir em seu corpo — elas se concentravam do ombro para baixo e pareciam picadas de insetos. Também surgiram frieiras nos pés. Como sua mãe trabalhava na Santa Casa de Misericórdia de Campinas, a internação do garoto foi facilitada.
O médico que o atendeu, doutor Roldão e Toledo, diagnosticou a testemunha com amarelão e tratou-a com vermífugo, Pílulas do Doutor Ross e Biotônico Fontoura. Depois de um mês e meio, quando as feridas desapareceram por completo, Florêncio recebeu alta. Todavia, ele ainda ficou trabalhando por alguns meses no hospital, a convite do médico. Hoje ele acha que a doença foi ocasionada pelo estranho contato com aqueles seres.
Outro caso digno de figurar nos anais da Ufologia Brasileira ocorreu em 1939, apenas alguns meses antes do início da Segunda Guerra Mundial, e foi divulgado inicialmente na obra A História do Ocultismo Século XX: Ciência e Futurologia [Editora Fase, 1982]. O fato se passou em um local conhecido como Serra do Gordo, que dista cerca de 15 km da sede do município de Coroaci, em Minas Gerais. Os protagonistas foram os membros da família Lucindo, que, na época, tentavam insistentemente encontrar uma jazida de mica na região. Desde o início daquele ano, o pai, três filhos homens e um genro do velho João Lucindo trabalhavam incessantemente abrindo túneis à procura do mineral, sem sucesso. Em meados de julho, com seus recursos financeiros se exaurindo, a família de garimpeiros começou a desanimar com a infrutífera exploração.
Experiência radical
Durante os trabalhos, Vicente Lucindo, o mais novo dos três irmãos, era o cozinheiro do grupo. Certo dia, ao ir a uma nascente buscar água, quando já escurecia, ele viveria uma experiência inesperada e reveladora com estranhos seres, contra os quais a sua respeitada espingarda cartucheira de nada valeu. Contou ele aos pesquisadores do Grupo Ufológico do Guarujá (GUG) que, ao se aproximar da nascente, começou a ouvir um silvo prolongado que não foi capaz de identificar com coisa alguma que conhecia. “Comecei a olhar para ambos os lado da trilha, assim como para trás e para frente, à procura do que estaria produzindo aquele chiado. Também me lembrei de olhar para cima, mas não vi nada. Então, pensei que talvez estivesse com algum problema nos ouvidos”.
Vicente Lucindo contou que parou à beira da nascente e colocou a lata no chão. Ainda não escurecera completamente e a pouca luz ambiente passando entre as copas das árvores lhe permitia uma boa visão do local. “Lembro-me bem de que estava aborrecido e intrigado com o ruído, que continuava incessante em meus ouvidos. Abaixei-me para encher a lata de água na bica que tínhamos colocado na nascente, quando notei um brilho diferente no local”. Ele diz ter largado a lata de repente e se levantado com a espingarda na mão, fazendo meia volta em direção à trilha e pronto para disparar contra qualquer coisa que aparecesse. “Eu tinha a impressão de que a claridade fora provocada pelo foco de uma grande lanterna, dessas que funcionam com quatro pilhas e que muitos garimpeiros apreciam ter para suas saídas noturnas”.
Em seguida, ao verificar que não havia ninguém nas imediações, a testemunha, estando sempre no centro do círculo de claridade, calculou que ela teria uns 5 m de diâmetro. “O interessante foi constatar que, embora eu me movesse para um ou outro lado, permanecia sempre no centro daquela luz. E aos poucos fui notando que já não podia mais me mover do lugar onde eu me encontrava, como se meus pés estivessem colados ao chão — foi aí que eles apareceram”. O rapaz se refere ao fato de ter observado dois homens altos, de no mínimo 1,80 m de altura cada. Porém, devido à luminosidade, não conseguiu ver detalhes dos rostos daqueles seres, apenas que vestiam uma roupa metálica cobrindo dos pés ao pescoço.
Magnetizado pelo foco de luz
“De repente entendi que estavam me dando uma ordem e olhei para cima. Foi estranho, porque não vi as copas das árvores, mas, a uma altura de talvez uns 50 m, notei um objeto parecendo um enorme prato com fundo para baixo e que girava sobre si mesmo sem sair do lugar — era dele que vinha o silvo que eu escutava”. A seguir, ainda olhando para cima, como que magnetizado pelo foco de luz que descia do estranho aparelho, Vicente Lucindo viu que na sua parte inferior se abria uma espécie de escotilha, através da qual pôde perceber uma luz bastante intensa no interior do aparelho. Ele também viu um ou talvez dois dos estranhos seres ao seu lado no solo, quando lhe pegaram pelo braço e subiram com ele, com uma sensação de estar sendo sugado até atravessar a escotilha da nave.
O interessante foi constatar que, embora eu me movesse, permanecia sempre no centro daquela luz. E aos poucos fui notando que já não podia mais sair do lugar onde estava, como se meus pés estivessem colados ao chão — foi aí que eles apareceram
Ele parecia estar em um imenso laborató
;rio, que poderia se prestar para inúmeros fins. “Comecei a sentir um certo embotamento nos sentidos, mas percebi que me despiam e que em seguida fui submetido a diversos exames. Entendi também que um deles me dizia que nada de mal iria me acontecer e que iriam prestar a mim e a minha família um grande benefício”, disse o abduzido. A partir daquele instante, ele só se lembra de chegar ao acampamento trazendo a lata de água cheia na cabeça, onde seu pai e os irmãos se encontravam preocupados com o tempo excessivo que demorou na nascente — um típico sintoma das abduções alienígenas chamado “sensação de tempo perdido” [Missing time].
Para fugir ao questionamento dos parentes, Vicente Lucindo inventou a história de perseguição a uma paca, pois não queria ser visto com incredulidade. Após isso, todos foram dormir, mas o rapaz não conseguia fechar os olhos pensando no ocorrido. “Já era madrugada e o dia não tardaria a amanhecer quando, não sei se dormindo ou acordado, lembrei-me do que um dos seres me dissera: ‘abram um túnel do outro lado da montanha, no mesmo nível e a 10 m à direita de uma grande rocha, que encontrarão o minério lá sem grande trabalho’”. Ele também se recorda de ter recebido em sua mente a instrução para seguir com o túnel em linha reta para o interior da montanha e que, antes de atingir a profundidade de 30 m, iriam encontrar um grande veio.
“Não fui vítima de alucinação”
Naquele estado em que se encontrava, sem saber se dormia ou estava acordado, chamou-lhe a atenção que a voz em sua cabeça se referiu ao minério como malacacheta, e não mica, como era conhecido, embora fossem a mesma coisa. Mas como ele iria revelar esta experiência aos seus companheiros e convencê-los a cavar o tal túnel? “Depois de muito pensar no assunto, resolvi falar sobre um hipotético sonho que tivera, durante o qual a revelação me fora feita. Mas antes de fazer isso, fui sozinho procurar a rocha, e para minha surpresa e alegria não foi difícil encontrá-la. Então ficou claro que eu não fui vítima de alucinação”. No mesmo dia seus familiares começaram a abrir o túnel, como indicado, e menos de um mês depois, já com 27 m de profundidade, encontraram
o minério em grande quantidade.
Após todos estes relatos, tem-se confirmado mais uma vez que a casuística ufológica brasileira é riquíssima e se estende muito antes, no tempo, do início da Era Moderna dos Discos Voadores — tal como registrado em outras partes do planeta. Para finalizar, uma curiosidade nos relatos oferecidos neste artigo está no fato de que os tripulantes avistados em três deles portavam um instrumento em forma de bastão ou varinha, que também já foi descrito em vários outros episódios registrados no Brasil e no exterior, em diversas épocas. Para quem ainda acha que tais fatos possam ter sido elucubrações de mentes férteis, note-se que o Fenômeno UFO era completamente desconhecido naqueles tempos e que os eventos aéreos inexplicáveis eram então catalogados como manifestações naturais, astronômicas e, por vezes, como assombrações, demônios e lendas.