Idéias que tratam da transformação do ambiente hostil de um planeta alienígena para outro que ofereça condições para a sobrevivência de seres humanos têm sido há muito discutidas, seja na ficção científica ou no meio acadêmico. Planos para esse tipo de alteração, chamado de terraformação, têm sido descritos para, por exemplo, tornar Marte habitável.
Uma das maneiras de realizar essa engenharia planetária seria aquecer a atmosfera por meio de gases de efeito estufa. Realizar isso em Marte significaria fazer com que o planeta retesse o calor do Sol a fim de liberar o dióxido de carbono que existe lá em quantidade, aumentando progressivamente a temperatura em sua superfície. Entre os tipos de gases capazes disso estão os CLFCs [clorofluorcarbonos] que são largamente utilizados em sprays e equipamentos de ar condicionado.
Tais gases, que tem sido responsabilizados pelo aumento da temperatura global na Terra, não são tóxicos e possuem grande duração. Mais importante, não se conhecem processos na natureza que os produza, ou seja, são totalmente artificiais. O que os astrônomos têm apontado é que a futura geração de telescópios, capazes de fazer imagens de exoplanetas e analisar suas atmosferas, deverão poder também detectar tais gases nesses mundos distantes.
De acordo com o astrobiólogo Mark Claire do Instituto de Ciência Espacial Blue Marble, “Nossa hipótese é que a evidência de vida inteligente pode ser descoberta em uma atmosfera planetária. Outro cientista do instituto, Sanjoy Som, completa: “Uma civilização industrializada usaria os recursos de seu planeta para a fabricação de produtos atmosféricos que brevemente poderemos detectar, assinalando suas atividades”.
Por serem artificiais e absorverem luz de uma forma muito particular, os CLFCs são facilmente detectáveis e seriam uma prova contundente da existência de civilizações extraterrestres. Som afirma que estamos a uma década de podermos detectar sinais de povos alienígenas, quando os novos telescópios em construção em vários lugares do mundo estiverem prontos. O cientista diz: “Estamos em uma fronteira científica, em breve seremos capazes de procurar ativamente por exoplanetas habitados por civilizações tecnológicas. Poderemos medir detalhadamente a composição de suas atmosferas”.
Som comenta que seu projeto prevê a procura por outras substâncias, como amônia e dióxido de carbono em grandes quantidades além de oxigênio e vapor d´água. A presença destes elementos é considerada um sinal de vida. Igualmente, os cientistas argumentam que essa pesquisa pode encontrar mundos habitados nos extremos ou fora da zona habitável de suas estrelas. Exemplificam com Marte, pois se realizássemos ali um trabalho de terraformação, evidências disso poderiam ser captadas por uma civilização alienígena. Extraterrestres igualmente poderiam tornar mundos de seus sistemas mais confortáveis com projetos assim, que estamos bem próximos de conseguir detectar.
Confira a apresentação do projeto
Saiba mais:
Livro: Dossiê Cometa
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