Os pontos de luz que circundam o objeto central em uma incrível sequência de imagens podem parecer planetas orbitando uma estrela – mas, na verdade, são estrelas sendo lançadas ao redor do buraco negro supermassivo no centro de nossa galáxia.
Esta sequência de imagens infravermelhas foi obtida ao longo de quatro meses em 2021 pelo Very Large Telescope Interferometer (VLTI), no Chile. É a visão mais nítida que os astrônomos já capturaram da região ao redor do Sagitário A*, uma fonte emissora de rádio feita de gás quente e poeira ao redor do buraco negro central de nossa galáxia.
“O VLTI nos dá essa incrível resolução espacial e com as novas imagens chegamos mais fundo do que nunca”, disse Julia Stadler, líder da equipe e astrônoma do Instituto Max Planck de Astrofísica em Garching, em um comunicado. “Estamos impressionados com a quantidade de detalhes e com a ação e o número de estrelas que eles revelam ao redor do buraco negro.”
A equipe usou todos os quatro telescópios de 8.2 metros que compõem a instalação do Very Large Telescope do European Southern Observatory. Os osciloscópios trabalharam em conjunto com um instrumento chamado GRAVITY para tirar vantagem de uma técnica chamada interferometria, explorando a interferência das ondas de luz dos feixes de cada telescópio para produzir imagens mais nítidas do que um único telescópio pode obter.
O vídeo acima mostra as trajetórias calculadas de cada uma das estrelas ao redor do buraco negro.
Fonte: European Southern Observatory (ESO)
Isso permitiu que eles vissem os detalhes que as observações anteriores haviam perdido, como a estrela S300, que aparece no canto inferior direito em toda a sequência de imagens. Uma das estrelas, a S29, passou a apenas 13 bilhões de quilômetros do buraco negro – um pouco mais do que o dobro da distância média de Plutão ao Sol. Isso a torna a passagem mais próxima de Sagitário A* feita por uma estrela já observada.
Com base nessas trajetórias, a equipe também foi capaz de fazer a estimativa mais precisa até então da massa do buraco negro da Via Láctea: 4.30 milhões de vezes a massa do Sol. O registro, sem precedentes, abre novas portas para a compreensão da dinâmica dos buracos negros e os astros que os orbitam sem caírem em seus horizontes.