“A maior parte dos cientistas acredita que os buracos negros se tornarão janelas para o mundo da física além dos limites das teorias de Einstein. Apesar disso, ainda não sabemos o que está dentro deles e se é possível descrevê-lo num princípio”, escreveram os físicos no artigo publicado na revista Physical Review Letters a 10 de dezembro.
A teoria da relatividade prognostica que, no Universo, podem existir as assim chamadas singularidades — pontos que têm densidade infinitamente alta e qualquer massa. Um caso particular de singularidade são os bem conhecidos buracos negros.
Tais objetos, em conformidade com o princípio da “censura cósmica” de Roger Penrose e Stephen Hawking, não poderão ser vistos, pois serão separados do resto do Universo pelo horizonte de eventos ou ponto de não-retorno. A singularidade está dentro da esfera imaginária de que nem a luz pode sair por causa da gravidade fortíssima do buraco negro.
Este princípio é importante na física, porque a descoberta da “singularidade nua”, mesmo sob forma teórica, significaria que a ciência física atual está incorreta. Há relativamente pouco tempo, os cientistas descobriram que os buracos negros devem ser obrigatoriamente uma singularidade. No ponto onde deve estar a singularidade pode haver um objeto extremamente denso, não isolado do Universo, mas invisível – um túnel que junta dois espaços diferentes.
Essa ideia incita grandes disputas entre os cientistas, já que não há provas da sua existência. A ausência de uma única teoria da gravidade quântica impede a verificação. Javier Olmedo, da Universidade da Pensilvânia, EUA, e os seus colegas propuseram mais uma explicação interessante do que pode estar a acontecer dentro de um buraco negro.
Usando uma teoria incomum que descreve o comportamento da matéria ao nível dos quanta – gravidade quântica em loop (LQG) – os cientistas tentaram avaliar a estrutura dos buracos negros e descobriram que a parte central não estaria nem no presente nem no passado, em comparação com o resto do Universo, mas num futuro remoto. Além disso, por dentro, a estrutura parecia um outro objeto exótico — um buraco branco.
(Diagrama representando a evolução do espaço-tempo de um buraco negro em um buraco branco por meio de uma transição quântica. O eixo vertical representa o tempo; o eixo horizontal representa a distância do centro. Crédito: C. Rovelli / Aix-Marseille University; adaptado por APS / Alan Stonebraker)
.
Os buracos brancos são considerados objetos contrários aos buracos negros clássicos. Não devoram a matéria, mas expelem-na. É impossível penetrar dentro deles, mesmo com movimentos à velocidade da luz. Segundo os cálculos de Olmedo, os buracos brancos devem representar túneis quânticos que juntam os centros dos buracos negros no passado distante do Universo com o seu futuro. Assim, a matéria que se encontra no buraco negro e atravessa o horizonte de eventos ver-se-á no futuro quase imediatamente graças ao retardamento do tempo.
Os vestígios desse processo podem ser os relâmpagos de ondas de rádio misteriosos descobertos há dez anos, bem como os raios cósmicos de energias extremamente altas que ainda não foram explicados, opinou o cientista Carlo Rovelli.
Segundo os investigadores, isto resolveria o paradoxo de Hawking que fala sobre a perda irrecuperável da informação, segundo o qual os buracos negros podem desaparecer.
Leia o artigo na íntegra aqui: Transfiguração Quântica dos Buracos Negros Kruskal
Fonte: Revista Physical Review Letters
Veja mais:
Há 50 anos, a humanidade esticava o dedo para tocar a Lua
A série De Carona Com os ÓVNIs traz o tema Agroglifos
Os supostos viajantes do tempo
Entrevista exclusiva de George Knapp com Luis Elizondo
Discoporto: como relatos de moradores inspiraram aeroporto para discos voadores
Nave da Virgin Galactic ganha os céus e vira marco no turismo espacial