A astrologia, área ignorada pela comunidade científica, tem um curso de extensão na Universidade de Brasília (UnB), uma das instituições de ensino e pesquisa mais conceituadas do País. Promovido pelo Núcleo de Estudos dos Fenômenos Paranormais da universidade, que se dedica também a temas como ufologia e conscientologia, o curso atrai estudantes de diversas áreas – da psicologia à física. As informações são do jornal O Estado de São Paulo. O curso, que tem duração de quatro meses, tem como objetivo formar pesquisadores, não astrólogos. Os professores defendem a idéia e acreditam que possa haver rigor científico em uma área, segundo alguns pesquisadores, baseada em misticismo e superstição. Para o astrólogo e administrador Marcelo Cintra, um trabalho usando estatística e a metodologia científica pode colocar a astrologia em um parâmetro inteligível.
A astrologia tem como base a distribuição dos planetas e das estrelas no céu. Cada posição exerce um tipo de influência sobre as pessoas através de vibrações cósmicas, ou seja, nenhuma força reconhecida pela ciência. Um dos estudos realizados pelo curso quer comprovar que pessoas nascidas no momento em que Marte estava na cúspide (início) da casa um ou 10 do mapa astral têm tendência a ser vencedores no esporte. Segundo os astrólogos, não há previsão envolvida nos estudos, e sim probabilidade. O astrólogo e engenheiro Ricardo Lindemann, um dos professores do curso da UnB, explica que os astros inclinam para um resultado, mas não comprovam. Para ele, o livre-arbítrio pode ser mais forte que a posição dos astros.
“Se o mapa indica que o momento é bom para o trabalho, vou saber que essa não é a hora de tirar férias, mas sim de investir as energias na vida profissional”, exemplifica. Astrologia x AstronomiaApesar de terem a mesma origem, astrologia e astronomia não mantém um diálogo amigável. “Astrologia não é ciência”, afirma, categórico, Kepler de Souza Oliveira Filho, doutor em astronomia e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em entrevista ao jornal. Para ele, a astrologia perdeu a razão de ser ainda no século XVII, quando foram descobertas as leis de Newton. Segundo esses postulados, efeito gravitacional dos astros sobre as pessoas é mínimo e que o efeito magnético é desprezível. Os pesquisadores da UnB dizem que “as verdades são provisórias”, portanto, o desafio do curso é estimular a curiosidade científica a respeito da astrologia.