O que sabemos sobre as ameaças aos ufólogos do Caso Varginha?
Em várias oportunidades durante minhas conferências e debates que envolveram o Caso Varginha ao longo de mais de 25 anos, fui questionado sobre a realidade de um processo de pressão sobre os ufólogos e até a realidade de ameaças sofridas pelos seus principais investigadores.
A questão da própria tentativa frustrada de suborno da família Silva (Liliane, Valquíria e a mãe das duas, dona Luiza Helena), por parte de quatro personagens que adentraram a casa da família em uma noite no mês de abril de 1996, que permanecem ainda hoje não identificados, faz parte desse contexto mais grave da história, que parece revelar, provavelmente (essa é a minha visão pessoal) a presença de diferentes “setores” ou organizações por trás desses aspectos obscuros ou preocupantes dessa história. É preciso ter em mente ainda que todo o processo de acobertamento, que ainda persiste, é também do interesse, como desde os primeiros momentos da história, de “forças” ou instituições, que possuem base fora de nosso próprio país.
Mas sendo agora bem objetivo, o que posso dizer com conhecimento de causa, já que participei diretamente das investigações dentro do grupo à frente das pesquisas, é que houve sim por parte de pessoas, que ainda hoje permanecem não identificadas (como no caso da tentativa de suborno), um processo de intimidação de vários dos principais investigadores, mediante telefonemas.
Esse processo foi iniciado ou ficou mais objetivo, por coincidência ou não, após a reunião histórica do dia 04 de maio de 1996 na cidade de Varginha. Na oportunidade o doutor Ubirajara Rodrigues apresentou para mídia presente não só as irmãs Liliane e Valquíria, que junto com a amiga Kátia Xavier tiveram o avistamento de uma das criaturas no bairro Jardim Andere, às 15h30 do dia 20 de janeiro (1996), como dona Luiza Helena que, devido a gravidade do ocorrido, foi escolhida por Rodrigues, por ser a mãe das meninas e ter sofrido diretamente a tentativa de suborno, para fazer a denúncia pública.
Mas não foi só isso que aconteceu naquele dia histórico para o caso. Ainda na mesma oportunidade, logo em seguida, Vitório Pacaccini revelou pela primeira vez os nomes de vários militares da Escola de Sargento das Armas (ESA – Exército), com sede na cidade vizinha de Três Corações, envolvidos diretamente com o caso, incluindo aqueles que haviam participado diretamente da retirada de uma das criaturas capturadas (já morta) de um dos hospitais da cidade (Humanitas). Poucos minutos antes da reunião, eu havia gravado em vídeo o depoimento prestado por um militar do Exército (ESA) diretamente ligado às operações de transporte das criaturas ao próprio Pacaccini.
O ufólogo, que havia conseguido as duas primeiras testemunhas militares (um bombeiro e o militar da ESA que gravei o depoimento), foi o primeiro a confirmar estar sendo ameaçado. Ele não escondia que andava armado imaginando a possibilidade de ter que lutar por sua vida. Em determinado momento, quando esse processo teve início, Rodrigues, Pacaccini, Claudeir Covo e Eu (Marco Petit), havíamos decidido que não tornaríamos essas ameaças públicas. Havia várias razões e percebemos que o melhor a fazer, mais inteligente, seria ignorar essas tentativas de intimidação, mas Pacaccini (em seu direito, é claro) resolveu romper e abrir o jogo sobre o que estava acontecendo.
Se de alguma forma aqueles que estavam do outro lado da linha telefônica pudessem ter sido identificados, teriam sido devidamente denunciados publicamente. Mas o que aconteceu em Varginha teve paralelo com outros de nossos amigos e investigadores, também envolvidos de início com o caso, especificamente com as pesquisas que estavam sendo realizadas em Campinas (SP), para onde tínhamos informações de que as criaturas capturadas no Sul de Minas haviam sido levadas, inclusive a que saiu morta do Hospital Humanitas.
Após também o dia 04 de maio (1996), os ufólogos (na época) Oswaldo e Eduardo Mondini, que tinham estado também na reunião histórica em Varginha para revelarem suas descobertas em Campinas, envolvendo áreas da Unicamp, passaram a sofrer o mesmo tipo de intimidação. Os dois irmãos resolveram não só abandonar o Caso Varginha e as pesquisas que vinham realizando de forma séria, como em seguida a própria Ufologia.
Algo de muito sério realmente estava acontecendo. Ambos desapareceram repentinamente do cenário da Ufologia Brasileira, só retornando a falar publicamente do caso depois que eu lancei no ano de 2015 meu sétimo livro (Varginha – Toda Verdade Revelada), com o apoio do meu grande amigo, hoje saudoso, o eterno editor da Revista UFO, Ademar José Gevaerd. A obra, conforme é do conhecimento já de muitos, foi protocolada no Ministério da Defesa por minha decisão e em nome da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), mediante o meu parceiro na presente campanha (Fernando Ramalho), como denúncia contra o acobertamento do caso por parte do Exército.
Lembro ainda hoje, cerca de 27 anos depois, do dia em que recebi Eduardo e Oswaldo Mondini, que chegaram a ser conferencistas em um evento que realizei na cidade do Rio de Janeiro no segundo semestre de 1996. Eles não foram ao Rio de Janeiro para falar de Varginha, mas de outro tema antes de abandonarem a pesquisa e a Ufologia. Como sempre fazia com meus conferencistas na época, preparei minha câmera de vídeo para gravar o depoimento de ambos sobre suas investigações em Campinas.
Para minha surpresa, mesmo para um amigo, no caso eu, eles se negaram a falar qualquer coisa sobre suas investigações. No passado, eu reprovava esse tipo de situação ou “transformação” de conduta, mas hoje vejo essa realidade de outra forma e percebo que nem sempre podemos estar dispostos a “ir até o fim.” No meu caso e de Fernando Ramalho, e certamente de outros ufólogos, esse dia ainda não chegou.
Mais cedo ou mais tarde todos vão perceber o que essas postagens iniciais, pontuais, estão preparando. Como no passado, sejam civis, “correntes religiosas” ou militares, desse país ou não, surpresas podem acontecer. Respeitosamente eu diria ao Exército e a todas as demais forças militares ou não, envolvidas com essa história (respeito a todas dentro de suas devidas funções e finalidades), que não cabe a nenhuma delas dizer aquilo que eu posso, devo falar ou não, sobre Varginha.
Isso já foi dito a outros ufólogos e testemunhas do caso. Tenho certeza de que “muitos” que podem vir a ler essas últimas linhas entenderão perfeitamente sobre o que eu estou falando. O que apresentei aqui foi apenas um extrato de uma história muito mais preocupante ou perturbadora. Coisas “inacreditáveis” aconteceram nesses 27 anos e outras ainda estão para acontecer.
Por Marco Petit
Ufólogo e escritor autor de 14 livros que abordam diferentes aspectos da Ufologia, incluindo a obra “Varginha – Toda Verdade Revelada.” Petit é coeditor da revista UFO e membro fundador da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU).
Consultoria jurídica: Dr. Flori Tasca (OAB-PR) e Luiz Azenha (OAB-RJ).
ATENÇÃO: Postagens de Petit, Fernando Aragão Ramalho (e convidados) toda quinta-feira nesta página. Compartilhem esse e os outros conteúdos que serão divulgados. Curtam e sigam a página da campanha.
Contato: WhatsApp (21) 995841014