De acordo com um novíssimo estudo publicado semana passada, a vida pode prosperar em uma atmosfera composta 100% por hidrogênio. Essa descoberta tem potencial para mudar completamente nossa compreensão de como e onde a vida pode existir no universo, e também sobre de que tipo de vida estamos falando.
Uma equipe de pesquisadores liderada pela astrofísica e cientista planetária do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) Sara Seager conduziu experimentos com a bactéria Escherichia coli , e levedura, nos quais as amostras foram colocadas em uma atmosfera com 100% de hidrogênio.
Incrivelmente, os micróbios sobreviveram, mostrando que a vida pode existir mesmo em uma atmosfera tão extrema. Lembrando que o hidrogênio compõe menos de uma parte por milhão da atmosfera terrestre, que consiste principalmente de nitrogênio.
“Quero convencer os astrônomos a pensar de maneira mais ampla sobre que tipo de planeta pode ser habitável”, disse a cientista ao site Space.com. “Os biólogos, se eles pensassem em atmosferas ricas em hidrogênio, achariam que seria bom a vida, porque o hidrogênio não é tóxico para os seres vivos”, disse ela.
Astrofísica e cientista planetária professora Sara Seager
Crédito: Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT)
No entanto, ela observou que os astrônomos “não sabem que a vida pode sobreviver em atmosferas dominadas por hidrogênio, então nosso trabalho foi fornecer uma evidência experimental clara e concisa de que é possível”.
Então, segundo explicou Sara, os pesquisadores podem agora considerar o estudo de exoplanetas que antes eles não teriam como alvo, como mundos alienígenas que potencialmente sustentassem a vida.
Além disso, como as atmosferas pesadas em hidrogênio geralmente são maiores e mais estendidas em relação à superfície do planeta, seria mais fácil identificá-las com algumas técnicas de observação.
Estudando micróbios
A bactéria Escherichia Coli, um dos microorganismos estudados
Crédito: Kit Labor
Os micróbios que Sara e sua equipe estudaram no laboratório cresceram mais lentamente na atmosfera de hidrogênio a 100% do que em um ambiente terrestre normal. “Algumas vezes mais devagar para a E. Coli e algumas centenas de vezes mais devagar para a levedura”, disse a doutora.
No entanto, ela acrescentou que “isso não é muito surpreendente, porque sem oxigênio os micróbios precisam obter toda a comida da fermentação, e isso simplesmente não gera tanta energia”.
Embora esse experimento tenha mostrado como a vida pode sobreviver em uma atmosfera pura de hidrogênio, os cientistas não esperam encontrar exoplanetas com atmosferas compostas de 100% de hidrogênio. “Mas eles esperam encontrar alguns exoplanetas com atmosferas dominadas por hidrogênio”, disse Sara.
Olhando para as estrelas
Crédito: Revista UFO
Essas descobertas são especialmente importantes para a busca pela vida , porque, embora ainda não os tenham encontrado, os astrônomos pensam que existem exoplanetas grandes e rochosos com atmosferas finas e ricas em hidrogênio.
“Ainda não conhecemos planetas como o nosso. A teoria diz que eles deveriam existir … No entanto, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno, exoplanetas gigantes [e] mini Netuno todos têm atmosferas dominadas por hidrogênio e hélio, embora ninguém pense que a vida existe ali”, disse Sara.
No futuro, sabendo que a vida pode sobreviver com hidrogênio, os pesquisadores poderão expandir suas observações sobre exoplanetas distantes e suas atmosferas. Eles poderiam expandir o olhar para procurar por planetas que, de outra forma, poderiam ter ignorado ao fazer observações com a tecnologia existente.
Além disso, quando ferramentas como o Telescópio Espacial James Webb da NASA forem lançadas no espaço (o telescópio espacial está programado para ser lançado em março de 2021), elas poderão obter observações ainda melhores.
Fonte: Space.com
Assista, abaixo, ótimo um documentário sobre exoplanetas: