Habitada desde a pré-história e dona de cultura e folclore ricos e complexos, a Romênia é um país peculiar, destacando-se entre todos aqueles que compuseram a chamada Cortina de Ferro por sua especificidade. Aqueles que não estão familiarizados com o termo, lembramos que ele era utilizado para designar os países do Leste Europeu que cercavam a antiga União Soviética. Embora comunistas e em grande parte dependentes e comandados por Moscou, esses países tinham seus próprios governos e leis.
No caso da Romênia, porém, há particularidades que a diferem de seus vizinhos. O idioma e o nome do país derivam do latim, herança dos tempos da ocupação romana, e mesmo com uma história de guerras, invasões e divisões de território, de alguma forma seu povo conseguiu manter e preservar lendas e histórias antigas, coisa que em outros países da Cortina, como a Polônia, por exemplo, não se conseguiu fazer.
Terra onde lendas e realidade se misturam, os mistérios da região vão muito além de seu habitante mais popular, Vlad Dracul, o temido Conde Drácula. Há mistérios científicos e históricos por todo o território e não são raros os achados arqueológicos no país. Também não são incomuns os avistamentos ufológicos, que ocorreram em todas as épocas, mesmo durante aquelas mais sangrentas, quando a Romênia esteve sob o duro governo ditador Nicolae Ceausescu, enforcado em 1989. De lá para cá o país vem passando por uma nova fase política, lutando para se manter democrático e independente. E os UFOs continuam lá.
O caminho da pesquisa
Nosso entrevistado desta edição nasceu na cidade romena de Resita, em 1940, e é um dos pesquisadores de maior destaque de seu país. Dan Farcas é mestre em matemática e física e doutor em matemática e computação. Em 1993, foi eleito membro da Academia de Ciências Médicas da Romênia e, desde 2011, é o presidente da Associação para o Estudo do Fenômeno Aeroespacial Não Identificado (ASFAN). Interessado por Ufologia desde pequeno, Farcas, que ainda criança mostrava tendências literárias, criava, com seu irmão menor, histórias de ficção científica envolvendo extraterrestres e vida em outros planetas. Com o passar dos anos, e com a adição de conhecimentos científicos, ele formou uma opinião interessante sobre a presença dos UFOs em nosso planeta. “Para mim, a hipótese mais plausível é a existência de hipercivilizações, isso é, civilizações muito mais avançadas, que possuem uma tecnologia ainda além de nosso conhecimento”, diz.
Segundo Farcas, os extraterrestres que abduzem seres humanos seriam apenas emissários — possivelmente híbridos — que vêm utilizando a raça humana para propósitos ainda desconhecidos. Sobre a teoria que diz serem os alienígenas viajantes do tempo, nosso entrevistado diz ter algumas dificuldades em aceitá-la, devido aos paradoxos que isso criaria. “Eu somente acredito em viagem no tempo dentro de algum tipo de realidade virtual de ‘hipermemória’, quando podemos viajar para o passado e viver os eventos sem alterá-los, ou então ver cenários do futuro, algumas vezes apocalípticos, mas sem podermos modificá-los”, explica.
Seguindo na contramão do pensamento dos defensores da Teoria dos Antigos Astronautas, o pesquisador não acredita que civilizações avançadas viveram na Terra há milhões de anos. “Arqueólogos e geólogos conseguem identificar bactérias em uma rocha com 4 bilhões de anos e encontrar uma fogueira feita pelo homem há milhões de anos, mas não conseguem achar nenhum traço de uma civilização superavançada aqui? Creio que é muito mais plausível que, se alguma hipercivilização veio ao nosso planeta no passado, ela tenha deixado alguns vestígios”.
Segundo ele, na Romênia, haveria registros da passagem dessas civilizações. “Os casos mais antigos que encontrei datam do século XVI. No livro de Calin Turcu, Extraterrestres na Romênia [Ceascuzi Press, 2004], ele registra pelo menos 60 estranhas observações celestiais antes dos anos 1800. Acredito que muitas delas foram eventos astronômicos, mas algumas fogem totalmente dessa explicação”. Um desses eventos teria ocorrido em 02 de fevereiro de 1657, na região da Transilvânia, quando três “estrelas” incandescentes “lutaram” entre si sobre uma nuvem negra. De repente, uma quarta “estrela”, rodeada de fogo e muito maior do que as outras, surgiu espalhando rajadas de luzes coloridas sobre várias cidades — por aproximadamente duas horas as testemunhas viram o embate entre aqueles objetos, que no fim desapareceram na escuridão no céu.
A pesquisa ufológica
Poucos sabem disso no resto do mundo, mas a Romênia tem um dos maiores números de relatos de pilotos militares que tiveram experiências com UFOs. “É realmente impressionante como os pilotos romenos têm encontros bizarros. Grande parte deles jamais vai falar alguma coisa em público, mas entre eles o assunto é debatido seriamente”. Em um dos casos mais incríveis e publicado em seu livro UFOs sobre a Romênia, que será lançado brevemente no Brasil pela Biblioteca UFO, três helicópteros militares, com três oficiais a bordo de cada um, realizavam exercícios noturnos quando uma esfera vermelha muito brilhante, medindo 20 m de diâmetro, surgiu próxima dos aparelhos. O evento ocorreu em 1992, sobre a cidade de Buzau.
O pesquisador conseguiu encontrar e entrevistar duas testemunhas desse caso, o comandante do primeiro helicóptero e o operador do radar do Aeroporto Militar de Buzau, que detectou o UFO gigante — naquela mesma noite houve mais registros de UFOs nos radares, além de avistamentos a olho nu. Na manhã seguinte ao episódio, o general comandante da região se encontrou com as testemunhas e disse: “Senhores, vejam o que vão falar a respeito, porque vocês não viram nada na noite passada”. E fez um gesto, indicando que deveriam manter a boca fechada.
Com tantos casos para investigar, era de se esperar que a pesquisa fosse intensa no país, mas não é o que acontece. Dan Farcas se mostra um tanto amargurado quando diz que centenas de casos são perdidos todos os anos, pois as pessoas não relatam suas experiências com receio de serem ridicularizadas. “A ASFAN recebe dezenas de casos todos os meses, mas estou certo de que o número seria muito maior se as pessoas fossem encorajadas a relatarem seus avistamentos”, lamentou, completando que “a Ufologia na Romênia já teve uma época dourada, quando tínhamos reuniões mensais com mais de 200 pessoas presentes. Hoje, mal conseguimos reunir 10 interessados. A causa disso? Poucos grupos, a pouca renovação de ufólogos e pouco interesse das pessoas”. Vamos à entrevista.
Poucos sabem disso no resto do mundo, mas a Romênia tem um dos maiores números de relatos de pilotos militares que tiveram experiências com UFOs. É realmente impressionante como os pilotos romenos têm encontros bizarros com naves alienígenas.
O que despertou seu interesse pelo Fenômeno dos discos voadores?
Eu sempre me interessei por histórias sobre extraterrestres, mas só mais tarde entrei no mundo da fenomenologia ufológica. Quando eu tinha entre oito e nove anos, uma das coisas que eu mais gostava era desenhar, com meu irmão mais novo, nossas aventuras imaginárias em um caderninho — eu ainda tenho alguns deles em casa. A maioria dessas aventuras acontecia no espaço, quando viajávamos de um planeta para outro. Naquela mesma época comecei a escrever um livro sobre astronomia. Na década de 40 não havia muitos livros na Romênia. Quando cheguei aos 25 ou 35 anos de idade, publiquei várias histórias curtas sobre ficção científica, principalmente sobre viagem espacial e contato com alienígenas. Nelas, para mim era normal um alienígena aparecer de repente, em forma humana, mas eu ainda tinha dúvidas quanto aos veículos extraterrestres que os traziam.
Mas não eram publicações exatamente sobre Ufologia, certo?
Não. Publiquei alguns artigos sobre civilizações extraterrestre e, por volta de 1980, fui convidado a escrever um livro sobre o assunto. Foi quando vi que precisava saber mais sobre o Fenômeno UFO. Só então descobri, ao ler muitos livros bons, que havia diversos casos bem documentados e o quão importante eles eram. Meu livro De Ce Tal Civilizatiile Extraterrestre [Por que Civilizações Extraterrestres?, Vanuzca Press], publicado em 1983, tornou-se um pequeno bestseller. A partir de então muitas pessoas começaram a me perguntar sobre os UFOs e isso fez com que eu me informasse mais e continuasse a publicar meus estudos.
É verdade que o senhor teve experiências ufológicas quando criança?
Sim, é verdade. Eu tenho lembranças de várias “visitas noturnas” que ocorreram antes dos meus cinco anos de idade. Acredito que não tenham sido sonhos. Ainda me lembro vividamente de uma mão verde desaparecendo atrás da minha cama, vinda do hall da minha casa. Parecia que ela era de elástico, pois a distância entre a cama e hall era grande.
O senhor acredita que tenha sido abduzido por extraterrestres?
Já pensei nisso e li muito sobre esse assunto. Vi que muitas pessoas que sofrem abdução adquirem fobias a alguma coisa e isso aconteceu comigo. Eu comecei a ficar aterrorizado quando olhava para certos objetos em minha casa — esse pavor só sumiu com o tempo.
Sua formação acadêmica o ajudou em sua pesquisa do Fenômeno UFO?
Eu sou formado em matemática, física e astronomia. Isso me ajudou a não apenas entender o tamanho e estrutura do universo, ou o que significam espaços com mais dimensões, mas também me deu grande noção de distância, como, por exemplo, o que são milhares, milhões e bilhões de anos-luz. Por outro lado, um ensino acadêmico lhe dá um grande entendimento de certos fatos que chegam até você. Por muito tempo eu não acreditava que seria possível espaçonaves extraterrestres virem ao nosso planeta, mas a vida me forçou a ver além do que aprendemos nas escolas. A educação acadêmica, e a minha experiência de vida, me ajudaram a entender as limitações de alguns instrumentos considerados tabus por nossa cultura. Eu compreendi os limites da metodologia científica, da matemática e da lógica. Todas essas ciências são primordiais para a investigação do fenômeno ufológico, mas não o explicam totalmente.
E sua experiência acadêmica o ajudou em sua vida particular a entender a fobia que sentia quando criança, por exemplo?
Obviamente que quando era criança não tinha nenhuma formação acadêmica nem entendimento do que estava ocorrendo comigo. Mas com o passar do tempo, com as experiências vividas e o conhecimento adquirido, comecei a me perguntar se o que se passou comigo, e que eu acreditava não serem apenas sonhos, eram na verdade eventos reais. Já comentei sobre isso com alguns colegas de profissão e eles dizem que eu fantasiei, que eram sonhos fomentados por meu interesse pelo espaço, viagens fantásticas e tudo mais. Engano deles, pois isso jamais poderia ter afetado essas lembranças, porque eu sequer tinha começado a criar aquelas histórias com meu irmão. Acredito que o que aconteceu comigo foi algo muito além.
O senhor já pensou em se submeter a sessões de hipnose regressiva para trazer à tona essas lembranças?
Sim, mas eu ainda não me permito fazer isso. Quero entender mais sobre o assunto. Quero estar preparado psicologicamente para ter que lidar com as abduções alienígenas, algo que ainda me traz algumas dúvidas. Eu acredito em abduções alienígenas, mas ainda quero que haja alguma coisa que me convença piamente. Essa “peça”, digamos assim, ainda não tenho para completar o meu quebra-cabeças. Mas em meu livro eu relato alguns casos muito interessantes de abdução.
Pode nos contar um pouco sobre eles?
Claro. O melhor de todos é o caso de S. C. [A testemunha pediu anonimato], que após terminar o segundo grau, em 1968, falhara em sua primeira tentativa para entrar na Universidade de Arte. Como resultado, ele decidiu viver por um ano na cidade de Constanta para se preparar melhor. Em uma noite de inverno, por volta das 22h00, pouco antes de ir para a cama, ele foi até o jardim, onde havia 20 cm de neve acumulada no chão. De repente, o local foi iluminado por uma luz cegante, vinda de cima. Segundos depois, S. C. começou a levitar, elevando-se cada vez mais — ele não conseguia se mexer, mas podia ver as cercas que dividiam as propriedades se distanciando. Então se viu em um grande quarto, indiretamente iluminado e ouviu telepaticamente ao menos quatro vozes, mas não viu ninguém.
Ele entendia o que as vozes diziam?
S. C. relatou também um bizarro sistema de tradução, porque sempre que ouvia uma voz ele recebia um sinal, e subitamente entendia tudo o que estava sendo falado. E aqui vem a parte mais esquisita desse contato. Suas habilidades técnicas foram testadas e depois lhe avisaram que ele deveria tentar o curso de arte decorativa e não de pintura. Depois disso, foi liberado. Quando acordou, estava deitado de cara na neve e só se lembrava de que havia saído de casa. S. C. voltou para seu quarto sem saber que horas eram, mas a lareira ali existente já estava apagada há muito tempo, o que indicava que ele havia se ausentado por um longo período. S. C. não bebia, fumava ou usava drogas. Ele não conseguia entender o que havia lhe acontecido e então começou a refazer seus passos. Incrivelmente, suas memórias da abdução começaram a surgir até que ele recobrou, conscientemente, todas as lembranças do evento.
E depois, o que aconteceu?
Na manhã seguinte, ainda achando que tudo poderia ter sido um sonho, S. C. subiu até o telhado de sua casa para ver as propriedades dos vizinhos do alto e constatou que aquilo que ele havia vivenciado não tinha sido um sonho — mas não teve a coragem de contar sua história, com medo de que achassem que era louco. A primeira pessoa com quem falou sobre o assunto foi sua mãe, no Natal daquele ano. Ela o ouviu e disse que ele havia sido raptado por demônios e implorou para que jamais contasse a ninguém sobre aquilo. Ela também disse que aquela não fora a primeira vez que ele tivera contato com seres demoníacos.
Um dos seres vestia uma pequena mochila, enquanto o outro, que parecia ser o líder ou um médico, tinha um aparelho cheio de botões no antebraço. Quando apertou um dos botões, surgiu um bastão de luz que disparou três raios de luz verde para o chão.
Então aqui estamos diante de uma característica clássica do fenômeno — as várias abduções que uma pessoa pode sofrer durante a sua vida?
Correto. Sua mãe lhe contou que, em 1946, próximo ao Rio Danúbio, com apenas um ou dois meses de vida, S. C. estava dormindo em uma rede amarrada em duas árvores. Em um determinado momento, ela olhou para a rede e viu três figuras negras — que disse serem “demônios com chifres” — próximas a um grande objeto em forma de chapéu, pousado na grama. A mãe correu na direção do filho, mas um raio de luz a acertou e ela caiu ao chão. Quando recobrou os sentidos, os seres, o objeto e o menino haviam sumido. Foi feita uma busca, mas nada foi encontrado. Poucos dias depois, entre 04h00 e 05h00, enquanto dormia, o avô de S. C. viu uma coluna de fogo descer do céu. Quando as chamas sumiram, surgiu um enorme objeto discoide e alguns seres semelhantes a mergulhadores devolveram a rede no mesmo lugar de onde ela tinha sido levada. O avô chamou pela mãe de S. C., mas quando ela apareceu os seres tinham ido embora. Ao chegarem à rede, encontraram o menino dormindo, como se nada tivesse acontecido.
Que história incrível. Uma curiosidade: S. C. seguiu os conselhos de seus abdutores quanto à profissão?
Sim, ele seguiu o conselho dos visitantes e entrou em artes decorativas. Eram seis vagas para 200 candidatos. No outono de 1987, ele migrou para a Califórnia, onde vive até hoje. Nos anos 90 passou por outro episódio impressionante. Certa ocasião, ele estava trabalhando em uma obra na cidade de San Diego e, em uma noite, quando retornou exausto para casa, viu uma luz muito brilhante na janela. Do lado de fora havia um terraço e sobre ele pairava um clássico disco voador. De repente, desceu um tubo do objeto e duas entidades vieram em sua direção — os seres foram até o quarto de seu filho e depois a todos os outros cômodos da casa, até chegarem ao seu ateliê. Segundo S. C., os visitantes tinham capacetes transparentes, por onde viu perfeitamente que possuíam uma aparência humana.
Por favor, nos conte mais.
Sim. Um dos seres vestia uma pequena mochila preta nas costas, enquanto o outro, que parecia ser o líder ou um médico, tinha um aparelho cheio de botões no antebraço direito. Quando apertou um dos botões, surgiu um bastão de luz que disparou três raios de luz verde na direção do chão. S. C. fingiu-se de morto, mas não conseguiu enganá-los. Eles dispararam um raio que fez S. C. levitar. Eles, então, o giraram como um frango de padaria — o raio com três luzes passeou por seu corpo como se o estivesse escaneando. Segundo a testemunha, os seres estavam preocupados com sua saúde, mas após fazerem os exames e constatarem que ele estava bem, mostraram-se satisfeitos e foram embora. Momentos depois, dois seguranças de prédios vizinhos apareceram no terraço, procurando o local onde tinham visto luzes estranhas. Na manhã seguinte, sua filha, na época com 13 anos, disse que viu dois homens entrarem em seu quarto durante a noite. A tela do computador havia ligado sozinha e ela pôde vê-los olhando para ela e para seu irmão mais novo, antes de irem para outro quarto. Durante muito tempo após esse contato S. C. sentiu-se em excelente condição física, saudável e cheio de energia.
É verdade que S. C. recebeu uma nova visita pouco depois dos atentados de 11 de setembro?
Sim. Na ocasião os seres lhe teriam dito que a vida humana na Terra é um passo evolucionário e que não existe reencarnação, mas apenas uma gravação de memórias. Quando S. C. perguntou o quanto ele poderia acreditar em seus “amigos” do espaço, eles responderam que aquilo não era importante para eles nem para S. C. Eu o conheço há mais de 30 anos. Ele é uma pessoa muito sensata e não é de contar histórias. E não teria nenhuma razão para inventar algo assim.
Como muitos outros pesquisadores, o senhor faz uma conexão entre folclore e Ufologia. Em seu livro, inclusive, cita alguns exemplos. O que pode nos falar sobre isso?
Na Romênia há muita relação entre o folclore e a atividade alienígena. Um dos maiores exemplos é um mito conhecido como a Senhora das Florestas, uma fada de longos cabelos loiros e com mais de dois metros e meio de altura, que rapta crianças. Inúmeras pessoas já disseram ter visto a tal senhora, que algumas vezes aparece cantando. Uma dessas testemunhas se chama D. B. e contou em detalhes ter encontrado a entidade e “seus filhos” pela primeira vez quando tinha apenas seis anos de idade. Quando D. B. estava com nove anos, ele, sua mãe, dois primos e outras pessoas tiveram um encontro em plena luz do dia com um objeto discoide de cor azul perolado. A mãe lhe contou que viu descer do UFO uma mulher muito alta, vestindo uma roupa preta e com um belo rosto pálido — o ser chamou as crianças para irem com ele, mas a mãe não deixou. A mulher, que media mais de dois metros, retornou ao UFO e partiu. Para corroborar esse avistamento, temos a versão de D. B., que estava atrás do UFO e viu sair dele um ser, mas como estava de costas, não conseguiu ver-lhe o rosto. Entretanto, disse que havia outros ao lado do objeto. Eram homens e mulheres vestidos de branco.
Realmente intrigante. O que mais pode nos contar?
Bem, há outras histórias conectadas a figuras sagradas. Um dos exemplos que cito em meu livro é o caso de Marina Gorenka, uma mulher formada em direito e teologia que teve seu contato com algo inusitado em 1997. Tudo teria começado por volta da meia-noite, quando ela estava na cozinha de seu apartamento, no terceiro andar de um prédio de Bucareste, e viu um objeto hexagonal do tamanho de uma roda de trator próximo à sua janela. Uma escotilha se abriu no objeto e Marina foi sugada por um tubo até chegar a uma sala retangular com três janelas triangulares. No meio da sala havia uma mesa de aço e, sobre ela, a mulher viu seu próprio corpo nu ali deitado. Ao redor dela havia cinco alienígenas, todos vestidos com sobretudos cinzas. Após alguns procedimentos, ela foi deixada novamente em sua cozinha. Eram 02h00. Após esse incidente, Marina passou a ver constantemente os visitantes e também teria tido contatos com seres que ela considerou “sagrados”, assim como visões de lugares e eventos da história bíblica, tais como a crucificação de Jesus ou o batismo de João. Marina inclusive afirmou ter visto a Santa Trindade.
Mais alguma coisa que queira nos contar sobre o assunto?
Sim. Eu gostaria de relatar um dos eventos de abdução mais incríveis que eu conheci, que veio de Shiloah Marut, um engenheiro nascido em Bucareste. Ele contou seus relatos e eu registrei mais de 100 inexplicáveis eventos em sua vida. Por exemplo, quando tinha 16 anos, estava voltando para casa de ônibus quando teve uma experiência fora do corpo — ele se viu atravessando o teto do veículo e então viu a cidade de Bucareste e depois o planeta Terra do alto. Marut disse que entrou em uma espécie de buraco negro e de repente surgiu um planeta iluminado à sua frente. Nele viu uma paisagem desértica avermelhada, com montanhas, vales e construções retilíneas. Marut parou em frente a uma construção e de repente estava dentro dela. Ele disse que se beliscou para ter a certeza de que não estava sonhando. Ao seu redor haviam oito seres que se pareciam com humanos, mas eram mais magros e mediam 1,50 m de altura. Os seres vestiam túnicas e capuz verde e tinham um crânio alongado, como os desenhos egípcios do faraó Akhenaton. Eles estavam com as mãos para cima, assim como fazem os médicos antes de uma cirurgia, para colocarem as luvas — a sensação do rapaz foi a de que eles o respeitavam e que por isso deveria fazer o que lhe dissessem.
Quais os registros mais antigos que o senhor encontrou no seu país?
Os casos mais antigos que descobri durante minhas investigações datam do século XVI. Na verdade, são dois avistamentos. O primeiro ocorreu em 08 de novembro de 1517, quando, segundo um texto, “um grande sinal foi visto no céu. Ele estava brilhando ao norte e parecia com uma face humana. Ficou parado no mesmo lugar por muito tempo antes de desaparecer lentamente da vista de todos”. Esse relato faz parte de um artigo extraído do livro Anuário do País da Moldávia, que foi escrito um século depois do evento. Como podemos ver, é muito difícil encontrarmos uma explicação lógica e científica, mesmo nos dias de hoje, para o que foi visto.
E o outro evento?
O segundo avistamento ocorreu em 15 de outubro de 1595, quando o príncipe da Valáquia, Michael, o Bravo, estava cercando a cidade sitiada de Târgoviste, então capital do país, que estava ocupada pelos turcos. Sobre seu campo militar, durante uma ou duas horas, “um enorme cometa foi visto”. Três dias depois os turcos foram derrotados e expulsos da cidade. O evento foi descrito em várias fontes da época e inclusive existe uma gravura alemã, de 1665, sobre o avistamento — mas é claro que o que foi visto não era um cometa, já que nenhum dado astronômico menciona um corpo celeste naquele dia. Além disso, nenhum cometa é visto apenas em um lugar. O que foi visto foi um objeto voador não identificado. Seria de origem extraterrestre? Tudo leva a crer que sim. Os ufólogos romenos Ion Hobana e Calin Turcu descobriram mais de 60 observações celestes estranhas ocorridas antes de 1800, registradas em diferentes pinturas. Muitas delas provavelmente são bólidos, chuva de meteoros ou fenômenos meteorológicos raros. Mas outras podem ser UFOs genuínos. Também podemos mencionar alguns objetos estranhos retratados em pinturas religiosas de igrejas luteranas e ortodoxas. Acredito que as pessoas de antigamente consideravam essas aparições como sinais divinos.
O primeiro caso romeno ocorreu em 1517, quando um grande sinal foi visto no céu. Ele estava brilhando ao norte e parecia com uma face humana. Ficou parado no mesmo lugar por muito tempo antes de desaparecer lentamente da vista de todos.
Em 1968 houve na Romênia uma grande onda ufológica, uma das maiores já registradas em toda a história. O senhor pode nos falar sobre ela?
É verdade. Em 1968 tivemos nada menos do que 94 relatos de casos ufológicos, algo realmente impressionante, já que em meu país não se tem a cultura de relatar avistamentos. Aquele ano foi especial por várias razões e o contexto político estava favorável, pois o assunto era um tabu em outros países do bloco socialista, mas em 1968 o regime de Ceausescu queria provar que as autoridades romenas tinham uma atitude diferente em relação aos UFOs. A imprensa era completamente controlada pelos comunistas, mas havia, em posições-chaves, pessoas como Hobana, que compreendiam a importância do fenômeno ufológico.
Sobre os eventos ufológicos em si, o que pode mais nos contar?
Um dos mais importantes ocorridos durante a onda ufológica se deu entre os dias 29 e 31 de março daquele ano, quando um estranho objeto cônico foi visto sobre as montanhas. À primeira vista, se parecia com um enorme balão meteorológico iluminado pelo Sol, a uma altitude de 30 km. Mas o artefato intrigou os meteorologistas de cinco estações de monitoramento, localizadas em diferentes montanhas, uma delas com mais de 2.000 m de altura. Os cientistas estavam acostumados com balões meteorológicos e o que estavam vendo era totalmente diferente — o objeto continuou a ser visto à noite, despertando a curiosidade de centenas de pessoas em várias localidades. Por dois dias, aquilo fez zigue-zagues sobre a região, voltando ao ponto de partida inúmeras vezes. Muitas testemunhas o viram a olho nu e com binóculos, e outras tentaram fotografá-lo, mas sem sucesso. Já em 30 de março, na cidade de Resita, às 10h00, um grupo de trabalhadores de uma siderúrgica viu uma luz opaca sobre uma colina. Algumas das testemunhas disseram que o artefato fez desenhos triangulares no espaço e curvas em ângulos fechados. Ele só desapareceu na manhã do dia 31, quando nuvens cobriram o céu.
Mas os eventos continuaram, certo?
Sim, e com grande frequência. Em 17 de abril de 1968, um avião IL-18, da companhia romena Tarom, que voava da cidade de Constanta para Düsseldorf, na Alemanha, a uma altitude de 7.600 m e próximo à fronteira com a Hungria, teve sua tripulação surpreendida por um objeto voador não identificado. Em suas declarações, o capitão Benjamin Gabrian explicou que “notamos de repente um objeto oval na nossa direita, distante um quilômetro de nossa posição e 300 m acima de nós. Ele voava a grande velocidade e tinha um brilho verde muito forte. Eu olhei meu relógio e eram 20h21. Observamos a luz por alguns segundos e depois ela acelerou e desapareceu. Foram entre 10 e 15 segundos de avistamento. Estimo que seu diâmetro fosse de três metros”.
O capitão chegou a contatar o controle de tráfego aéreo?
Sim. Quando entrou em contato com o controle de tráfego aéreo do Aeroporto de Viena, na Áustria, Gabrian foi informado de que não havia nenhuma outra aeronave em um raio de 400 km em torno do IL-18. Minutos mais tarde, o Aeroporto em Budapeste, na Hungria, informou que a tripulação de uma aeronave da companhia húngara Malev, voando sobre o espaço aéreo austríaco, vira um UFO similar movendo-se rapidamente na direção oeste, cerca de dois minutos após o avistamento do capitão Gabrian. Se fosse o mesmo objeto, ele estaria a incríveis 14.000 km por hora — mas nenhum avião chega a essa velocidade a uma altitude de 6.000 m, nem os mais modernos da atualidade.
O senhor poderia contar a nossos leitores sobre o famoso Caso Emil Barnea e seu registro fotográfico?
Com prazer. O episódio ocorreu em 18 de agosto, quando Emil Barnea, juntamente com três outros amigos, foi passar o dia na Floresta Hoia Baciu, localizada a oeste da cidade de Cluj Napoca, uma das maiores do país. Trata-se de um local de recreação com vários registros de fenômenos paranormais e de encontros com alienígenas. Por volta das 13h00, os amigos chamaram Barnea para ver algo estranho no céu — era um objeto enorme prateado e achatado. Ele estava à baixa altitude, um pouco acima da copa das árvores. Barnea pegou sua câmera fotográfica e tirou cinco fotos. As três primeiras mostram muitos detalhes do objeto e as outras duas mostram o UFO já bastante distante. Na época, jornalistas foram até Bucareste entrevistar as testemunhas. As fotografias feitas por Barnea foram recolhidas pela agência de notícias romena Agerpres. Depois de analisadas juntamente com o relato dado pelas testemunhas, as imagens foram divulgadas em rede nacional de televisão e nos jornais do país. O caso permanece sem uma explicação definitiva e as fotos são de conhecimento geral.
Essas fotos voltaram a ser analisadas recentemente com softwares e equipamentos de última geração. Quais foram os resultados?
Os resultados recentes apenas corroboraram o que já era falado há décadas: as fotos são verdadeiras. Isto é, não há montagem ou truques fotográficos. Foram testadas várias técnicas, inclusive com modelos em pequena e média escala, e não se conseguiu produzir imagens como as feitas por Barnea. Eu considero esse um caso com evidências irrefutáveis de que estamos sendo visitados por seres não humanos.
Outro caso interessante ocorreu na Transilvânia, local bem conhecido de todos por ser o lar do conde Drácula. Imagine, extraterrestres e vampiros em um mesmo lugar…
Realmente. E o interessante é que muita gente associa uma coisa à outra. Mas o episódio que você citou ocorreu em 19 de setembro de 1968, quando várias cidades da Transilvânia observaram uma estranha manifestação. O engenheiro Florin Gheorghita foi o primeiro a relatar o caso em seus artigos e livros. Segundo ele, por volta das 15h30, sobre o centro da cidade de Cluj [Atual Cluj Napoca], um enorme balão piramidal foi visto parado no céu. Ele tinha um formato incomum e brilhava tanto quanto o Sol vespertino. Sua altitude foi estimada em 9.000 m e seu diâmetro em torno de 70 m. Àquela altitude, os ventos chegam a 86 km/h, mas o “balão” ficou parado no céu por quatro horas. Algumas testemunhas disseram que somente às 19h15 o artefato desapareceu atrás de uma pequena nuvem. Mas outras pessoas, a oeste da cidade, disseram que o UFO disparou à grande velocidade na direção do espaço, quando então foi coberto pela nuvem.
Houve alguma declaração oficial?
Não, mas houve um importante testemunho de um astrônomo do Observatório de Cluj. Ele disse que o objeto parecia possuir luz própria, e que “tinha uma área que brilhava mais do que o resto de sua estrutura”. Uma estação de radar descobriu que dentro do balão havia uma massa metálica. O fotógrafo jornalístico Rudolf Wagner conseguiu, manuseando lentes, tirar uma fotografia do objeto, que revelou que dentro de sua cobertura plástica e macia havia, na verdade, dois objetos brilhantes, cada um com o formato clássico de um disco voador. No mesmo dia, outras várias cidades e vilas da Transilvânia foram visitadas por um UFO na mesma hora em que o balão era visto sobre Cluj. O que vimos ocorrer na Romênia, em 1968, foi uma verdadeira onda ufológica.
O senhor mencionou que há uma relação entre extraterrestres e o conde Drácula. Não é uma associação estranha?
Os romenos são muito supersticiosos. Nós também mantemos raízes profundas com a nossa história e quando falamos sobre ela, a primeira coisa que vem à mente é o conde Vlad Dracul, o Empalador. Muitas lendas e folclores da região da Transilvânia falam sobre o aparecimento de luzes estranhas enquanto o conde Drácula estava em guerras. Há uma passagem na literatura romena que diz que, durante uma das missões de Drácula, enquanto aguardava o inimigo em uma emboscada, seres de luz vinham até ele para lhe pedir que não fizesse aquele massacre — o conde, que fora um fervoroso católico, sucumbiu àquele pedido e deixou que o exército inimigo passasse por suas terras, sem atacá-lo.
Os romenos são muito supersticiosos. Nós mantemos raízes com a nossa história e a primeira coisa que vem à mente é o conde Vlad Dracul. Muitas lendas da Transilvânia falam sobre o aparecimento de luzes estranhas enquanto Drácula estava em guerras.
Eu gostaria agora de falar sobre um assunto mais delicado, que é aquele que envolve UFOs e militares. Há casos assim na literatura ufológica romena?
Certamente. Temos vários registros, alguns até dramáticos. A grande maioria dos relatos foi dada por ex-militares que vieram a público após encerrarem suas obrigações com as Forças Armadas. Muitas vezes os UFOs eram considerados aparelhos espiões dos Estados Unidos. Eu investiguei vários casos de encontros entre pilotos militares e UFOs, mas tenho certeza de que existem muitos mais. Assim como na grande maioria dos países, ainda há uma grande resistência por parte dos militares da ativa em relatar publicamente suas experiências, primeiro porque eles têm um voto de silêncio sobre esse assunto e, segundo, se um piloto relata que viu algo, ele é imediatamente enviado para investigações médicas e durante esse processo fica proibido de voar. Devido a esses dois fatores, a grande maioria de minhas pesquisas se deram, e ainda se dão, com pilotos aposentados. E mesmo assim, eles relutam em falar — todos têm patentes de coronéis ou generais, ou seja, são profissionais da mais alta competência na identificação de objetos voadores.
Isso é o que acontece na maioria dos países, infelizmente. Mas há casos que possa nos contar?
Claro. Em meu livro UFOs sobre a Romênia [Em breve pela Biblioteca UFO], eu reproduzo vários episódios. Um dos mais interessantes ocorreu em 1989, quando os 12 pilotos do 57º Regimento da Força Aérea Romena, baseados em um aeroporto militar próximo a Constanta, viram passar sobre suas cabeças uma enorme formação brilhante em forma de V. Segundo testemunhos, a tal formação, na verdade, seria apenas um objeto, do tamanho de um campo de futebol. Eu consegui colher o testemunho de quatro pilotos sobre esse incidente.
Conte-nos, por favor.
Naquele dia, entre 15h00 e 21h00, a unidade executou exercícios de artilharia em dois turnos. Em determinado momento, o treinamento foi suspenso, mesmo com excelentes condições climáticas, e por volta das 21h20 os pilotos estavam prontos para ir para casa. Alguns deles, entretanto, ainda estavam na “célula de alarme”, uma sala localizada no prédio da base aérea, planejando o próximo voo que ocorreria dois dias depois. Entre eles estava o coronel e líder da esquadrilha, Platon Streja. De repente, o coronel Paul Otelea, entrou correndo e os chamou todos para verem o que estava no céu. Ao saírem, se depararam com uma formação triangular de objetos que voavam equidistantemente — o mais impressionante é que naquele mesmo momento, o coronel Dan Aioanei, que voava em seu MiG-29 sobre Medgidia, observou uma formação de sete ou 9 objetos se aproximando de sua aeronave. Eles pareciam com tubos de neon, com quilômetros de comprimento e em formação em V. À distância, o coronel Aioanei, disse que tinham entre 20 e 30 cm de diâmetro, o que significaria que teriam cerca de 2 km de comprimento. Sua velocidade era, no mínimo, supersônica. Diferente de seus colegas, Aioanei acredita que os objetos eram parte de um único UFO, ou seja, a nave teria o tamanho de um estádio de futebol.
Que avistamento incrível…
Realmente. Outro caso ocorreu próximo à cidade de Buzau, em 1992. Três helicópteros militares, cada um com três oficiais a bordo, estavam realizando exercícios noturnos quando uma esfera vermelha muito brilhante, com 20 m de diâmetro, surgiu próxima aos aparelhos, o que deu início a uma conversa tensa entre os tripulantes, o comandante do exercício, que estava no Aeroporto Militar de Buzau, e outros aeroportos. Em um determinado momento, o objeto acelerou e atingiu uma velocidade incrível, fez uma curva a 90º — impossível para qualquer aeronave conhecida — sem reduzir a velocidade e cruzou à frente dos helicópteros. Dois deles tiveram que fazer uma manobra evasiva a fim de evitar uma colisão em pleno ar. O artefato, então, desapareceu e o exercício foi suspenso. O radar de terra, entretanto, captava um objeto ainda maior do que a esfera, na área dos helicópteros.
O senhor investigou esse caso?
Sim. Consegui encontrar e entrevistar duas testemunhas-chave do caso: o comandante do primeiro helicóptero e o operador do radar do Aeroporto Militar de Buzau, que detectara o UFO gigante. Naquela mesma noite houve mais registros de UFOs nos radares, além de avistamentos a olho nu. Segundo contaram os dois militares, na manhã seguinte ao episódio o general comandante daquela região encontrou com as testemunhas e disse: “Senhores, vejam o que vão falar, porque vocês não viram nada na noite passada”. E fez um gesto para todos fecharem a boca.
Existem relatos de um episódio em que um caça romeno foi atingido por um UFO. O senhor confirma isso?
Confirmo sim. Na tarde de 30 de outubro de 2007, a seis quilômetros da cidade de Gherla, na região da Transilvânia, um objeto desconhecido atingiu um MiG-21 Lancer, da 71º Base Aérea em Câmpia Turzii, durante manobras de treinamento. O caso envolveu o piloto Marin Mitrica, que à época relatou que fora atingido por algum tipo de objeto à sua direita — o impacto quebrou a janela de plástico resistente do cockpit. Estilhaços atingiram seu capacete e feriram o seu rosto. Quando o artefato bateu em seu avião, Mitrica abaixou-se na cabine, enquanto uma forte corrente de ar com temperatura de -30 ºC congelava o ambiente. Ele reduziu a velocidade para 850 km/h e desceu a 6.500 m de altitude, a fim de evitar a falta de oxigênio e a hipotermia.
E ele conseguiu pousar sua aeronave militar em segurança?
Sim, o avião pousou sem problemas com auxílio da esposa de Mitrica, que era controladora de tráfego na torre de controle da base. Imediatamente a nave começou a ser investigada pela comissão militar. Todas as explicações científicas convencionais foram descartadas. O MiG-21 Lancer não tinha sido atingido por um pássaro, já que eles não voam acima de 6.500 m em outubro e não foram encontrados materiais orgânicos, o que seria esperado se fosse esse o caso. Também não foram encontrados pedaços de gelo porque o céu estava limpo e as condições atmosféricas não propiciavam a formação de pedras de gelo. A explicação de que fora atingido por um meteorito foi descartada igualmente, pois não havia registro de entrada de corpos celestes naquela área. Dados coletados pelo tenente-coronel Nicolae Grigorie foram corroborados pela pesquisa do Instituto Nacional de Expertise Forense, que concluiu que tinha certeza do que não causara o impacto, mas nada podia dizer sobre o que havia sido a causa.
Imagino o susto do piloto nesta situação dramática…
Sem dúvida. Mas há outro caso tão contundente quanto esse. O capitão Mihai Barbutiu, que teve ao menos quatro experiências com UFOs, relatou que em 1970 ou 1971, época em que estava baseado em Timisoara, preparava-se para pousar seu MiG-21 quando entrou em uma área de turbulência. De repente, sentiu uma explosão no avião e viu uma luz muito brilhante — inicialmente o capitão imaginou que atingira alguma coisa e se preparou para ejetar, mas percebeu que o avião continuava a responder a seus comandos e, portanto, decidiu tentar pousar de novo. Nenhum artefato foi visto a olho nu. O comandante da divisão, general Cesnae Puiu, foi ao encontro do piloto e seu avião, juntamente com outros oficiais, para verificar o que havia acontecido. Eles notaram que o enorme tanque de combustível tinha desaparecido. Nenhuma explicação sobre o caso foi dada.
Em seu livro o senhor relata o Caso Vasile Rudan, que tem um contexto espiritual e religioso. Por quê?
O Caso Vasile Rudan é muito especial e não é estritamente espiritual e religioso. O que pode causar essa impressão é que Rudan teve seu avistamento e experimentos psíquicos nas Montanhas Buzau — a região é carregada de energia e concentra um grande número de cavernas utilizadas por ermitões desde antes do início do Cristianismo. Rudan afirmou que seus experimentos tiveram mais êxito lá do que em qualquer outro lugar. Além disso, naquele local ele teve inúmeros avistamentos ufológicos, alguns como um encontro dramático com uma bola de energia que lhe causou ferimentos. Esse caso, para mim, é o exemplo clássico de que não se pode delimitar uma fronteira entre o fenômeno ufológico e outros fenômenos paranormais, tais como canalizações, regressões a vidas anteriores, visão remota, experiência extracorpórea.
O senhor acredita que haja conexão entre os fenômenos espirituais e a Ufologia?
Sim, nós não podemos separar os UFOs e encontros com seres religiosos ou místicos. Temos que investigar tudo junto. Mesmo que o Caso Vasile Rudan não seja o melhor exemplo para tipificar isso, ele está nessa linha, no limite entre esses dois lados. Para você ter uma ideia, a inteligência militar norte-americana utiliza a visão remota em alvos extraterrestres e em vários casos se deparam com figuras religiosas ou místicas. Em muitas abduções, as testemunhas encontram não apenas alienígenas, mas seres assim em suas experiências. Eu acho que o pesquisador Jacques Vallée foi o primeiro a relacionar a conexão entre Ufologia, folclore e religião, que hoje em dia não pode mais ser negada.
Atualmente, como está a pesquisa ufológica na Romênia?
Nós tivemos bons, mas curtos, períodos na pesquisa ufológica romena, que começou na onda ocorrida em 1968. A boa fase mais recente ocorreu em 1998, quando Ion Hobana e 20 outros pesquisadores tomaram a iniciativa de criar a Associação para o Estudo de Fenômenos Aeroespaciais Não Identificados (ASFAN). Após a morte de Hobana, em 2011, eu fui eleito presidente da associação. A ASFAN se mantém até hoje como a única organização não governamental e sem fins lucrativos dedicada exclusivamente à pesquisa ufológica no país. Por três anos, de 2000 a 2003, organizamos palestras públicas mensais em Bucareste. Outra conferência sobre Ufologia foi realizada em maio de 2014. Os membros da ASFAN foram convidados a participar dos mais populares programas de TV e rádio da Romênia para debater o fenômeno. Infelizmente, as poucas verbas e o escasso tempo dos membros do grupo foram limitando cada vez mais o trabalho de investigação. Hoje contamos com poucas pessoas e fazemos raras reuniões mensais.
Ainda há uma grande resistência por parte dos militares da ativa em relatar suas experiências. Primeiro porque eles têm um voto de silêncio sobre esse assunto e, segundo, se um piloto relata que viu algo, ele é imediatamente enviado para investigações médicas.
Como a ASFAN dá andamento aos documentos e registros recebidos para investigação?
Nós recebemos relatos, fotos, vídeos e outras evidências quase que diariamente. Isso mostra que, apesar de nossa investigação estar um tanto quanto estagnada, a atividade ufológica na Romênia continua. Os casos mais interessantes estão em nosso site [Endereço: www.asfanufo.ro]. Mas, como eu disse, os casos que temos não chegam a representar nem 10% do que realmente ocorre, porque a grande maioria dos avistamentos, contatos e abduções não chegam até nós. Além disso, muitas pessoas são desencorajadas de relatar suas experiências. Mas, uma vez que recebemos algum material para análise, encaminhamos para nossos especialistas em fotografia, vídeo ou de pesquisa de campo. A partir disso fazemos uma investigação completa, começando pelo perfil da pessoa, seus antecedentes criminais e até mesmo perguntando sobre ela a seus vizinhos e conhecidos. É um trabalho difícil e árduo.
Gostaria de falar agora sobre o conceito de hipercivilizações, que o senhor discute em seu livro. Poderia nos explicar melhor essa ideia?
Claro. Veja, em nossa galáxia existem cerca de 200 bilhões de estrelas, dentre as quais aproximadamente 30 bilhões podem ter vida. Cada vez mais especialistas admitem que os componentes básicos da vida têm viajado pelo espaço, contaminando imediatamente planetas propícios para tal. Em condições ideais, em três a 4 bilhões de anos de evolução imperturbada, o jogo aleatório de mutações genética e as subsequentes mudanças ambientais poderiam produzir um complexo sistema de vida, como vemos na Terra. E, em alguns casos, produzir uma civilização tecnológica, o que significa produzir seres inteligentes capazes de construir naves espaciais. Mas essas civilizações não surgiram necessariamente ao mesmo tempo — a primeira pode ter nascido há um bilhão de anos ou mesmo antes. Portanto, em nossa galáxia as civilizações que conseguiram sobreviver às doenças iniciais e aos transtornos civilizatórios apareceram, provavelmente, há milhões de anos.
Portanto, eles estão muito distantes de nós não só no espaço, mas também no tempo.
Sim, o que nos leva a perguntar o que será de nossa civilização, se ela sobreviver, por milhões ou bilhões de anos. Como se pareceriam os habitantes de uma civilização que nos superou em tanto tempo assim? É impossível imaginar isso. Podemos aceitar, no entanto, que seus habitantes se transformaram em algo além de nosso entendimento, ou seja, em algo que podemos chamar de hipercivilização. Se os céticos nos consideram muito otimistas, e dizem que seres inteligentes seriam escassos no universo, gostaria de acrescentar que nossa Via Láctea é apenas uma das pelo menos 150 bilhões de galáxias, idênticas à nossa — e temos fortes razões para acreditar que existam outros universos também, talvez paralelos, talvez compostos por outros estados da matéria ou que talvez sejamos partes de um multiverso. Portanto, é quase absolutamente certo que existam hipercivilizações no cosmos. A academia e a ficção científica definem nossas mentes em padrões que ignoram completamente a possibilidade de hipercivilizações. Existe uma hipótese extraterrestre primitiva, que pressupõe que todas as civilizações cósmicas estão mais ou menos no mesmo nível que o nosso, o que alimenta alguns conceitos falsos.
Que conceitos seriam esses?
Vou dar alguns exemplos: viagens cósmicas longas, ETs aterrissando no gramado da Casa Branca, direitos iguais entre humanos e alienígenas, invasão, intervenção ou auxílio de extraterrestres e assim por diante. Essa visão primitiva é completamente implausível. Se existirem hipercivilizações, e elas existem, com uma taxa de probabilidade de 99,99% elas já exploraram, no mais ínfimo detalhe, nossa galáxia há milhões de anos — e por isso há muito tempo sabem de nossa existência. Uma diferença de milhões de anos, ou mesmo de centenas de milhões, cria um abismo enorme entre espécies. Algo parecido como o que existe entre nós e as formigas.
A teoria do formigueiro é bem conhecida na Ufologia, mas o senhor poderia explicá-la para nossos leitores?
Claro. Se um entomologista se propuser estudar um formigueiro, ele tentará perturbar o mínimo possível a vida e a rotina das formigas. Ele poderia, naturalmente, fazer experiências, examinar ou modificar algumas formigas, ou mesmo levá-las a laboratórios remotos, tentando criar novas raças e assim por diante. Mas não iria apresentar suas credenciais à rainha das formigas, explicando quem é e porque está ali. Se o entomologista tiver a tecnologia, ele vai criar algumas formigas robôs e enviá-las para o formigueiro, enquanto assiste de um lugar seguro as informações que lhe são transmitidas. As hipercivilizações podem nos tratar de uma maneira similar. Portanto, não haverá nenhuma aterrissagem, destruição, contato oficial, conversa ou ajuda substancial por parte de civilizações cósmicas altamente avançadas, mesmo que estejam aqui agora.
Então o surgimento de uma civilização tecnológica poderia ser um evento raro em nossa galáxia?
Sim, e ocorrendo provavelmente uma vez a cada vários milhões de anos. Portanto, é natural que despertemos o interesse de seres com inteligência superior. Mas eles não vêm aqui intervir e nem nos ajudar. E não apenas porque somos agressivos e xenófobos ou porque isso geraria um choque cultural enorme, que poderia virtualmente destruir todas as nossas forças sociais, científicas, religiosas, econômicas, políticas, militares e culturais. Suponho que eles também tenham outras razões para isso.
Quais seriam elas?
As hipercivilizações podem almejar colher nossas ideias, pontos de vista, criações na arte, ciência, filosofia e ética, que são o produto ou resultado dos milhões de anos de nossa evolução independente — e tudo isso poderia se perder por causa de um contato prematuro. Algumas antigas histórias, aparentemente absurdas, podem dar uma indicação disso, como, por exemplo, o castigo pelo fruto do conhecimento, a prisão de Prometeu e os anjos caídos do Livro de Enoque, jogados em um poço cheio de fogo. Inteligências superiores podem reunir e armazenar nossas vidas em uma espécie de realidade virtual. Isso poderia explicar a canalização, o falar em línguas, os entrantes, a reencarnação, os f