É fato que a ficção científica nunca foi um gênero muito popular no Brasil. Nosso país industrializou-se em período muito recente, e sua produção científica nunca chegou a níveis capazes de popularizar a ciência. As conhecidas mazelas no campo educacional igualmente prejudicam seriamente o mercado editorial, e o reduzido número de leitores acaba provocando um excessivo conservadorismo por parte das editoras, que preferem investir em gêneros mais familiares e consagrados. Além disso, a ficção científica normalmente lida com conceitos, valores e premissas com os quais grande parte dos leitores brasileiros têm dificuldades para lidar.
Contudo, ano após ano a produção nacional de obras do gênero aumenta, e novos autores surgem para disputar um mercado que tem leitores fiéis e apaixonados. A participação brasileira na ficção científica tem crescido, e é bem mais antiga do que a maioria considera. Um dos primeiros nomes nacionais a ser ligado ao gênero foi o do artista Henrique Alvin Corrêa. Radicado na França após a Proclamação da República, pois seu pai era monarquista, Corrêa passou a desenhar dedicando-se a vários temas, como batalhas militares e nus femininos. Ele mudou-se para Bruxelas após o casamento com a francesa Blanche, e leu A Guerra dos Mundos, romance então recém-lançado por um dos pioneiros da ficção científica, H. G. Wells. Correspondendo-se com o autor, que ficou encantado com seu trabalho, Corrêa ilustrou a edição de luxo do livro, lançada na Bélgica em 1906. Uma edição nacional da Nova Fronteira, com seus desenhos, é hoje uma raridade disputada.
De acordo com o autor, divulgador e organizador de antologias Roberto de Sousa Causo, devido à tardia industrialização do Brasil, havia uma forte presença de temas do folclore, magia e assombrações na literatura fantástica, enquanto que a ciência, pressuposto para que exista a ficção científica, era incipiente. Então, relatos de discos voadores terminaram por ser uma saída para muitos autores que, apreciando obras estrangeiras mas sem a bagagem científica necessária, pretendiam contar suas histórias. Nesse período, em 1958 foi lançado o primeiro grande romance da ficção científica brasileira (FCB), O Homem que viu o Disco Voador, de Rubens Teixeira Scavone. A história trata do avistamento de um UFO por parte de um aviador, que logo começa a investigar o mistério acompanhado de um ufólogo, e juntos se dirigem a uma ilha distante onde podem estar as respostas. Causo fala a respeito da ficção ufológica e apresenta vários contos relacionados, de vários autores, no livro Estranhos Contatos (Caioa, 1998).
AUTORES BRASILEIROS EXPLORAM O TEMA DOS DISCOS VOADORES
Os autores brasileiros seguem explorando as infinitas possibilidades da ficção científica, e o Fenômeno UFO tem sido um tema tratado sob inúmeros matizes nas mais variadas tramas. Um exemplo é Nelson Magrini, engenheiro mecânico, estudioso e pesquisador em Física, com ênfase em Mecânica Quântica e Cosmologia, além de professor. Autor de vários livros, em 2011 publicou pela Novo Século Relâmpagos de Sangue, uma assustadora história envolvendo abduções, lapsos de tempo, acobertamento militar e um grande mistério, estranhas chuvas que provocam relâmpagos da cor de sangue. A trama gira em torno de Sara e Jôs, cujas lembranças os atraem a uma cidade do interior, onde viverão aterradoras experiências. Outra obra é do consultor da Revista UFO Marcos Malvezzi, Força Estranha (Editora Barbara, 2012), envolvendo uma cidade interiorana, conspirações governamentais, viagens no tempo e avistamentos de UFOs e estranhas criaturas. O personagem principal, Lamar, observa os acontecimentos e recorda-se de um misterioso personagem de sua infância, que lhe trazia estranhos presentes que pareciam saídos do século XXI.
Um dos mais prolíficos autores e divulgadores da literatura fantástica e da FCB tem sido Ademir Pascale. Autor de vários livros e organizador de diversas antologias, um dos destaques vai para Invasão, com contos de vários autores e lançada pela Giz Editorial, suas histórias abordam diversos temas ligados à invasão da Terra por alienígenas. Pascale também publicava o Terrorzine, ebook gratuito com várias edições. No número 26, dedicado aos alienígenas, participaram o consultor da Revista UFO Renato A. Azevedo, e o coeditor da Revista UFO Thiago Ticcheti. A primeira participação de Azevedo foi no Terrorzine 6, dedicado ao folclore, com o conto A Mulher de Branco, dando uma interpretação ufológica a esse mito. Ele também tomou parte do número 22, com a história Tudo tem uma Explicação Razoável. Ademir Pascale ainda organizou o ebook gratuito Invasão Alienígena, com participação de vários autores incluindo Roberto de Sousa Causo e Renato A. Azevedo.
EXPLORANDO OS GRANDES TEMAS DA UFOLOGIA BRASILEIRA
Um dos grandes destaques entre os lançamentos literários dos últimos anos foi a antologia
UFOs: contos Não identificados. Lançado em 2010 pela Editora Literata, o livro teve organização de Georgette Silen, uma das mais consagradas autoras da literatura fantástica brasileira. Na apresentação, intitulada Olhando para as Estrelas, Georgette comenta a respeito das interpretações ufológicas para o mito do Boitatá, além de revelar ter observado em Caçapava, cidade onde reside até hoje, luzes não identificadas em certa noite de maio de 1986, durante os extraordinários acontecimentos da Noite Oficial dos UFOs no Brasil. Nos contos elaborados por uma grande seleção de autores há as mais variadas interpretações para o Fenômeno UFO, incluindo a participação como autor convidado de Renato A. Azevedo. O livro é ilustrado por Anubian Etriel, tornando-o uma das obras mais elogiadas dos últimos anos.
O consultor da Revista UFO Renato A. Azevedo tem divulgado e explorado o gênero da ficção científica, e o subgênero da ficção ufológica, há vários anos. Em 2005 foi editor convidado da UFO Especial 36 – Alienígenas na Ficção Científica, e em 2008 lançou, pela Tarja Editorial, seu primeiro livro, De Roswell a Varginha. Na trama é explorada uma ponte entre os dois famosos casos da Ufologia Mundial, com o início do processo de investigação que pode revelar uma conspiração de alcance global. Esse universo ficcional foi mais explorado na coletânea Filhas das Estrelas (Estronho, 2011), onde Azevedo incorpora vários elementos à trama, incluindo também a Operação Prato. Como conto bônus o livro termina com Zé da Pinga, história onde um mendigo é abduzido em uma cidade do interior, originamente publicado pela revista Sci-Fi News em sua edição 62, de dezembro de 2002.
Recentemente Renato Azevedo participou como convidado de Adeus Planeta Terra (Editora Online Corujito/Literata), na qual os autores exploraram a reaidade dos sobreviventes de uma invasão alienígena. Anteriormente pela Sci-Fi News, entre 2004 e 2006, Azevedo publicou uma série de contos intitulada A Lista, explorando a teoria dos universos paralelos. A Lista é um misterioso fórum na internet que conecta pessoas em várias realidades, e cada participante é sempre alguém ligado à cultura e conhecimento. Os contos tem um conteúdo denso e com muita crítica social, e a primeira publicação em livro foi em A Fantástica Literatura Queer, Volume Laranja (Tarja Editorial, 2011). Em 2014, pela Buriti, o consultor participou da antologia Monstros, novamente com organização de Georgette Silen, além de tomar parte do Somnium 110, publicação digital e gratuita do Clube de Leitores de Ficção Científica (CLFC). Seu mais recente lançamento foi o ebook A Lista: Fenda na Realidade, disponível na Amazon, descrevendo um fenômeno cósmico que ameaça várias realidades. O gênero da ficção científica e o subgênero da ficção ufológica têm lutado para conquistar seu espaço, contando com leitores fiéis, a persistente campanha realizada pelo já mencionado CLFC, e a divulgação feita por vários sites de entretenimento e blogs, explorando universos fantásticos no esforço para a conquista de novos leitores.
Confira a arte de Henrique Alvin Corrêa para A Guerra dos Mundos
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je sob sigilo. O livro apresenta detalhes até então desconhecidos de como nossos militares conduziram investigações secretas de incidentes com naves alienígenas no país. Entre eles estão as impressionantes conclusões da Aeronáutica após conduzir a Operação Prato na Selva Amazônica, para apurar o Fenômeno Chupa-Chupa. O autor, Marco Antonio Petit, é um dos mais conhecidos e respeitados ufólogos brasileiros, co-editor da Revista UFO há 20 anos e autor de várias obras sobre a presença alienígena na Terra.