
Já em 1924 Edwin Powell Hubble (1889-1953) afirmava que nossa galáxia não era a única. Cinco anos depois, ele fez a observação de que, em qualquer lugar para onde se olhe no universo, galáxias distantes estariam se afastando rapidamente da nossa. Em outras palavras, para Hubble, o cosmos estava se expandindo — e se ele se expande, isso significa que um dia ele foi menor e mais denso. As observações do cientista sugeriam que teria havido um tempo em que o universo fora infinitamente menor e mais denso.
Mais recentemente, a partir de experiências realizadas na Antártida, com base nas descobertas do Telescópio Espacial Hubble, lançado ao espaço em 1990 como homenagem ao cientista, foram medidas flutuações no nível de radiação remanescente da explosão inicial do universo, o chamado Big Bang, ocorrido há 13,7 bilhões de anos — que teria sido responsável pelo lançamento de jatos de matéria em todas as direções. Os resultados obtidos reúnem abundantes evidências que favorecem a tese da expansão infinita.
Além disso, observações conduzidas em 1998 sobre estrelas agonizantes, chamadas de supernovas, permitiram concluir que essa expansão está se acelerando, e a velocidade com que as galáxias se afastam umas das outras pode até mesmo ser calculada através da Lei de Hubble, na equação V = H x d, na qual V representa a velocidade de expansão, H é a Constante de Hubble e d seria a distância até uma determinada galáxia. A taxa de expansão do universo, pelos parâmetros do cientista, seria atualmente de cerca de 20 km/s a cada milhão de anos-luz.
Surgem os exoplanetas
O astrônomo norte-americano Edward Emerson Barnard (1857-1923) descobriu em 1916, na Constelação de Ofiucus, uma pequena estrela que é a mais próxima de nosso Sol depois de Alfa Centauri — ela batizada de estrela Barnard. Após 50 anos de estudos sobre tal estrela, outro astrônomo dos Estados Unidos, Peter Van de Kamp, divulgou suas conclusões aos colegas. Para ele, Barnard tinha pelo menos um planeta orbitando-a. Em junho de 1969, tendo refeito seus cálculos, Van de Kamp descobriu que a estrela era acompanhada por dois exoplanetas, e não um único. Suas descobertas, no entanto, não se limitaram a esses dois mundos.
Estudando com mais detalhes o comportamento desses dois corpos, o cientista concluiu que ao redor da estrela Barnard devem girar pelo menos mais dois ou três planetas, tão pequenos que seriam indetectáveis por instrumentos astronômicos de então. Esses orbes teriam, com grande probabilidade, dimensões semelhantes às da Terra e de Marte. Enfim, a busca ficava mais emocionante à medida que crescia o número de planetas descobertos em torno de outras estrelas.
Em outubro de 1995, os astrônomos suíços Michel Mayor e Didier Queloz anunciaram a descoberta de um exoplaneta girando em torno da estrela 51 Pegasi. E um mês após aquela revelação, outros dois planetas foram encontrados, um na Constelação de Virgem e outro na Constelação da Ursa Maior. Não havia, até então, evidências seguras de verdadeiros sistemas estelares como o nosso — um sol e vários planetas —, até que, em abril de 1999, uma declaração surpreendente dava conta da descoberta do primeiro sistema estelar além do nosso. A estrela Upsilon Andromedae, situada a “apenas” 44 anos-luz de nós, era circundada por pelo menos três gigantescos planetas.
Sistemas planetários
A descoberta fincou as raízes da crença de que o universo fervilha de sistemas planetários — e que, possivelmente, alguns deles devem reunir condições de habitabilidade. “Essa é uma descoberta muito importante, que está nos dizendo que sistemas planetários são uma constante e alguns deles bem estáveis. E também que a existência de planetas habitados é altamente provável”, disse Douglas Lin, da Universidade da Califórnia. Um passo adicional foi dado com recente descoberta de cientistas do Instituto de Tecnologia da Califórnia (CalTech), chefiados pelo astrônomo David Charbonneau. Análises de imagens fornecidas pelo Telescópio Espacial Hubble revelaram pela primeira vez a existência de um planeta com atmosfera fora do nosso Sistema Solar.
O planeta havia sido descoberto em 1999, porém, somente agora sua atmosfera foi detectada. Segundo Charbonneau, o achado “inaugura uma nova fase na exploração de planetas fora do Sistema Solar”, os também conhecidos como planetas extrassolares. Seu otimismo, no entanto, é contido. Análises realizadas até agora indicam ser o planeta gigante e basicamente gasoso, como nossos vizinhos Júpiter e Saturno, oferecendo poucas condições favoráveis à vida — em grande parte devido à alta temperatura de sua atmosfera, algo em torno de 1.100º C, provocada pela proximidade de seu sol.
Forças gravitacionais
Até o momento, já são conhecidos mais de 2.500 planetas fora do Sistema Solar, sendo que o menor deles é pelo menos 50 vezes maior que a Terra [Veja edição UFO 184, agora disponível na íntegra em ufo.com.br]. As futuras missões espaciais vão procurar esclarecer o pouco que se sabe acerca das condições desses mundos. Sabe-se, porém, que nenhum dos planetas gigantes situados em outros sistemas é capaz de dividir seu espaço com planetas nanicos, uma vez que as enormes forças gravitacionais destroçariam corpos do tamanho da Terra.
Dados fornecidos pelo Telescópio Espacial Kepler, divulgados recentemente no site Space [www.space.com] por pesquisadores do Laboratório de Propulsão a Jato, da NASA, sugerem que até 2,7% das estrelas parecidas com o Sol possam ter planetas com dimensões próximas à da Terra. Poderiam existir, dessa forma, até dois bilhões de mundos de tamanho semelhante ao nosso. “Com essa quantidade tão grande, existe uma boa chance que a vida, inclusive a inteligente, possa existir em alguns desses planetas. E isso apenas em nossa galáxia”, foi o que afirmou o astrônomo Joseph Catanzarite. Ele acrescentou, otimista: “Eu espero um dia ouvir a notícia da descoberta de ‘outra Terra’ habitável ao redor de algumas dessas estrelas”.