Esse texto é muito elucidativo , e nos dá uma noção da complexidade do tema : Hipnose na Ufologia .
\” Eu me antagonizei com muitas pessoas porque eu penso que o modo com que estão tratando os raptos é errado. Não só está cientificamente errado, está moralmente e eticamente errado. Eu falo para as pessoas não deixarem ninguém as hipnotizar se viram uma luz estranha no céu \”.
Jacques Vallee
Atualmente, o uso de hipnose têm sido usada como a principal ferramentas para se provar a existência de reencarnação e de abdução por entidades extraterrestres.
A Terapia de Vidas Passadas (TVP), desenvolvida na década de 1960 pelo psicólogo norte americano Morris Netherton, consiste na suposição de que um paciente submetido à hipnose pode lembrar-se de eventos ocorridos numa vida anterior, fazendo com que, desta forma, se descubra a origem de alguns problemas psicológicos, assim, por exemplo, uma paciente consegue aprender a vencer sua fobia pela natação ao descobrir que numa vida anterior foi vítima de afogamento.
Em virtude de muitas vezes haver realmente, ou aparentemente, a cura destas fobias, os defensores da crença na reencarnação concluem que tal resultado se constitui em prova da existência de uma vida anterior e da eficiência do uso de hipnose para se recordar de eventos esquecidos por algum motivo. Diante da aparente possibilidade de se poder recordar até mesmo de vidas anteriores, se conclui que o método de hipnose é igualmente eficiente para se recordar de qualquer coisa que tenha ocorrido na vida atual, portanto é usado para se recordar de casos de abdução por extraterrestres, partindo-se da suposição de que a pessoa abduzida se esqueceu dos eventos, devido a fortíssimos traumas emocionais relacionadas a experiências dentre na nave extraterrestre ou pelo fato dos tripulantes do OVNI terem apagado propositalmente as lembranças da abdução através de métodos extraterrestres de apagamento de memória.
Concluir que se recordar de experiências apagadas da lembrança consciente da vida atual, ou de supostas vidas passadas, é evidência de que as lembranças são verdadeiras é uma conclusão que não se sustenta na lógica exigida para que algo seja considerado científico, pois os defensores da hipnose partem do pressuposto de que a teoria do \”video-tape da memória\” é um fato comprovado, entretanto, é provável que a teoria da \”memória reconstrutiva\” represente uma descrição mais acurada do funcionamento de nossa memória, ou seja, a memória da pessoa sob hipnose pode ser alterada e mudada mediante \”dicas\” sutis dadas pelo hipnotizador. O prestígio dos métodos hipnóticos para se restaurar lembranças se mantém graças a erros lógicos ou ignorância de diversos fatos que mostram suas limitações e erros cometidos.
Atualmente, já se sabe que a hipnose é uma fonte pouco confiável para obter informações verdadeiras. Tribunais já não a usam para adquirir informações ou provas testemunhais, a Suprema corte da Califórnia, por exemplo, afirmou que \”a memória não funciona como um video-tape, mas fica sujeita a numerosas influências que vão continuamente alterando seu conteúdo\” (Bobgan, P. 25. State Supreme Court Rejects Hypnosis Testimony, Santa Barbara News Press, 12 de março de 1982, A16).
Na revista Science, Kenneth Bowers, psicólogo da Universidade de Waterloo, Ontário, Canadá, e Jane Dywan, psicóloga de McMaster University afirmaram que \”embora a hipnose aumente a capacidade de recordar, ela também aumenta a incidência de erros. Nesse estudo, pessoas hipnotizadas lembraram-se corretamente do dobro de coisas que os membros de um grupo de controle não sujeitos à hipnose se lembraram, mas cometeram três vezes mais erros. Durante a hipnose, a pessoa vai criando memórias\” (conforme Elizabeth Stark, Hipnosis on Trial (A hipnose nos julgamentos), Psychology Today, fevereiro de 1984, pág 35).
Num artigo da Revista Superinteressante, nº 1, ano 9, de janeiro de 1995 afirma-se que em 1995 já havia nos tribunais dos Estados Unidos mais de 3.000 processos ativados devido a suposta recordação de lembranças reprimidas na infância, porém, ficou evidenciado em vários processos que estas lembranças não se referiam a fatos realmente ocorridos, tratavam-se de memórias falsamente implantadas de forma que a própria pessoa que as possuía não conseguia determinar que eram lembranças falsas. Em maio de 1994, na Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard, dezenas de neurologistas se reuniram para se reuniram para discutir o problema de quem tem recordações mentirosas. Apesar dos estudos, a ciência ainda não consegue determinar quando uma lembrança é reprimida (portanto, verdadeira) ou falsa, sendo, nos tribunais, necessário fazer um bom trabalho de investigação para confirmar se as lembranças que foram despertadas repentinamente na mente de pessoas são lembranças que estavam reprimidas ou lembranças falsamente implantadas de alguma forma.
Implantar falsas lembranças através de hipnotismo não é uma prática difícil e pode se dar até mesmo acidentalmente através de sutis sugestões. O mero fato de se sugerir a uma pessoa que seu trauma pode ser proveniente de uma abdução cuja lembrança foi apagada de seu consciente, pode levar a pessoa, quando hipnotizada, a criar uma falsa memória de um rapto por extraterrestres. Em experiências onde foram implantadas falsas lembranças, as narrativas das pessoas que foram propositalmente sugestionadas a crer que foram abduzidas foram bastante similares às experiências tidas como reais, não apresentando quase nenhuma diferença substancial, sendo semelhantes até mesmo as entidades descritas (Lawsin, Alien Roots, pág 166; cf. Lawson, \”What Can We Learn from Hypnosis of Imaginary Abductees?\” em 177 MUFON Symposium Proceedings, pág. 107 e 166).
John Rimmer conclui, em sua obra Evidence for Alien Abductions (Evidências de Seqüestros por Alienígenas, pág. 152, Wellinborough, North Hamptonshire: The Aquarium Press, 1984), que as experiências relacionadas aos OVNIs são \”de origem quase que completamente psicológica\”.
Apesar de um hipnotizador humano poder produzir experiências de seqüestros de por OVNIs quase idênticas às dos que tiveram experiências \”reais\” desse tipo, ainda há evidências da existência de algum tipo de entidade responsável por criar as falsas memórias. Ann Druffel, em Hypnotic Regression of UFO Abductions, em Flying Saucer Review, vol.25, nº 5, pág 31, observa: \”A diferença é que nos incidentes reais de seqüestro parece haver estímulos alienígenas (i. e., adicionais) interagindo com a mente das testemunhas\”.