Mesmo passados 60 anos desde o início da Ufologia, não é novidade para ninguém a existência de uma política mundial de acobertamento de informações na área, que os militares fomentam para não revelarem à população a crescente presença alienígena em nosso planeta. Inconformado com essa incessante manobra de negação dos fatos, o estudioso Marco Antonio Petit desenvolveu sua sexta obra para mostrar as verdadeiras razões por trás do imenso receio demonstrado por nossas autoridades, que as impede de levantar o véu de silêncio que colocaram sobre o Fenômeno UFO.
Seu novo livro, UFOs: Arquivo Confidencial — Um Mergulho na Ufologia Militar Brasileira, lançado no final de julho pela coleção Biblioteca UFO, apresenta sob nova ótica alguns dos principais casos ufológicos ocorridos no país, que permanecem até hoje sob grande sigilo — como o Caso Varginha e a chamada Noite Oficial dos UFOs no Brasil. Também apresenta detalhes até então desconhecidos da Operação Prato, a missão militar realizada pela Aeronáutica, em 1977, para investigar o chamado fenômeno chupa-chupa na Amazônia. Entre os fatos agora revelados estão as verdadeiras razões que levaram ao suicídio o comandante da operação, o coronel Uyrangê Hollanda, logo após conceder entrevista exclusiva à Revista UFO, em 1997.
Petit, um ufólogo que iniciou seu trabalho na área através da Ufologia Científica, especializando-se na rica casuística ufológica do Rio de Janeiro, passou a assumir também uma visão espiritualista do Fenômeno UFO, principalmente na última década, após experiências pessoais que viveu. Ele as descreveu em seu livro UFOs, Espiritualidade e Reencarnação [Editora do Conhecimento, 2004], causando grandes surpresas na Comunidade Ufológica Brasileira. “É impossível dissociar a parte espiritual, transcendental da fenomenologia ufológica”, declara.
Apesar de ter consolidado uma postura predominantemente espiritualista na área, Petit, no entanto, não abandonou o lado objetivo do Fenômeno UFO, como mostrou ao lançar UFOs: Arquivo Confidencial, que lida com fatos materiais da Ufologia — importantes casos ufológicos, sua investigação e acobertamento pelos militares brasileiros. A nova obra foi em boa parte construída graças ao seu envolvimento com oficiais das Forças Armadas do país, de quem conquistou a confiança e que o abasteceram com informações inéditas e contundentes, inclusive sobre episódios antes desconhecidos da Ufologia Brasileira.
Eu pratico minha visão espiritualista do Fenômeno UFO sem abrir mão, em momento algum, de uma postura analítica da realidade dos fatos
Abertura de arquivo — Em UFOs: Arquivo Confidencial, Petit apresenta os bastidores das operações mais importantes em que militares da Marinha, Exército e Aeronáutica estiveram envolvidos com discos voadores e seres extraterrestres em Território Nacional. Sua empreitada pela abertura dos arquivos secretos sobre UFOs no país não é recente, e o levou a se tornar um dos principais integrantes da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), que em 2004 promoveu a campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, que resultou num encontro inédito dos estudiosos com militares da Força Aérea Brasileira (FAB), em Brasília, em 20 de maio de 2005.
Nesta entrevista, o estudioso fala pouco de sua inclinação para uma visão espiritualista do Fenômeno UFO, o que faz, segundo ele, “sem abrir mão, em momento algum, de uma postura analítica da realidade. Pelo contrário, a expansão de minha visão sobre o assunto e as implicações da presença extraterrestre no planeta teve justamente como base a busca dos sentidos, da lógica dentro do fenômeno”. E discorre mais sobre as razões que levam nossas autoridades a manter até hoje a inquebrantável política de acobertamento ufológico.
Co-editor da Revista UFO desde sua fundação, Marco Antonio Petit é um dos mais destacados, íntegros e produtivos ufólogos do país, e uma das vozes mais radicais contra o segredo imposto à presença alienígena na Terra. “Divulgar essa realidade é fundamental e tento fazê-lo em meu novo livro. Nele se verá que o nível de credibilidade da documentação militar apresentada é um divisor de águas para a aceitação da realidade dos UFOs”. Após mais de 30 anos de Ufologia, seis livros lançados, dezenas de artigos publicados e centenas de palestras proferidas, o autor está ajudando, com sua mais recente obra, a estimular o surgimento de uma consciência mais ampla e realista sobre o Fenômeno UFO.
De uns anos para cá você enveredou por um entendimento diferente da Ufologia, em que se destacou uma tendência para aceitar cada vez mais uma dimensão espiritual do Fenômeno UFO. E agora você surge com uma obra que mostrao envolvimento dos militares com os discos voadores. Por quê a guinada? Na realidade, o que aconteceu antes foi apenas uma expansão de minha visão pessoal do Fenômeno UFO, paralela à compreensão da realidade espiritual ou multidimensional do homem e do universo. Como já fiz questão de ressaltar em meus artigos, palestras e no próprio livro UFOs, Espiritualidade e Reencarnação, em nenhum momento abri mão de uma postura objetiva ante o Fenômeno UFO. Mas a expansão de minha visão sobre o assunto foi inevitável ante a constatação das profundas implicações da presença extraterrestre no planeta. Na verdade, eu apenas passei a expor publicamente o que penso sobre o aspecto mais transcendente que envolve a existência dos UFOs e suas tripulações, queiram alguns aceitar ou não.
Em OVNIs Na Serra da Beleza [Editora do Conhecimento, 2006], por exemplo, você mostra casos ufológicos materiais, observações e aterrissagens de naves, encontros diretos com alienígenas etc. Já neste trabalho você deixava transparecer um pouco dessa sua tendência de ver os UFOs de maneira mais profunda. O livro é um bom exemplo do que eu disse há pouco. De fato, OVNIs Na Serra da Beleza deixa claro como minhas investigações da casuística naquela área de incidência, associadas às experiências pessoais que comecei a viver, permitiram a fusão definitiva dessas duas vertentes da área ufológica em minha postura. Na verdade, elas nunca deveriam ser consideradas coisas distintas. Minha percepção sobre as interferências genéticas implementadas pelos extraterrestres na humanidade, ligada à nossa evolução biológica e a interação com nosso despertar espiritual, só tornam mais urgente um trabalho definitivo de esclarecimento da realidade da presença extraterrestre. Neste sentido, um livro sobre o envolvimento de nossos militares com UFOs pode ser uma peça importante, e até mesmo fundamental.
Em seu novo livro você faz uma grave denúncia sobre o acobertamento militar no Brasil. Você acha importante a Comunidade Ufológica Brasileira entender o envolvimento de nossas Forças Armadas com os UFOs? Sim, pois uma boa parcela do que já aconteceu quanto à presença extraterrestre no planeta está documentada nos arquivos secretos das Forças Armadas. Divulgar esta realidade é fundamental, pois o nível de credibilidade da documentação militar apresentada no livro, pelo menos para algumas pessoas, pode ser um divisor de águas para a aceitação dos UFOs. Outro fato relevante é o de que nossos militares se envolveram com os discos voadores bem antes do assunto chegar a ser discutido pelos civis e pela mídia em geral. Revelo em UFOs: Arquivo Confidencial experiências de contato ocorridas em nosso país muito antes da queda da nave em Roswell, por exemplo, ou do avistamento do piloto norte-americano Kenneth Arnold. Estas informações estão associadas à atuação de um militar de alta patente que conheci, que, inclusive, esteve nos Estados Unidos para testemunhar um teste nuclear.
Você acredita que os militares brasileiros, ou mesmo de outros países, sabem mais do que os ufólogos civis sobre o Fenômeno UFO? No que diz respeito à compreensão do fenômeno, creio que estariam no mesmo nível dos pesquisadores civis, tanto no Brasil como no exterior. Mas a estrutura militar de nossas Forças Armadas, e de outras nações mais desenvolvidas, com certeza permite um acompanhamento mais direto da presença de UFOs em nossos céus, o que tem possibilitado a geração de farta documentação. Isso para não falarmos dos casos de naves acidentadas, recolhidas pelos militares de várias nações, inclusive no Brasil. Um fato que não podemos desconsiderar é o rumo prioritário que a pesquisa militar acabou por tomar. Enquanto para nós, civis, o mais importante é perceber o sentido maior da presença extraterrestre no planeta e constatar de que maneira estaríamos relacionados com tais civilizações, aqueles que estão do outro lado desta história, por questões estratégicas, mergulharam na busca da tecnologia destas naves. Principalmente nos EUA, onde a tecnologia alienígena passou a ser assunto de maior classificação dentro do rol de segredos militares, e não é difícil entender porquê. Mesmo no Brasil, o interesse pela tecnologia extraterrestre não é uma ficção no meio militar, até por questões estratégicas.
O subtítulo de seu livro – Um Mergulho na Ufologia Militar Brasileira – estimula um questionamento. Você acredita que exista no meio militar brasileiro algo como há no meio civil, ou seja, um processo de investigação sistemática da presença alienígena na Terra? Pensar que o que acontece dentro de nossos quartéis e bases aéreas, no que diz respeito aos UFOs, é o mesmo que está documentado nos arquivos secretos militares, com certeza é um exercício de ingenuidade. Eu mesmo já fui contatado por um militar da Aeronáutica que deixou claro que não é bem assim que as coisas acontecem. Ele fazia parte de um grupo de militares contrários ao acobertamento ufológico, que vinha estudando o assunto detalhadamente. Entretanto, esse grupo não existia como uma coisa oficial e não havia qualquer registro de suas atividades. Em meu segundo encontro com esse militar, ocorrido no Rio de Janeiro (o primeiro ocorreu em Minas Gerais), para demonstrar que eu não estava diante de um contador de histórias e que ele tinha acesso a informações privilegiadas, o militar apresentou uma pasta com cerca de 300 páginas de documentação de casos ufológicos no Brasil. Tal material, apesar do valor das informações, não trazia qualquer classificação ou identificação de seu grau de sigilo — era algo para uso de um grupo restrito. Ele chegou a permitir que eu fizesse cópia de um documento relacionado à alta incidência ufológica no sul de Minas Gerais no período do Caso Varginha, desde que eu não o divulgasse. Hoje não tenho dúvidas de que aquilo foi uma espécie de teste que o militar me aplicou. Em meu livro, fiz menção ao documento, mas não o publiquei, devido ao compromisso assumido.
Você acha que há dentro do meio militar brasileiro muita gente interessada em pesquisar o Fenômeno UFO e, talvez, até em fazer alguma parceria com os ufólogos civis? Sim, e eis outro exemplo disso e da existência de grupos de militares engajados na pesquisa dos UFOs. Na época em que meus estudos na Serra da Beleza começaram a ser divulgados, recebi o convite de um grupo de militares para tratar do assunto com eles, em reuniões reservadas. Tal convite foi feito através de uma das figuras mais proeminentes da área parapsicológica em nosso país, na época, que trabalhava no Centro Tecnológico do Exército. A proposta era para que eu informasse aos militares sobre minhas pesquisas na Serra. Foi-me dito claramente que “eles dariam toda a segurança e colocariam sua estrutura à disposição do trabalho”, mas as informações passariam a ser controladas, ou seja, eu perderia minha liberdade de falar e divulgar aquilo que estava conseguindo no local. Diante desta situação, resolvi deixar a proposta cair no esquecimento. Na verdade eu nunca disse não, mas minha resposta foi entendida, de uma maneira ou outra.
O militar que o procurou e mostrou os documentos falou mais alguma coisa? Sim, em nosso segundo encontro, no Rio de Janeiro, ele chegou a dizer que em breve alguns membros da Equipe UFO seriam procurados, desde que mantivessem a conduta de seriedade que demonstravam. Chegou a citar alguns nomes, além do meu, como o de Claudeir Covo, co-editor da Revista UFO, e do editor Gevaerd. O militar disse que eles vinham sendo mantidos “em observação”. Como se vê, o assunto é estudado com muita profundidade por nossas Forças Armadas, por grupos que não precisam estar vinculados a uma sigla ou a um projeto. E se isso não ocorresse, seria uma total irresponsabilidade por parte de nossos militares, que sabem que os UFOs existem e estão aqui para ficar.
Não tem o menor cabimento a tese de que o coronel Uyrangê Hollanda, comandante da Operação Prato, teria sido “suicidado” por falar demais em sua entrevista à Revista UFO. Isso só existe na cabeça de indivíduos desinformados e que nunca pesquisaram os fatos, nem na época, nem agora
Entre os fatos que você apresenta em seu novo livro, estão os bastidores do surgimento da Ufologia Militar Brasileira, envolvendo a cúpula das Forças Armadas na década de 50, como o Io Inquérito Confidencial sobre Objetos Não Identificados, realizado em 1954, na Escola Superior de Guerra. Você acha que naquela época havia mais interesse dos militares quanto aos UFOs? Acredito que o interesse continua grande. Até porque, o número de UFOs que invadem nosso espaço aéreo continua a aumentar desde o início da chamada Era Moderna dos Discos Voadores, em 1947. Meus contatos com militares na atualidade confirmam isso. Mas, infelizmente, com poucas exceções, aqueles que vêm ocupando maiores cargos na hierarquia de nossas Forças Armadas, justamente pelas implicações da Segurança Nacional e das possíveis decorrências de uma abertura que revele oficialmente a verdade sobre a presença extraterrestre, não estão dispostos a assumir tamanha responsabilidade. Por falta de coragem, preferem o que não faltou aos seus antecessores em algumas ocasiões do passado, ou seja, torcer para que as coisas continuem sob controle. Na verdade, não há nada mais perigoso no momento atual do que tal atitude.
Você apresenta em UFOs: Arquivo Confidencial alguns fatos ainda desconhecidos da população e até dos ufólogos brasileiros sobre o Caso Varginha, denunciando as ações militares de abafamento do episódio. Como um dos investigadores do caso, por que guardou para si esses fatos e o que o fez decidir apresentá-los agora? Na realidade, para um melhor entendimento desta questão, existem duas situações distintas que tenho que comentar. Em primeiro lugar, não fazia sentido divulgar determinadas informações antes que as mesmas fossem checadas e confirmadas, ou pelo menos antes que surgissem depoimentos paralelos que as substanciassem, com sinais indicativos de um mínimo de credibilidade. Por outro lado, UFOs: Arquivo Confidencial apresenta alguns avanços na compreensão do Caso Varginha e do que realmente parece ter acontecido no sul de Minas. Isso só foi possível com o passar dos anos, com o surgimento de novas informações, que tiveram origem em novas testemunhas militares e me permitiram separar as especulações do passado de algo realmente confiável e passível de ser oferecido aos meus leitores. Hoje mesmo há militares, amigos meus, mesmo fora do Exército, que estão tentando chegar mais fundo em certos aspectos do caso. Ainda não sabemos de muita coisa, e seria uma ilusão de minha parte acreditar o contrário.
Você também considera o Caso Varginha o principal fato da Ufologia Brasileira? Qual é sua visão desse acontecimento? O caso Varginha não é apenas um episódio de contato com tripulantes. Existe um enredo dentro do qual estão relacionados fatos e ocorrências verificadas ao longo de meses, que transcenderam os limites geográficos de Minas Gerais. Cada uma de nossas fontes militares, como acontece também com as civis, possuem conhecimento apenas dos fatos com os quais estiveram envolvidos diretamente. Esta situação não aconteceu por acaso. Os mentores do processo de acobertamento do Caso Varginha, incluindo o comando da Escola de Sargento das Armas (ESA) e a inteligência do Exército, desenvolveram procedimentos para confundir e não tornar perceptível para seu contingente (que participava de atividades cruciais, como o transporte das criaturas recolhidas) a real natureza das missões. Mas, evidentemente, nem sempre tal política atinge os resultados esperados, e assim alguns militares que não possuíam credenciais de segurança tiveram que lidar com determinadas situações, para as quais nem estavam preparados. Em UFOs: Arquivo Confidencial eu dedico um capítulo ao chamado Regulamento para Salvaguarda de Assuntos Sigilosos, um documento oficial do Governo Brasileiro, para explicar as engrenagens do processo de acobertamento. Hoje eu tenho certeza de que ainda existem lacunas dentro da cronologia dos fatos relacionados ao Caso Varginha, que mais cedo ou mais tarde deverão ser preenchidas pela localização de novas fontes, sejam elas militares ou civis.
Há ainda alguma informação sobre Varginha que você tenha resguardado e não utilizado em seu livro? Há algo que você saiba sobre o episódio que ainda não pode ser revelado? Não, nada. Desde a minha primeira viagem à Varginha, para investigar o caso, eu e os demais integrantes da equipe percebemos que estávamos diante de algo realmente singular – assim como de algo que estaria sujeito ao maior processo de acobertamento da história da Ufologia Brasileira. No dia 04 de maio de 1996, depois de gravar em vídeo o primeiro depoimento de um dos militares envolvidos diretamente com os fatos, ao lado do pesquisador Victório Pacaccini, passamos para a imprensa nacional e internacional, pela primeira vez, os nomes dos primeiros militares do Exército envolvidos com o Caso Varginha. Esse fato teve importância fundamental dentro do processo de convencimento da mídia quanto à realidade dos fatos, e foi precedido por momentos ainda desconhecidos do grande público, que também revelo em meu livro…
Você pode adiantar alguma coisa? Sim. Na tarde daquele dia houve uma espécie de votação entre cerca de 60 ufólogos presentes na reunião, cujo objetivo era decidir se os nomes dos militares que participaram da captura e transporte dos ETs seriam dados ou não à imprensa. Quando voltei da gravação, fui informado de que a maioria tinha votado contra, e prontamente expliquei ao Ubirajara Rodrigues, descobridor do caso e seu principal investigador, e Claudeir Covo, também à frente das investigações, que se não déssemos para mídia algo realmente de peso, que mostrasse definitivamente que estávamos comprometidos com um caso significativo e dispostos a enfrentar qualquer situação em prol de sua divulgação, haveria uma desmoralização gradativa do Caso Varginha. Os dois pesquisadores pensavam exatamente da mesma forma, e assim resolvemos, mesmo contrariando aqueles que não queriam assumir uma responsabilidade maior, divulgar os nomes, começando pelo do coronel Olímpio Wanderlei, comandante das operações. Falando claramente, muitos dos ufólogos presentes temiam sofrer alguma conseqüência se os nomes fossem divulgados.
O que a decisão de revelar os nomes dos militares à imprensa resultou para a pesquisa do Caso Varginha? A divulgação dos nomes dos primeiros militares envolvidos, narrada em detalhes em meu livro, mudou a história do caso e do que veio a acontecer depois. O comando da ESA e até do Exército brasileiro descobriram que os ufólogos que estavam à frente das investigações, como muito bem disse Ubirajara no final da reunião com a imprensa, “não estavam brincando de fazer Ufologia”. O mais surpreendente nessa história foi que alguns ufólogos, que haviam passado o dia falando de suas descobertas, quando foram convocados por Ubirajara para passarem suas informações aos jornalistas, se recusaram a fazê-lo, preferindo o silêncio. Com o passar dos anos, as investigações do caso atingiram um nível de aprofundamento e confiabilidade tais que, mesmo que qualquer um dos principais investigadores resolvesse negar sua realidade, encontraria sérias dificuldades. Quero dizer ainda que, diante de certas situações relacionadas à importância do caso, durante os meses em que passei escrevendo UFOs: Arquivo Confidencial, percebi que nenhum de nós tem o direito de omitir aquilo que sabemos sobre a história, mesmo que faça parte de particularidades de nossas vidas. Afinal, estaríamos compactuando com o acobertamento e fragilizando aquilo que lutamos para estabelecer. Por isso eu digo que não existe nada de relevante que eu tenha deixado no esquecimento.
No livro você também apresenta detalhes pouco conhecidos sobre a Operação Prato e mostra as opiniões de ufólogos, testemunhas e até dos oficiais que conduziram aquela missão. Qual é sua opinião pessoal sobre os ataques do chupa-chupa que aconteceram na selva? Minha primeira fonte de informações sobre o fenômeno chupa-chupa foi o pesquisador Daniel Rebisso Giese, autor de Vampiros Extraterrestres na Amazônia [Edição independente, 1986], que, apesar do título de seu livro, não é defensor de uma visão negativista em relação à presença de naves e sondas ufológicas no litoral do Pará. Esta opinião também não era compartilhada pelo próprio comandante da Operação Prato, o coronel Uyrangê Hollanda, que defendia que os tripulantes dos UFOs estavam, na verdade, retirando material biológico para ser estudado e permitir o desenvolvimento de uma proteção para eles em relação às nossas doenças. Os ETs estariam se preparando para o dia em que teriam uma convivência direta com nossa humanidade e nossas patologias. Um fato que questiono é a tentativa de relacionar o Fenômeno UFO na Amazônia a alguns óbitos. Eles realmente aconteceram, mas até que ponto tais mortes foram intencionais? Os documentos militares a que tive acesso, e que discuto em UFOs: Arquivo Confidencial, além das informações que obtive, inclusive de pessoas que estavam na região na época do chupa-chupa, revelam que houve uma ausência de informações quanto ao caso, decorrente justamente do acobertamento ufológico imposto pela Aeronáutica, o que levou a um estado progressivo de perplexidade e histeria por parte da população.
A razão pela qual apenas agora faço em meu livro certas revelações sobre o Caso Varginha é a de que, na época, não fazia sentido divulgar determinadas informações antes que as mesmas fossem checadas e confirmadas, ou pelo menos antes que surgissem depoimentos que as substanciassem, com sinais indicativos de um mínimo de credibilidade
Você acha que outros fatores, além do chupa-chupa, levaram aos óbitos? Veja, de um lado havia uma negação dos fatos por parte das autoridades militares, e de outro a presença e atuação de uma mídia irresponsável e sensacionalista. Estas condições só serviram para levar a população àquela situação de desespero. Bastou a Aeronáutica entrar em ação, marcar sua presença junto à população, para que a situação se modificasse. Recentemente, vimos algumas das vítimas do chupa-chupa em dois documentários sobre o fenômeno na Amazônia, nos quais tivemos participação direta. Falaram abertamente dos ataques que sofreram e da intensidade das luzes projetadas, que geraram queimaduras impressionantes, mas das quais nem uma ligeira marca puderam apresentar como sinal de seqüela.
Você acredita, como fazia o coronel Uyrangê Hollanda, citado longamente em seu livro, que os seres que efetuavam aquelas ações na área sabiam que estavam sendo observados de perto pelos militares? Sim, e este é outro fato surpreendente e difícil de explicar, que também abordo no livro, especialmente para aqueles que defendem propósitos obscuros em relação àquela onda de aparições. Foram os próprios tripulantes das naves, segundo declarações dos militares envolvidos, que decidiram demonstrar interesse em se deixar documentar. Isso ocorreu em vários momentos, inclusive na hora que partiam para o espaço, quando acionavam a propulsão dos veículos. Nestes casos, demonstravam um cuidado especial com os militares, pois só “ligavam” os “motores” a distância segura dos homens comandados por Hollanda. Minha visão sobre essa história não é muito diferente da do comandante da Operação Prato. Defendo que não devemos rotular um fenômeno tão complexo, como a presença dos UFOs na selva, de uma maneira tão simplista. Achar uma explicação para a concentração daqueles fenômenos na região é uma coisa ainda mais difícil. Podemos pensar no assunto, especular à vontade, mas a verdade é que o mistério persiste.
Em 1997, o coronel Uyrangê Hollanda deu sua bombástica entrevista à Revista UFO. O que você acha que o levou a romper seu silêncio de 20 anos e revelar tudo o que sabia? Você acha que ele temia pela própria vida? Em minha opinião, o Hollanda, como qualquer pessoa que tenha vivido algo especial e de relevância para a humanidade, sentia cada vez mais dificuldade em manter aqueles fatos exclusivamente para si. Ele vinha passando por um processo depressivo que já durava anos, que, creio, estava associado à uma espécie de “choque entre dois mundos distintos”. Ou seja, por um lado ele havia se tornado uma pessoa muito especial, com uma nova visão sobre a vida e o universo. Por outro, vivia um drama pessoal e familiar, que prefiro não tratar nesta entrevista, em respeito à sua memória e também à sua família. Com sua atitude de revelar a verdade, através da UFO, o Hollanda procurou dar um novo sentido e alento à sua vida. Ele estava fazendo aquilo que sabia ser correto: informar a verdade sobre os UFOs e detalhes de tudo que havia acontecido com ele e seus comandados na selva. Em uma palestra que fez a meu convite no Rio de Janeiro, cujos bastidores descrevo em detalhes em UFOs: Arquivo Confidencial, ele fez menção aos motivos que o levaram finalmente a falar. Entre outras coisas, disse que amanhã poderia estar morto e a história morreria consigo. Revelou ainda que sentia a necessidade de apoiar o trabalho de ufólogos e amigos, citando o Gevaerd, a professora Irene Granchi, o Rafael Sempere Durá [Já falecido], entre os quais também mencionou meu nome. Em nenhum momento Hollanda manifestou qualquer forma de receio por estar revelando a verdade.
Há muita especulação sobre o suicídio de Hollanda, em 02 de outubro de 1997, apenas algumas semanas antes da publicação da histórica entrevista na Revista UFO. Alguns dizem até que ele foi assassinado por falar demais. O que você acha dessas alegações? Isso não tem o menor cabimento! Após a entrevista, eu mantive contato constante com Hollanda e percebia seu estado depressivo muitas vezes que nos falávamos ao telefone. Conversávamos sobre o que estava sendo feito com base em seu depoimento histórico, enquanto ele se preparava para proferir a palestra a que me referi. Foi justamente a sua depressão que o levou ao suicídio. Acabei sendo a primeira pessoa do meio ufológico a tomar conhecimento do fato. Mas, apesar do aspecto trágico daquele momento, não foi nenhuma surpresa para mim, como também para o Gevaerd, o que ocorrera. Desde nosso primeiro contato com ele, na cidade de Cabo Frio (RJ), quando o entrevistamos, tomamos conhecimento do drama pessoal que ele vinha vivendo, ouvindo dele mesmo que a qualquer momento poderia acabar com sua vida. Independente disto, após tomar conhecimento do óbito, em respeito ao amigo que havia perdido, fiz questão de viajar até o local onde o fato aconteceu para averiguar as circunstâncias. Ao contrário do que eu fiz, nenhuma das pessoas que hoje questionam a versão do suicídio tentou realizar qualquer investigação sobre o ocorrido na época. E ainda assim, alguns continuam duvidando e chegam a afirmar que Hollanda nunca cometeria o suicídio. Tais pessoas, desinformadas, nunca mantiveram qualquer contato com ele na ocasião, estavam e continuaram a centenas ou milhares de quilômetros de distância do local do trágico incidente e, evidentemente, nunca fizeram nada além de especular sobre o assunto…
E infelizmente parece que estes boatos só tendem a aumentar quando pessoas desinformadas tratam do assunto como se o conhecessem… É verdade. E por isso eu trato do tema em detalhes em UFOs: Arquivo Confidencial, justamente para colocar um ponto final nessa história. Como se sabe, o Hollanda se suicidou em sua casa, onde estavam suas filhas. E segundo elas, o coronel tirou sua vida pelos mesmos motivos familiares que o levaram a tentar o mesmo ato desesperado em 1990. Tenho em meu poder, inclusive, cópias das declarações que suas filhas prestaram às autoridades policiais, que comprovam isso.
O que você acha que leva a este “clima conspiratório” na Ufologia Brasileira? O fato, infelizmente, é que existem pessoas que não conseguem respeitar a memória de um falecido, quando isto serve de estímulo para suas paranóias. Mesmo diante de um acontecimento trágico, como a morte de Hollanda, foram inventadas histórias totalmente fictícias de visitas de misteriosos homens à sua residência, de pressões que ele estaria sofrendo por parte de desconhecidos. Tais fatos nunca aconteceram! Sei exatamente o que houve nos momentos que antecederam seu ato extremo, pois conversei com alguns de seus vizinhos, que me descreveram os últimos momentos da vida do coronel. Tanto eu como o Gevaerd seríamos os últimos a aceitar o suicídio, se houvesse o menor sinal de inconsistência. Mas, infelizmente, o sensacionalismo barato de alguns, em busca de promoção pessoal, ainda encontra seguidores. Esteja onde estiver, o homem que prestou o mais importante depoimento militar da história da Ufologia Brasileira não deve estar decepcionado com as atitudes daqueles a quem resolveu deixar seu legado.
Se o coronel Hollanda tivesse sido “suicidado”, como alegam alguns, é razoável supor que você e o editor da Revista UFO também corriam sério perigo de morte, uma vez que foram os escolhidos por ele para entrevistá-lo e os que revelaram ao Brasil e ao mundo o que ele lhes confiara… É claro, mas isto certamente será muito difícil de ser compreendido pelos personagens da Ufologia Brasileira que alimentam tais teorias conspiratórias e mirabolantes. E ao contrário do que se poderia supor, em momento algum eu me senti ameaçado por estar falando o que sei sobre o assunto. Existe outro detalhe simples em relação a tudo isso: as pessoas não costumam ser mortas por divulgarem um segredo. Quando se comete um ato tão extremo, a eliminação de uma testemunha é feita para que ela sequer chegue a falar! No caso do coronel Uyrangê Hollanda, sua suposta eliminação só serviria para dar mais importância e destacar tudo o que ele havia falado.
Recentemente ocorreu em Belém (PA) o lançamento de mais um documentário sobre o fenômeno chupa-chupa e a Operação Prato. Desta vez foi uma produção local para mostrar o estado de pavor da população de Colares [Veja seção Mensagem do Editor]. O evento suscitou o seguinte questionamento: considerando que a operação tinha como um dos objetivos verificar se o Território Brasileiro estava sendo invadido por desconhecidos, e na constatação de que havia mesmo uma invasão, que eraclara e grave, mas que osintrusos eram extraterrestres, como é possível que, justamente após se descobrir um fato dessa natureza, a missão militar tenha simplesmente sido encerrada? Você não acha natural que as investigações continuassem após a constatação dos fatos, porém num nível muito superior, com militares mais preparados, estratégias mais bem definidas, recursos mais avançados e, sobretudo, num grau de sigilo muito maior? Esta com certeza é uma especulação interessante, e eu diria até mesmo natural, frente aos acontecimentos registrados no Pará e a natureza de todo o processo de abafamento de informações ufológicas. Mas, antes de dar um parecer sobre a questão, é importante dizer que todas as informações que obtive até hoje sobre a Operação Prato, incluindo as passadas pelo próprio Hollanda, revelam que ela só foi deflagrada graças à existência, na chefia do I Comando Aéreo Regional (COMAR I), de Belém, de um militar com uma posição peculiar sobre o Fenômeno UFO, capaz de ver além das aparências, e que percebeu que poderia haver algo realmente inusitado acontecendo lá. Estamos falando do brigadeiro Protázio Lopes de Oliveira. É bom lembrar que ao sul do Rio Gurupi, ainda no estado do Maranhão, uma fenomenologia exatamente igual estava sendo observada e as autoridades aeronáuticas daquela jurisdição, apesar de também terem sido requisitadas, não realizaram qualquer ação que pudesse posteriormente trazer algum comprometimento. Este é um padrão de comportamento que eu discuto em meu livro, pois está presente em várias outras situações que envolveram nossos militares.
Pouca gente sabe, mas apenas dez dias depois da chamada Noite Oficial dos UFOs no Brasil, em 19 de maio de 1986, quando nossos caças foram enviados em missão de identificação e interceptação de 21 UFOs sobre o Rio e São Paulo, inclusive portando armamento, uma nova onda ufológica atingiu em o Brasil. E nossos militares nada fizeram!
Que tipo de comprometimento eles tentam evitar? O argumento de que, após as descobertas de Hollanda, nossos comandos militares não tinham como abandonara questão ou se afastar do problema devido à gravidade da situação é facilmente contestado pelo que eles mesmos fizeram em outras ocasiões. Na noite de 19 de maio de 1986, a famosa Noite Oficial dos UFOs no Brasil, por exemplo, 21 discos voadores foram observados por nossos militares, rastreados pelos radares e perseguidos por caças da Aeronáutica. Até o coronel Ozires Silva, que deixava a presidência da Embraer para assumir a da Petrobrás, avistou os objetos! E no dia seguinte, o próprio ministro da Aeronáutica na época, brigadeiro Octávio Moreira Lima, convocou a imprensa para divulgar os fatos, fazendo ainda a promessa de que em um mês haveria a divulgação de um relatório detalhado sobre aquela noite memorável – o que nunca ocorreu. Após a reunião com a imprensa, ficaram claras a gravidade e importância do que havia acontecido. Pois bem, exatamente 10 dias depois, os UFOs voltaram para valer e uma nova formação de naves se concentrou sobre a região do Vale do Paraíba, justamente entre as duas principais capitais do país, Rio de Janeiro e São Paulo, sendo mais uma vez observados por inúmeras testemunhas, detectados pelos radares, fotografados e filmados por civis, inclusive sobre a capital paulista…
E o que a Aeronáutica fez em relação a este caso? Absolutamente nada! Nossos caças, que no primeiro episódio haviam saído em missão de identificação e interceptação, inclusive portando todo tipo de armamento disponível, foram mantidos no solo. E por quê? Simplesmente porque nossos militares já sabiam que estavam diante de objetos de origem extraterrestre. Esta é a lógica de nossos comandos militares: quando eles têm certeza de que os alvos nos radares não são terrestres, mas sim provenientes de outros planetas e detentores de alta tecnologia, sua política é a de manter distância. Como o próprio coronel Uyrangê Hollanda certa vez revelou em uma conversa, não há nada que possamos fazer a respeito de nossos visitantes, apenas observá-los. Em UFOs: Arquivo Confidencial, eu trato deste assunto detalhadamente.
Como você, que se especializou na Operação Prato e conheceu tão bem seu comandante, avalia os resultados daquela missão militar? Bem, algo que parece claro é que os surpreendentes resultados obtidos pelos militares do I COMAR não parecem ter tido como base suas capacidades técnicas. Não estou querendo desmerecer suas qualidades, mas ressaltar um fato óbvio para todos aqueles que conhecem bem esta história. E o fato é que, após as primeiras semanas de investigação na selva, os agentes da área de inteligência e o próprio comandante das pesquisas passaram a ter interação direta com as inteligências alienígenas responsáveis pelos fenômenos. Os UFOs simplesmente pareciam procurar aqueles militares para serem observados, fotografados e filmados. Os representantes daquela civilização extraterrestre ali atuando, por motivos que só podemos especular, escolheram aqueles militares para mostrar sua presença. Outra falha que vejo na análise da Operação Prato é a idéia de que existiriam outros homens, dentro da estrutura de nossas Forças Armadas, mais qualificados do que os do coronel Uyrangê Hollanda para aquela missão. Os agentes da inteligência do I COMAR, em especial o coronel, não foram escolhidos por acaso: eles tinham todas as qualificações necessárias e estavam adaptados para atuarem na Amazônia, pois aquele era seu território.
Outra coisa curiosa é que, enquanto os civis eram quase invariavelmente atacados pelo chupa-chupa no litoral do Pará, os militares não eram. Como você explica isso? Ocorre que, em dezembro de 1977, mesmo antes do término da Operação Prato, os casos de ataques do chupa-chupa eram raríssimos. Os contatos mais importantes com o fenômeno estavam sendo mantidos com os militares. E com o encerramento da missão, no final daquele mês, o número de aparições dos tais objetos declinou rapidamente. Em seguida, a incidência ufológica na área atingiu um nível de “normalidade”, com ocorrências esporádicas. A impressão que tenho, algo que é quase uma convicção, é de que os representantes daquela civilização extraterrestre atuando no litoral do Pará tinham dois objetivos: a coleta de material para estudos e um contato direto com aquele grupo militar, tendo como meta deixar uma mensagem, um legado para o futuro. Toda aquela incidência de UFOs, em 1977, seria um dos exemplos mais objetivos que temos da aproximação de extraterrestres em relação ao nosso planeta.
E o que você acredita, então, que tenha levado a Aeronáutica a tomar a decisão, abrupta e inesperada, de encerrar a Operação Prato, justamente quando ela atingia seu ponto máximo? Em minha opinião, a operação foi cancelada simplesmente por uma decisão do comando do I COMAR, tal como foi uma deliberação semelhante tê-la iniciado. Com a revelação de todo o material fotográfico e cinematográfico obtido na selva, segundo o próprio Hollanda, começaram a aparecer sinais de que os agentes envolvidos nas investigações poderiam ter tido experiências ainda maiores com ETs – talvez tivessem até mesmo participado de um processo de abdução, oculto na memória daqueles militares. O medo do que ainda pudesse estar para acontecer seria, na verdade, a causa para o fim das atividades da Operação Prato. Esta com certeza não é a visão ou interpretação mais sensacionalista para a questão, mas é minha conclusão para os fatos. Há vários anos venho mantendo contatos com dois coronéis da Força Aérea Brasileira (FAB) que conheceram o coronel Uyrangê Hollanda quando também serviram em Belém. Um deles chegou a me passar detalhes dos motivos que o levaram ao suicídio, que confirmam o que eu já havia descoberto. Ele chegou a me dizer que havia resolvido falar sobre o assunto por ter confiança em mim e por observar minha postura frente a toda esta história.
Você acha que com UFOs: Arquivo Confidencial você está pagando um tributo à memória do coronel Uyrangê Hollanda, que não queria que as atividades militares brasileiras quanto aos UFOs fossem secretas e defendia que a população tivesse acesso a elas? Não querendo tirar a importância de outros militares, que foram vitais para que meu novo livro fosse lançado, o coronel, sem dúvida, foi minha grande fonte de inspiração. Este projeto foi minha maneira de homenagear o homem que, ao mesmo tempo em que pensava na morte, fazia questão de deixar uma mensagem de vida – a de que não estamos sós no universo.
E ao encerrar esta etapa de seus trabalhos ufológicos, denunciando a política de acobertamento de forma tão contundente, você voltará a escrever sobre a conexão entre a Ufologia e a espiritualidade? Sim, tanto que, cerca de um ano atrás, antes de perceber que estávamos vivendo o momento certo para eu contar a história da Ufologia Militar Brasileira, já havia iniciado outro projeto literário. Agora vou mergulhar definitivamente neste que será meu sétimo livro, Encontros. Mais que uma continuação de UFOs, Espiritualidade e Reencarnação, vou buscar fazer nele um aprofundamento ainda maior entre o Fenômeno UFO, nossa ciência e a espiritualidade. A base deste projeto são os novos casos de abdução e contatos com ETs a que tive acesso nos últimos meses, além de experimentos ligados à física quântica e – por que não dizer? – experiências pessoais que vivi. Encontros será um tratado contra a lei do acaso, mostrando momentos especiais que passei frente aos UFOs e como encontrei pessoas que tinham algo importante para me transmitir, ou mesmo vivenciar comigo, dentro de uma programação cujos objetivos ainda são desconhecidos.
Quais serão seus próximos projetos, além do livro Encontros? Pretendo acompanhar mais de perto certos casos de abdução ainda não investigados, além de me dedicar mais ao Centro de Observação Ufológica e Espacial da Serra da Beleza, uma iniciativa minha que a Revista UFO já divulgou, em que uno Ufologia e astronomia num espaço a ser construído naquela localidade [Veja UFO 116]. O projeto arquitetônico é de Hans Donner e já foi concluído, faltando agora apenas os recursos. O próprio governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, quando ainda em campanha, empenhou sua palavra e garantiu seu apoio para o projeto. Retomarei também a campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, que está surgindo em outras bases, junto dos demais companheiros da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU).
A Ufologia acaba de completar 60 anos. O que isso significa para você? Muita coisa, mas o mais importante é o estágio que atingimos em nossa luta contra o acobertamento ufológico. É muito importante compreendermos que ninguém tem o direito de continuar a decidir se estamos preparados ou não para sabermos a verdade sobre os UFOs, seja em nosso país ou no exterior. Estamos começando a viver um tempo muito especial. A incidência ufológica continua a crescer em termos planetários, e aqueles que ainda não reconhecem esta realidade precisam ser despertados. As pessoas precisam saber o que está acontecendo, para mais à frente poderem entender o sentido maior que há por trás da aproximação definitiva destes seres, algo que mais cedo ou mais tarde nos levará a um contato definitivo. E ele acontecerá como resultado da ação de todos nós. Então, que cada um faça a sua parte. Já é chegada a hora!