Encélado foi descoberto em 1789 pelo astrônomo William Herschel, sendo a sexta maior lua de Saturno e uma das mais brilhantes. Com 504 km de diâmetro, sua distância média do gigantesco planeta é de 180.000 km, completando uma órbita em 32,9 horas. A nave Cassini, que chegou ao sistema de Saturno em 2004, já no ano seguinte fez uma das mais significativas descobertas da missão, fotografando gêiseres emitindo material para o espaço em seu polo sul.
Subsequentes sobrevoos da sonda sobre o satélite permitiram que, com seu espectrômetro de massa, identificasse nos jatos dos gêiseres água, sais e compostos orgânicos, tornando a pequena lua um dos mais fortes candidatos a abrigar vida extraterrestre em nosso Sistema Solar. Ao mesmo tempo, comprovou que mundos distantes da região habitável de uma estrela também podem abrigar vida. Foi descoberto em 2011 que o satélite gera na região polar sul 15,8 gigawatts de potência via calor, seja internamente via decomposição de elementos radioativos, e principalmente pelas forças de maré. Estas são resultado de interações gravitacionais com Saturno e luas vizinhas como Dione.
Em 03 de abril último, por sua vez, foi publicado online pela Science um artigo que comprova a existência de um oceano sob a superfície de gelo de Encélado. O texto descreve um grande lago, estendendo-se do polo sul ao equador do satélite, com uma superfície semelhante à do Lago Superior na América do Norte, que tem 127.700 km quadrados. Contudo, o oceano de Encélado tem muito mais água, com estimados 10 km de profundidade. Este se situa 30 a 40 km abaixo da frígida superfície da lua, mergulhada em temperaturas de -180º C. Os responsáveis pelo estudo ainda afirmam que o oceno está diretamente em contato com um piso de rochas abaixo, o que permite reações químicas complexas que podem eventualmente levar ao surgimento da vida.
PRIMEIRO OCEANO ALIENÍGENA DESCOBERTO PELO EFEITO GRAVITACIONAL
A equipe, liderada por Luciano Iess da Universidade Sapienza em Roma, e por Sami Asmar, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena, Califórnia, aproveitou-se de mínimos desvios da sonda Cassini, durante sobrevoos de Encélado, para medir diferenças no campo gravitacional da lua. Isso permitiu comprovar a existência de uma grande depressão no polo sul do satélite, levando à conclusão de que ali existe um oceano subsuperficial. Os cientistas afirmam que ele pode até mesmo abranger todo Encélado, mas maiores estudos são necessários a fim de confirmar isso. As antenas da NASA, a Rede de Espaço Profundo que acompanha suas missões espaciais, pode detectar uma diferença de velocidade na Cassini de 30 centímetros por hora.
O oceano de outro candidato a vida, Europa de Júpiter, foi encontrado via informações de seu campo magnético. E tal qual Encélado, existem plumasa de vapor de água na região polar sul de Europa. Ganímedes, também lua de Júpiter e a maior do Sistema Solar, também possui regiões subterrâneas com água, porém em contato unicamente com gelo, ao contrário das demais duas. Os cientistas já debatem missões de sobrevoo tanto a Europa quanto a Encélado, com instrumentos mais sofisticados que os da Cassini, e capazes de fazer uma análise mais acurada dos materiais sendo ejetados de seus oceanos, em busca das primeiras evidências de vida extraterrestre no Sistema Solar.
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