Foi confirmada por um grupo de cientistas, no último 17 de março, a descoberta de ondas gravitacionais remontando à época do Big Bang, o início do Universo há 13,8 bilhões de anos. O achado, publicado na revista Nature, foi obtido graças ao telescópio Imageador de Fundo de Polarização Extragaláctica Cósmica (BICEP2) montado na Antártida. O clima seco e céu claro da região são ideais para uma pesquisa desse tipo.
O que a equipe liderada por John Kovac, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, fez, foi buscar padrões de ondulações na radiação cósmica de micro-ondas de fundo, o eco do Big Bang que permeia todo o Universo. Eles conseguiram encontrar esses padrões, que só podem ser explicados pela presença de ondas gravitacionais como subproduto do fenômeno da inflação, um rápido crescimento do Universo instantes após o Big Bang. A inflação foi proposta em 1981 pelo físico teórico Alan Guth, a fim de explicar a evolução do Cosmos até os dias atuais.
A teoria aponta que, 10 elevado a menos 35 segundos após o Big Bang o espaço-tempo passou por um rápido crescimento diversas vezes, e muito mais veloz que a luz. Isso não quebra uma das leis da Relatividade, já que esta aponta que nada pode se mover mais depressa que a luz no espaço, e durante o período de inflação era o próprio espaço que estava se expandindo. Essa inflação produziu as ondas gravitacionais cuja existência foi agora constatada, conforme a predição de Albert Einstein em 1916, com sua Teoria Geral da Relatividade.
INFLAÇÃO PODE TER PRODUZIDO UNIVERSOS PARALELOS
Dentro da teoria da inflação existe um postulado apontando que partes do Universo podem ter se expandido mais depressa que outras. Esse fenômeno pode ter produzido bolhas de expaço-tempo que então teriam se desenvolvido como outros universos e nossa realidade poderia então ser somente uma pequena fração de um Multiverso infinito. A existência de outros universos explicaria também porque o nosso é tão bem adaptado para permitir a existência de matéria e a organização desta em elementos químicos, estrelas, planetas e vida.
As forças da natureza que permitem a existência de tudo são basicamente quatro: a força nuclear forte, a força nuclear fraca, o eletromagnetismo e a gravidade. Se qualquer uma destas fosse um pouco diferente do que conhecemos, nosso Universo poderia se tornar inabitável, resumindo-se a uma sopa de partículas elementares. Se existir um número infinito de universos, entretanto, é compreensível que vários deles, como o nosso, sejam favoráveis à existência de matéria e vida. Os próprios cientistas afirmam que modelos mais elaborados para explicar o mecanismo da inflação cósmica sempre acabam levando a uma grande possibilidade de o Multiverso de fato existir.
Assista abaixo a um vídeo sobre a descoberta:
Infográfico, como a inflação iniciou o Universo
Infográfico, como as ondas gravitacionais funcionam
Infográfico, alternativas para a Teoria do Big Bang
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Vida pode ter existido logo após o surgimento do Universo
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