Em 17 de agosto de 1995 ocorreu um incidente que até teve repercussão jornalística no momento, mas que rapidamente caiu no esquecimento. Tratou-se da queda de um objeto voador não identificado no sul da província de Salta, na Argentina. Em setembro do ano seguinte foi publicado no boletim eletrônico UFO Roundup que aquele estranho artefato era um UFO e que 200 corpos que foram levados pela nave haviam sido recuperados, e estavam a caminho de Victoria, Entre Rios. Parte dessas declarações foi atribuída à Fundação Argentina de Ovnilogia (FAO), o que não era verdade. Diante de tal situação, Luis Burgos decidiu publicar no boletim Ovniciencia da FAO um relatório sobre o caso com tudo aquilo que era conhecido até o momento. Esse documento foi fundamentado nas notícias publicadas nos jornais e revistas da época, e está sendo veiculado por ter o caso voltado a ser manchete na Argentina.
Até o momento da publicação daquele número do Ovniciencia, não se tinham informações a respeito do resgate de corpos ou do destino dos mesmos. Na realidade, não se sabia sequer o que tinha caído exatamente. Quando tudo indicava o fechamento do processo de investigação, principalmente porque já havia passado mais de dois anos do incidente e não existiam meios necessários para realizar uma análise mais detalhada e profunda, um telefonema reavivou o caso. Antônio Galvagno, o civil que esteve mais envolvido com os fatos desde o princípio, estava em Buenos Aires e desejava uma entrevista com membros da Fundação. Na tarde de 16 de outubro de 1997 foi realizada uma reunião em Enseñada, localidade vizinha da cidade de La Plata. Esse relatório é uma descrição de tudo aquilo que ocorreu em 17 de agosto de 1995 e nos dias seguintes, de acordo com a descrição de Galvagno.
Antônio Galvagno vivia com sua esposa na cidade saltenha de Joaquín V. González. A população da referida localidade gira em torno de 20 mil habitantes e suas principais atividades econômicas são a agricultura, o gado e a extração de carvão. Aquele 17 de agosto era um dia claro, sem nuvens e tranqüilo. O casal estava almoçando quando, às 13h47, escutou duas tremendas explosões. A poucos segundos do estrondo, o chão começou a tremer, os telhados e lâmpadas a se moverem. As pessoas saíam às ruas crentes que estavam diante de um terremoto. Mas logo notavam a presença de uma “enorme trança de fumaça no céu”, conforme relatou Galvagno. Os primeiros comentários sugeriam a queda de um meteorito ou de um avião.
Nuvem de fuligem — Antônio é piloto civil e se dedica à pulverização aérea de colheitas. Para isso, possui e utiliza um avião ultraleve bimotor. No momento do incidente o avião estava na pista: “Imediatamente abasteci e parti em direção à larga coluna de fumaça que nós vimos”. Segundo nos conta, o local da queda é a Serra Colorada e têm mais de um milhão de hectares. É uma área muito ampla, por isso torna-se difícil percorrer sua totalidade. Ao fazer seu primeiro contato com a coluna de fumaça, o piloto percebeu-a “como uma nuvem de fuligem, com partículas metalizadas”. Naquele dia a investigação encerrou-se sem novidades. “Voei por 3 horas até ficar sem combustível, e não encontrei nada”. A ação do vento fez com que a coluna de fumaça se dissipasse impedindo a demarcação do local exato da queda. Os próximos quinze dias também foram dedicados à busca, mas sem resultados positivos.
A aproximadamente 7 km de Joaquín V. González havia uma propriedade, onde várias pessoas tomavam sol. “Quando eles viram o fenômeno correram para pegar uma máquina fotográfica e registraram a imagem”, relatou Galvagno, que, na época do incidente, constantemente perguntava-se o que aquelas pessoas teriam visto. Depois da procura sem resultados, o piloto começou a colher os primeiros relatos de testemunhas do incidente. Os entrevistados contam que viram uma explosão e um imenso flash. A partir de então, uma bola vermelha teria descido em movimentos oscilantes, desaparecendo atrás das árvores. Segundo Galvagno, a bola vermelha não se desintegrou no ar, caindo inteira. “Quando há o impacto no chão nós o sentimos com o tremor do solo”.
Ao percorrer as cidades próximas ao fato, os testemunhos iam clarificando o panorama. Antônio conseguiu falar com mais de 100 pessoas que estavam presentes desde antes de acontecer a explosão, e acompanharam tudo. “Todos os testemunhos coincidem que desde o sul da Bolívia aparece uma espécie de prato metalizado, movendo-se em zigue-zague”. Os observadores acreditavam que o objeto tinha um tamanho aproximado de 200 a 300 m de diâmetro. “Passa baixo pelas cidades de Tunal e Galpón. Em certo momento desse vôo muito lento que vinha fazendo, é levado próximo de algumas coisas metalizadas que estavam a uma velocidade altíssima e liberavam uma fumaça da parte de trás. Quando esses dois objetos o alcançam, são produzidas as famosas explosões. As cidades das proximidades do acontecimento escutam seis explosões”. Galvagno supõe que as duas explosões que foram escutadas em Joaquín V. González cobriram as outras quatro.
Testemunhas relatam o ocorrido — Um engenheiro da companhia Plus Petrol que estava perfurando muito próximo à queda não só confirmou as seis explosões que foram ouvidas, mas também um barulho impressionante de turbina, embora sem poder identificar se era originário do próprio objeto ou daqueles que o cercavam. O engenheiro comparou o barulho com a turbina de um avião Concorde, no qual ele havia viajado várias vezes. As testemunhas que estavam mais próximas da explosão disseram que havia dois objetos estacionados no ar, e logo que caiu o terceiro desapareceram para cima.
Durante sete noites posteriores à queda, a senhora Paz Zamana – testemunha que apareceu em todos os periódicos daquela época e que residia muito perto da área – observou alguns objetos grandes, que acredita ter aproximadamente cinco vezes o tamanho da Lua cheia. “De forma lenta apareceram desde o oeste, ou seja, desde a Cordilheira dos Andes, passaram sobre a casa dela à baixa altitude, aproximadamente a 200 m”, lembrou Galvagno. A partir desses dados, o investigador supõe que essas luzes, de cor laranja muito brilhante, teriam um diâmetro aproximado de 30 m. “Lentamente, sem emitir nenhum tipo de barulho, se dirigem à área do impacto, sobrevoando a colina. Pareciam procurar algo, e sempre desapareciam atrás do morro”. Depois de uma semana, não houve nenhuma outra ocorrência, até uma quarta-feira de manhã, quando “passou uma nave gigante”. O testemunho da senhora Paz Zamana foi confirmado por outros vizinhos do local. O que foi dito por Galvagno nesse avistamento difere de algumas publicações em jornais e revistas da época. De acordo com estes, a mulher, na noite anterior à queda viu a luz laranja. Depois d
a queda apareceu durante três noites seguidas, não sete.
Mancha do outro lado da colina — Graças a estas declarações, Galvagno muda a área de procura, apesar disso não coincidir com o endereço em que acreditava. “Eu estava sobrevoando do outro lado da colina. Quando me encontrava com testemunhas, diziam que as naves estavam lá, conseqüentemente, a coisa era naquele local”. Na manhã do primeiro dia de busca no novo local, depois de aproximadamente 15 minutos de vôo, viu no chão uma área queimada com uma mancha muito larga, com aproximadamente 1.500 m de largura e 600 m de extensão. “Quando voltei, encarei a mancha novamente e o avião começa a perder sustentação. Eu estava a 200 m do cume da colina, ou seja, tinha uma boa altura. Não havia vento, estava fresco, bom para voar. Não poderia haver problemas de turbulência ou baixa pressão. Mas sentia que o avião ia cair, eu ia cair. Coloquei o motor no máximo, mas continuava descendo, sentia como se a colina me chupasse. Um acidente muito estranho”. Galvagno tem mais de 4 mil horas de vôo e segundo ele era a primeira vez que algo assim estava acontecendo.
Embora o avião estivesse completamente destruído após a queda, Galvagno não sofreu ferimentos no incidente. Depois de deixar o avião, dirigiu-se ao sinal, a aproximadamente 600 m. “Eu disse que encontrei, eu o tenho”. Quando chegou ao local, percebeu que todas as árvores haviam sido arrancadas pela raiz e voaram pelo ar, até uns 50 m de seus respectivos lugares. Também havia uma grande quantidade de um pó branco que parecia talco, porém muito mais leve e fino. Galvagno distribuiu o pó a diversas pessoas, e acabou ficando sem nada. E o que é pior, não é conhecida qualquer análise feita do mesmo.
Porém, o que mais lhe chamou a atenção é que na pedra sólida da montanha havia buracos de 70 cm até um metro. Galvagno andou pela mancha inteira a pé. A mesma termina exatamente na beira de um precipício. A partir disso, deduziu que “evidentemente o objeto seguiu e caiu de 5 a 10 km à frente”. Aquela área se caracteriza por conter profundos e estreitos precipícios de mais de 800 metros de profundidade e de difícil acesso, por falta de estradas e por serem as florestas impenetráveis. A isso se soma o fato que Antônio Galvagno estava sem avião e ninguém poderia lhe arrumar um. O piloto foi então pressionado a abandonar a procura.
Pressão para encerrar investigações — Durante os primeiros dias após a queda do objeto, foi apresentado a Galvagno um grupo de nove pessoas que pertenciam à polícia e que o proibiram de prosseguir a busca: “Me impediram a investigação, me proibiram voar”. O grupo alegou que aquele era um espaço aéreo fechado por segurança nacional. Iniciou-se, nesse momento, uma confrontação verbal muito forte, na qual Galvagno e sua equipe – várias dezenas de pessoas – seguiram firmes em sua postura de não desalojar a área. Além disso, Galvagno contava com apoio de toda a cidade, que o incentivava a não abandonar o lugar. Nesse caso, ficava evidente que um desalojamento violento por parte da polícia chamaria a atenção da imprensa. Por isso adotaram uma saída mais diplomática. “Estiveram por meia hora deliberando entre eles e, mais tarde um deles apareceu e me disse: ‘Bom, Tony, evidentemente aqui teremos que unificar as buscas. Diga o que você sabe e direi o que sabemos, e sejamos amigos’”. Propuseram-se a falar.
Eles disseram à testemunha que havia caído um pedaço em Metán e Galvagno falou que tinham que resgatá-lo com um helicóptero durante o dia. Contaram-lhe também os policiais que já haviam tentado, mas não conseguiram porque o artefato era muito grande. O grupo disse ainda que era um pedaço metalizado de cerca de 3,50 m de largura e sem peso. “Você o levanta como se pesasse 200 g. Mas se não for de helicóptero não podemos tirá-lo de lá. O tenente me falou que tinha que descer com uma corda para resgatar o pedaço pessoalmente”. Quando Galvagno perguntou se havia membros da NASA, o tenente respondeu-lhe: “Eu não sei se eles são da NASA, mas são gringos que estão controlando tudo isso”. Antônio Galvagno estranhou aquilo, já que a NASA não trabalhava daquela maneira.
No dia seguinte o tenente regressou, já sem o oficial e completamente decepcionado. “Eu escutei os helicópteros que se foram e nem sequer me permitiram entrar na propriedade”. Depois de algumas pressões semelhantes por parte de pessoas diferentes, que diziam pertencer a organismos oficiais, Galvagno chamou um amigo que trabalhava no governo em Salta. Este disse que as pressões realmente eram muitas, e para que Antônio diminuísse seus contatos. Galvagno, querendo saber mais sobre o que havia por de trás de tudo aquilo, recebeu uma resposta simples: “A ordem que os Estados Unidos deram à Argentina é não investigar”.
É claro que esse caso não foi fechado por nenhum meio. Acrescentando ao relato de Galvagno fica claro que um objeto foi derrubado por dois mísseis. Outros, mais céticos, seguem sustentando que foi um meteorito que se desintegrou e prensou-se no chão. Heriberto Janosch, do Centro Argentino para a Investigação e Refutação da Pseudociência (CAIRP), enviou uma cópia da nota ao Centro de Controle Espacial (SCC), na Estação Aérea Montanha Cheyenne, Estados Unidos. Segundo declaração oficial, eles não têm nenhum registro de que um objeto artificial reentrou na atmosfera terrestre no hemisfério sul naquele dia 17 de agosto. O SCC sugeriu que pudesse ser um meteorito que penetrara na atmosfera terrestre, ocasionando impacto e produzindo o estrondo sonoro. Seja o que for, todos concordam que “algo” caiu. Seria um UFO? Um meteorito? Talvez um satélite ou mesmo um novo protótipo de nave militar? Lamentavelmente, até que não apareça esse “algo”, não poderemos saber a verdade.