Tão logo recebeu o texto Mudando o Mundo, a Revista UFO adotou dois procedimentos: (a) publicou-o em seu site para que fosse do conhecimento de todos e pediu para que os eventuais leitores do documento se manifestassem. Com isso, a UFO cumpriu seu papel de veículo de comunicação e formadora de opinião na área. (b) Enviou cópias dele para todos os integrantes de seu Conselho Editorial, para que pudessem avaliar e opinar sobre o material, cujo feedback seria publicado posteriormente (Veja o texto na seção Destaques do Mundo Ufológico, abaixo).
O resultado é que o documento é falso, e sua detecção foi feita imediatamente pelo consultor de UFO Rogério Chola. Além dele, vários integrantes do Conselho Editorial da UFO comentaram o que acharam do conteúdo da mensagem Mudando o Mundo, sem levarem em consideração, necessariamente, sua legitimidade. A Revista UFO agiu de acordo com o que se esperava de uma publicação experiente, com mais de 20 anos de existência. Ao contrário de curiosos que se manifestaram em outros sites e listas de discussão, que atrelam suas eventuais conclusões exclusivamente a pesquisas de gabinete.
“Já havia visto o documento antes, escrito por um francês chamado Eric Julien, que utiliza o pseudônimo de Jean Ederman e que teria sumido da face da Terra em 12 de março de 2004, a bordo de uma nave arcturiana”, disse Chola em sua análise. Ele avalia que o texto é um sincretismo de várias décadas de contatos alienígenas. Chola acha que, embora algumas passagens levem a alguma reflexão, o texto não difere das mensagens de supostos contatados, como George W. Van Tassel, por exemplo. Já nosso consultor Roberto Pintucci foi mais duro em sua crítica. “Quando a mensagem fala em \’ciclos\’, isso me faz lembrar de Projeto Portal, e coisas afins”, declarou.
Pintucci argumenta que, se eles – os arcturianos – provêm de uma sociedade hierárquica, conforme a nossa e tal como foi citado no texto, e ainda que seja realmente benevolente, certamente ela também tenderá a ser ambiciosa – tanto para o bem como para o mal. “Acredita-se que somente o \’melhor\’ ou o \’mais eficiente\’ tenderá a ocupar os cargos mais elevados dentro dela”, concluiu.
Os consultores Renato Alonso Azevedo e Vanderlei D\’Agostino fizeram avaliações semelhantes. “Dizer que a humanidade terrestre está à mercê dos líderes políticos, religiosos, militares e até econômicos é verdade! Qualquer pessoa minimamente informada pode perceber isso, sem necessidade alguma de um ET nos avisar, como se pretende fazer crer através desse documento”, disse Azevedo, para quem os tais “terceiros”, mencionados no texto como invasores influindo negativamente, é pura ficção científica.
Já para D\’Agostino, o documento dispensa atenção, visto não ser digno de crédito. Outra integrante da Equipe UFO a se manifestar foi a economista Laura Elias. Ela chegou a escrever um pequeno texto com considerações obre o documento Mudando o Mundo. Com o título Será que Realmente Queremos o Contato Definitivo?, Laura faz alguns questionamentos importantíssimos sobre a questão. “A partir do momento em que Governos e universidades passarem a fazer suas pesquisas e estudos desse povo que nos contatou, o que restará aos ufólogos?”, pergunta.
Ela ainda avalia que, no caso de um contato definitivo com ETs, como prega o texto, é certo que muitas crenças desabarão, “que certezas virarão fumaça e que muita gente que usa a Ufologia como meio de explorar as pessoas e tirar delas dinheiro e saúde vai se dar mal, ao menos temporariamente”. Leia seu texto na íntegra abaixo.
Texto integral de Laura Elias, exclusivo para a Revista Ufo :
Será que realmente queremos o contato definitivo?
Laura Maria Elias, consultora da Revista Ufo
Parece paradoxal fazer esta pergunta dentro da comunidade ufológica, que vem há quase 60 anos insistindo que alienígenas nos visitam e esperando o tão famoso e comentado dia do Contato Final, que na verdade deveria se chamar contato inicial, já que será o primeiro oficialmente reconhecido e registrado pela mídia. No entanto, cabe aqui um olhar mais atento a esta questão. Será realmente que a vontade que este contato ocorra é unânime? Claro que muitas pessoas querem que isso ocorra e vêm gastando tempo e dinheiro em pesquisas que aos olhos de outros podem parecer inúteis, indo contra a opinião de amigos e familiares e até mesmo tendo problemas profissionais decorrentes de seu posicionamento em relação ao assunto.
Porém a pergunta persiste. Será que realmente todos queremos este contato? A partir do momento em que Governos e universidades passem a fazer suas pesquisas e estudos desse povo que nos contatou, o que restará aos ufólogos? O que acontecerá quando o objeto estudado se confirmar, porém fugir ao alcance das mãos? É certo que muitas crenças desabarão, que certezas virarão fumaça e que muita gente que usa a Ufologia como meio de explorar as pessoas e tirar delas dinheiro e saúde vai se dar mal, ao menos temporariamente. Temporariamente porque quem é desonesto sempre arruma uma maneira de lesar o próximo.
Contudo, ou talvez apesar de tudo, será que realmente queremos este contato direto e inegável? E o que dizer das muitas pessoas que fazem da Ufologia uma muleta, algo que as distrai de seus próprios problemas pessoais? E as muitas pessoas que assumem a atitude de donos da verdade e sabedores de tudo, que afirmam que sabem e conhecem? E as outras muitas pessoas que fazem da Ufologia um palco para um constante desfile de egos disputando um lugar sob os holofotes, para se sentirem importantes? Quem são essas pessoas que se alimentam da dúvida? Quem não quer que o contato aconteça? Faça a pergunta a você mesmo e ouça a sua resposta.
Texto integral de Rogério Chola, exclusivo para a Revista Ufo :
Considerações sobre as intenções do autor de Mudando o Mundo
Rogério Chola, consultor da Revista Ufo
O teor do documento Mudando o Mundo lembra muito também as mensagens de Ashtar Sheran (Comando Ashtar; Projeto Evacuação Mundial, Tuela etc) sobre o suposto Planeta Shan, e que foram popularizadas pelo Alexandre Kadunc. No artigo que escrevi para a Revista UFO abordei detalhadamente o teor de mensagens desta natureza. A forma de abordagem é típica de condutas autoritárias anônimas (clandestinas), camufladas em posturas de boas intenções. E ainda generaliza o público-alvo, ao relacionar que todos respondem da mesma forma a diferentes estímulos.
Pregar catástrofes e que se não mudarmos “eles” não intervirão, é típico de quem é e aceita ações autoritárias como modelo de solução de problemas. Também não difere muito dos processos manipuladores perpetrados por várias religiões, movimentos e seitas pelos séculos: o ser humano como uma marionete de forças negativas ocultas que constantemente estão nos testando e somente uma ajuda externa e acorde com as
regras “deles” poderia nos salvar.Também não compartilho de textos assim que generalizam o que há de mal no ser humano, como se todos fossem assim.
Enfim, creio o texto ser muito bonito, mas sem um conteúdo prático e objetivo, embora, como escrevi, seja interessante para ser analisado em partes que indicam a necessidade de uma tomada de postura, uma decisão. O ser humano não precisa de uma intervenção alienígena para realizar sua alquimia de transformação. Cada forma de vida tem de justificar sua existência perante a criação. As formas de vida são focos de experiência de projetos que podem ou não vingar. A civilização é o atual processo selecionador que dirá se tal modelo deverá ou não vingar.
São as duas formas de processo que ocorrem no universo: continuidade e extinção. Sobre o lance da não-interferência, realmente é algo interessante… O que poderia ser realmente considerado uma não-interferência? Em que nível? Uma simples mensagem telepática já é uma forma de interferir….Ou quem garante que tudo o que pensamos é fruto de nossa mente, não é mesmo?