Talvez o principal meio de obtenção de informações na chamada Ufologia mística ou esotérica seja a canalização, um tipo de contato por vezes semelhante à psicografia ou à incorporação espírita. Nesse processo, a pessoa entra em contato ou serve de canal para uma suposta entidade alienígena comunicar-se. A maioria dos interessados em Ufologia fica dividida entre negar que esses contatos sejam reais e aceitá-los como comunicações válidas de extraterrestres positivos. A verdade parece ser um pouco mais complicada: há muitas canalizações que são fenômenos reais, mas isso não significa que as entidades autoras das mensagens tenham intenções altruístas. Essa dualidade no julgamento das canalizações não é benéfica à Ufologia, porque termina por isolar os dois grupos em suas opiniões. Isso reflete-se em vários casos famosos em que houve contatos prolongados e depois eventualmente a “síndrome do contatado”.
Um exemplo é o caso Meier. Eduard “Billy” Meier, um ex-caminhoneiro suíço, alegou ter iniciado contatos em 1975 face a face com extraterrestres que teriam afirmado serem originários das Plêiades, trazendo mensagens para a humanidade. A principal entidade chamava-se Semjase. Meier conseguiu fotos impressionantes, mas após a confirmação de algumas fraudes em fotografias, seu caso foi rotulado por quase todos os ufólogos como um engodo total. Mas pode não ser tão simples. É possível que Meier tenha realmente obtido contatos reais, e depois perpetrado fraudes para continuar usufruindo da notoriedade, a exemplo de outros casos de síndrome do contatado. E mais que isso: as entidades que o contataram, segundo alguns pesquisadores, eram negativas, nocivas. O surpreendente é que uma variante do nome da entidade, Semjasa, havia aparecido no já citado Livro do Conhecimento, apesar de Hurtak tê-lo escrito dois anos antes, em 1973. Segundo Hurtak, Semjasa na verdade não seria das Plêiades, e representaria uma das civilizações caídas que controlam as hostes de Sataniel. É pouco provável que Meier tenha tido contato com tal livro naquela época, pois o mesmo existia então apenas nos EUA, numa edição limitada e não comercial.
Essa é uma noção que deve fazer parte do arcabouço conceitual de qualquer ufólogo: os alegados contatados não podem ser divididos em apenas duas categorias, os falsos e os reais, com interações legítimas com extraterrestres. Há também os contatos reais em que as mensagens passadas escondem más intenções. Esses contatos com entidades negativas acabam sendo subestimados por ufólogos mais reticentes, que os descartam como falsos, não contribuindo assim para o esclarecimento daqueles mais crédulos que sentiram que a mensagem é real, mas não tiveram discernimento para perceberem seus reais propósitos.
Impressões filosóficas — Em suma, as canalizações, apesar de serem um fenômeno fascinante, simplesmente não são uma fonte de informação confiável. Certamente há mensagens com conteúdo muito interessante, mas sempre há o risco de tratarem-se de comunicações com espíritos desencarnados ou mesmo com extraterrestres dispostos a manipular e a enganar. De qualquer forma, quaisquer que sejam as opiniões a respeito das canalizações, as pessoas que vivenciam o fenômeno têm que ser respeitadas. São protagonistas de algo extraordinário, e é natural que isso por vezes anuvie seu julgamento a respeito do conteúdo que recebem. É comum, em casos de contatos de alto grau com extraterrestres, que estes passem impressões filosóficas ou até algumas que poderíamos chamar de religiosas. Alguns falam de sua preocupação com o comportamento do ser humano, principalmente quanto a guerras, armas nucleares, degradação ambiental e iminência de graves conseqüências para o planeta e para a humanidade. Exortam o homem a acordar de seu sonambulismo, para que deixe de fazer deste planeta uma verdadeira favela espiritual, em que vivemos em miséria consciencial, rumando para o desastre e a autodestruição.
É necessário diferenciar esses contatos de certas mensagens canalizadas pretensamente extraterrestres que parecem só falar obviedades. A maior parte das pessoas vive alheia à realidade da presença alienígena em nosso planeta. A sociedade é mantida ignorante quanto a essa tão crucial questão. Qual será o impacto quando a verdade vier à tona? E de que forma virá? Não há muitas maneiras como isso pode acontecer. É pouco provável que algum governo importante convoque a imprensa para declarar categoricamente que discos voadores e extraterrestres existem, e que isso cause mudanças significativas. Há antecedentes, como a divulgação oficial de fotos de UFOs pelo próprio presidente francês em 1976, ou a entrevista coletiva em que o governo soviético anunciou o contato da tripulação de uma nave terrestre com alienígenas, em 1981.
Isso sem contar a admissão da Aeronáutica da chamada “noite oficial dos UFOs”, em 1986. Essas iniciativas geraram apenas algum alvoroço na imprensa e curiosidade do público, mas passageiros. Nada que quebrasse paradigmas, que mudasse mentalidades céticas. Grande porcentagem das pessoas continuaria sendo reticente ou não dando importância à presença alienígena, mesmo que os líderes políticos e espirituais do mundo a abordassem e reconhecessem. Apenas a aparição à luz do dia de naves não terrestres por períodos prolongados sobre grandes cidades ou pousadas poderá fazer com que a humanidade acorde. É isso que acreditamos que acontecerá, mas a iniciativa obviamente tem que ser dos nossos visitantes.
