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Jan Val Ellam erra duas vezes suas previsões

A. J. Gevaerd
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Apoiadores de Ellam alegam que a explosão no Oriente Médio foi evitada por ?forças cósmicas a serviço da paz na Terra?
Créditos: EDITORA DE ARTE

Antes de antecipar para 18 de novembro a data do suposto contato oficial e definitivo com ETs, que Jan Val Ellam tinha anunciado para algum dia do longo prazo de seis meses – entre a segunda quinzena de novembro e o fim de abril de 2007 –, o autor e espiritualista potiguar também havia falhado em outra de suas profecias. Quando concedeu a polêmica entrevista à UFO 126, Ellam afirmara que o encontro cósmico, infelizmente, seria precedido por uma tragédia de grandes proporções no Oriente Médio, precisamente nas terras da Palestina. A devastação seria causada “pela explosão de um ou mais artefatos bélicos portáteis, de origem nuclear, química ou biológica”, declarou sem saber especificar a real natureza da catástrofe.

A data para a realização desse vaticínio seria algum dia entre 03 e 05 de outubro, tendo Ellam sugerido o dia 04, uma quarta-feira. Como se sabe hoje, nada ocorreu no dia marcado, o que fez com que muita gente respirasse aliviada por terem sido poupadas milhares e talvez milhões de vidas humanas. Mas duas coisas chamaram à atenção dos estudiosos que acompanham desde o início a polêmica em torno das previsões de Ellam. Primeiro, o fato de que ele fizera uma afirmação ambígua, dizendo que “a tragédia poderia ou não ocorrer”. Ou seja, qualquer que fosse o resultado de sua profecia, ele teria acertado. “Assim é fácil prever qualquer coisa”, disse o psicólogo e parapsicólogo Jayme Roitman, consultor da Revista UFO. “É o mesmo que se dizer que hoje pode ou não chover, e em ambos os casos se estará certo”.

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Abnegado apoio e engodo — Mas o clima deixado no ar pela ambigüidade na previsão de Ellam foi apenas um dos aspectos que acabou por fazer seus leitores continuarem a manter o abnegado apoio ao médium. “A devastação não ocorreu porque ‘forças cósmicas’ atuaram no sentido de impedi-la”, disse Maria da Penha, fiel ouvinte do programa Projeto Orbum, apresentado na Rede Boa Nova de Rádio, que Ellam mantém nos domingos à tarde. Sua opinião representa a maioria dos leitores do médium. Na edição de 08 de outubro do referido programa, apenas quatro dias após a falha em sua previsão, ele justificou que a explosão “foi postergada, mas, infelizmente, ocorrerá de modo inexorável em data futura”. Disse que esta nova informação lhe fora passada por seus “amparadores espirituais e extraterrestres”, como sempre se refere aos seres que supostamente lhe transmitem os fatos.

A pergunta que veio imediatamente à cabeça de tantos que acompanham a polêmica é: por que, então, seus amparadores espirituais e extraterrestres não previram com antecedência que poderia haver o adiamento da devastação, de forma a poupar não apenas o mensageiro – Ellam – mas também milhares de pessoas que ficaram apreensivas com o anúncio da tragédia? Se para os meios ufológicos a explicação caiu como uma bomba na reputação do autor e conferencista, nos círculos espiritualistas surgiu a sensação de que Ellam estava zombando da faculdade da mediunidade ao prever um fato, sobre o qual teria sido informado por supostas entidades espirituais, que depois se contradiriam com uma informação nova. “Simplesmente, isso não acontece. O mundo espiritual não faz este tipo de manobra com o objetivo de iludir os seres humanos”, declarou à Revista UFO um espírita que prefere manter-se anônimo.

A idéia de que tais “forças cósmicas” poderiam agir para impedir a catástrofe já havia sido insinuada por Jan Val Ellam para explicar a possível falha na profecia, como se a ambigüidade anterior ainda deixasse dúvida no ar. E tal forma de encarar a situação prevaleceu nas discussões mantidas em torno de suas previsões – mesmo após a falha da segunda delas, mais recentemente –, estimulando o raciocínio, por parte de alguns, de que teria sido graças aos anúncios, que Ellam tinha feito sobre a tal devastação que, não somente as referidas forças cósmicas, mas também forças terrestres teriam agido para evitar a desgraça.

Para poupar Condoleezza Rice — Certamente, explicações como estas, rasas e infundadas, estimularam ainda mais a descrença nas habilidades psíquicas ou mediúnicas de Ellam. E a falha na tese da devastação no Oriente Médio, ainda que seja algo benéfico para a humanidade, foi severamente atacada por segmentos da Ufologia Brasileira e de outros círculos, que desde a polêmica entrevista já condenavam tanto a mensagem quando a ousadia do mensageiro em oferecer ao mundo um conjunto de previsões tão bombásticas. “Os que acreditaram em Ellam, desde o princípio, fizeram pura e simplesmente uma renúncia ao raciocínio, um abandono da razão pela emoção, frágil e efêmera, de que algo pudesse acontecer para mudar suas vidas”, declarou o leitor de UFO José Pereira Martins.

Jan Val Ellam não poupou a si mesmo durante todo o processo ao expor-se ao ceticismo oferecendo explicações inverossímeis para a não realização da profecia da tragédia. Mas nenhuma desculpa se iguala à dada por ele durante um evento realizado em São Paulo, no fim de outubro. “Ellam afirmou em um círculo de conversas que a catástrofe fora evitada para poupar a vida da secretária de Estado norte-americana Condoleezza Rice, que se encontrava no Oriente Médio em 04 de outubro”, comentou Júlio Albuquerque. Se a explosão ocorresse e ela fosse morta, estaria arruinada a tentativa do presidente George W. Bush de estabilizar e pacificar as forças do Hezbollah e Hamas e o governo de Tel Aviv.

TÓPICO(S):
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Ademar José Gevaerd (Maringá, 19 de março de 1962 – Curitiba, 9 de dezembro de 2022) foi um ufólogo brasileiro, editor da Revista UFO, publicação do Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores (CBPDV), entidade do qual também foi fundador e presidente. Também é director brasileiro da Mutual UFO Network (MUFON). Ele representou o Brasil no Center for UFO Studies e foi diretor para a América Latina do Annual International UFO Congress. Esteve em diversas redes brasileiras de TV, além do Discovery Channel, National Geographic Channel e no History Channel, tendo discursado em muitas cidades do Brasil e em outros 50 países, além de ter realizado mais de 700 investigações de campo dos casos de Ovnis no Brasil. Era considerado um dos maiores ufólogos do mundo, uma das personalidades máximas do Brasil nesse assunto, membro de várias associações internacionais de ufologia. Considerado um dos mais respeitados ufólogos, é conhecido por seu empenho em tentar amparar todo fenômeno ufológico com o maior número possível de provas e testes. Ainda na década de 1980, foi convidado pelo Dr. J. Allen Hynek para representar no Brasil o Center for UFO Studies (CUFOS). Gevaerd sofreu uma queda em casa, no dia 30 de novembro de 2022, vindo a morrer no dia 9 de dezembro de 2022 no Hospital Pilar em Curitiba.