Essa observação é profundamente surpreendente. Relatórios anteriores do JPL da NASA haviam confirmado que o 3I/ATLAS estava experimentando uma aceleração não gravitacional significativa — um impulso não devido à gravidade do Sol, mas à ejeção de material, como um foguete. “De acordo com as análises, essa aceleração implicaria que o cometa 3I/ATLAS perdeu mais de 13% de sua massa total durante sua aproximação ao Sol. Em um cometa convencional, uma perda tão massiva de material (gás e poeira) teria gerado uma imensa coma e uma cauda espetacular, impulsionadas pelo vento solar e pela radiação“, comentou o astrofísico Avi Loeb em reação à imagem recente.
“No entanto, as novas imagens mostram que a morfologia do objeto não é muito diferente daquela que apresentava em julho de 2025, conforme observado pelo Telescópio Espacial Hubble. Para referência, observações de outros cometas do sistema solar, como o Cometa Lemmon, feitas pelos mesmos telescópios, mostram uma cauda clara e bem definida, como esperado da atividade cometária“, acrescentou.
Uma lista crescente de anomalias
Essa contradição — uma enorme perda de massa calculada, mas nenhuma cauda visível — é apenas a mais recente de uma longa lista de características anômalas que fazem do 3I/ATLAS um objeto único:
- Órbita improvável: Sua trajetória retrógrada está alinhada quase perfeitamente (5 graus) com o plano dos planetas do sistema solar, algo com uma probabilidade de apenas 0,2%.
- Jato antissolar: Durante julho e agosto de 2025, exibiu um “jato” de material apontando em direção ao Sol (uma anticauda), que não era uma ilusão de ótica.
- Tamanho e velocidade: É um milhão de vezes mais massivo que 1I/Oumuamua e mil vezes mais massivo que 2I/Borisov, e se move mais rápido que ambos (probabilidade <0,1%).
- Chegada “sincronizada”: Sua chegada parece ter sido programada para passar perto de Marte, Vênus e Júpiter, enquanto que não foi observável da Terra durante seu periélio (probabilidade de 0,005%).
- Composição peculiar: Sua pluma gasosa contém muito mais níquel do que ferro (semelhante às ligas industriais) e muito pouca água (apenas 4% da massa), o principal componente dos cometas conhecidos.
- Características físicas únicas: Apresenta polarização negativa extrema, sem precedentes em cometas, e brilhou mais rapidamente do que qualquer cometa conhecido próximo ao periélio.
- Origem coincidente: O sinal veio de uma direção que coincide, dentro de uma margem de 9 graus, com o misterioso sinal de rádio Wow! (probabilidade de 0,6%).
As novas imagens de 5 de novembro, portanto, não resolvem o mistério, mas o aprofundam. A comunidade científica se depara com um objeto que exibe a aceleração de um cometa hiperativo, mas não apresenta a cauda que deveria acompanhá-lo.

Este último ponto, de acordo com uma resposta recente obtida pela congressista Anna Paulina Luna, também foi observado pela NASA, que se comprometeu a publicar os dados e fotos da sonda 3I/ATLAS obtidos em Marte assim que a paralisação do governo dos EUA terminar.
Descoberto em 1º de julho de 2025 pelo sistema automatizado ATLAS, instalado no Chile, o objeto designado 3I/ATLAS (C/2025 N1) rapidamente chamou a atenção dos astrônomos e da mídia especializada. Era apenas o terceiro corpo interestelar já detectado atravessando o Sistema Solar — depois de ‘Oumuamua (2017) e 2I/Borisov (2019) — e, desde o início, apresentou características que intrigaram a comunidade científica. Com velocidade estimada em mais de 200 mil quilômetros por hora, 3I/ATLAS segue uma trajetória hiperbólica, ou seja, não está preso ao campo gravitacional solar. Ele veio de fora e, após sua breve passagem pelo interior do Sistema Solar, retornará ao espaço interestelar para nunca mais voltar.
As primeiras observações indicaram que 3I/ATLAS exibia uma tênue atividade cometária, com uma difusa nuvem de gás e poeira — a chamada coma — em torno de um núcleo estimado entre 10 e 30 quilômetros de diâmetro. A Agência Espacial Norte-Americana (NASA) e o Observatório Europeu do Sul (ESO) classificaram oficialmente o corpo como cometa interestelar ativo, o que levou à designação com o prefixo “3I”, indicando seu caráter extrassolar.
Mesmo assim, a maioria dos pesquisadores mantém a hipótese de que se trata de um cometa natural. Há motivos sólidos para isso. Em primeiro lugar, o comportamento orbital e a composição detectada pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST) apontam nessa direção. O observatório registrou uma alta proporção de dióxido de carbono (CO₂) em relação à água (H₂O) na coma — algo incomum, mas compatível com um corpo gelado originado em regiões muito frias de outro sistema estelar, além da “linha de gelo” do CO₂. Em outras palavras, o 3I/ATLAS parece um cometa formado em condições extremas, onde o gelo de água é escasso e compostos voláteis mais pesados dominam sua estrutura.

A análise polarimétrica recente também mostrou resultados curiosos. Um estudo intitulado Extreme Negative Polarisation of New Interstellar Comet 3I/ATLAS revelou que o objeto apresenta uma polarização negativa extrema, com um mínimo de −2,7% em ângulo de fase de 7° e inversão em torno de 17° — uma combinação nunca antes vista entre cometas ou asteroides conhecidos. Esse comportamento indica que o material superficial reflete a luz solar de forma singular, sugerindo partículas de poeira de tamanho ou composição muito diferentes das que conhecemos. Ainda assim, essa peculiaridade reforça o caráter natural do corpo, já que o mesmo efeito é observado, embora em menor grau, em cometas e centauros do Sistema Solar.
Outro fator decisivo é a atividade detectada a grandes distâncias do Sol. Mesmo a cerca de 3 unidades astronômicas, 3I/ATLAS exibia emissão de radicais hidroxila (OH), produto da sublimação de gelo — o comportamento típico de um cometa. Além disso, o JWST registrou variações no brilho que sugerem jatos de gás sendo liberados de regiões específicas do núcleo. Esse tipo de atividade explicaria a aceleração não gravitacional sem necessidade de recorrer a hipóteses exóticas, como propulsão artificial.
No entanto, o conjunto de anomalias observadas — ausência de cauda visível, composição incomum e polarização extrema — serve de combustível para especulações. O próprio Avi Loeb, que já havia sugerido que ‘Oumuamua poderia ser uma sonda interestelar, voltou a propor que 3I/ATLAS poderia ter origem tecnológica. Para ele, a ausência de cauda, somada à aceleração não explicada de forma convencional, remete a um possível objeto artificial. A hipótese é, no entanto, vista com ceticismo pela comunidade científica, que exige evidências diretas de manobras deliberadas, sinais eletromagnéticos ou estrutura metálica — nenhum dos quais foi observado.

Enquanto isso, instituições como a NASA, a ESA e o Instituto de Astrofísica das Canárias continuam a monitorar o visitante interestelar. As análises indicam que o 3I/ATLAS pode ser um dos cometas mais antigos já detectados, com idade estimada em cerca de 7 bilhões de anos, anterior à formação do próprio Sistema Solar. Essa longevidade explicaria algumas de suas características estranhas: bilhões de anos exposto à radiação cósmica podem ter modificado a superfície, alterando a maneira como o objeto reflete a luz e libera seus gases.
A hipótese de que o 3I/ATLAS seja um cometa permanece, portanto, a mais provável e cientificamente fundamentada. Ela explica, de maneira coerente, a trajetória, a aceleração, a presença de uma coma rica em voláteis e o comportamento térmico detectado. A ausência de uma cauda visível, longe de ser uma refutação, pode simplesmente indicar uma composição pobre em poeira ou jatos predominantemente gasosos — fenômenos observados em outros cometas “anômalos” do Sistema Solar.
Do ponto de vista da ufologia, entretanto, o caso é fascinante. Assim como aconteceu com ‘Oumuamua, o 3I/ATLAS abre espaço para reflexões e debates sobre a possibilidade de objetos interestelares artificiais cruzando nosso caminho. Ainda que as evidências apontem fortemente para um corpo natural, a forma como ele se comporta — e como desafia as expectativas — mantém vivo o interesse do público e da comunidade de pesquisadores independentes.
A verdade é que 3I/ATLAS parece ser um cometa muito diferente dos que conhecemos, talvez moldado em um sistema estelar distante e transformado por éons de exposição ao vazio. Sua passagem é uma oportunidade única para compreender os processos que ocorrem fora do nosso berço cósmico e, ao mesmo tempo, um lembrete de que o Universo continua a nos surpreender. Até que novas observações revelem algo extraordinário, a explicação mais simples continua a ser a mais convincente: 3I/ATLAS é um cometa natural — um mensageiro antigo de outro sistema solar, não uma nave alienígena.




