A ciência progride buscando respostas, que sempre levam a novas perguntas, que são um incentivo sempre renovado à busca pelo conhecimento. É o que está novamente acontecendo, desta vez graças às informações enviadas pela nave New Horizons da NASA após o histórico sobrevoo de Plutão em 14 de julho de 2015. Ao surpreendente panorama do planeta, com suas enormes montanhas de gelo e vastas planícies livres de crateras, indicando atividade recente, se somam as características de sua principal lua, Caronte. Ali existe um sistema de cânios de 1.050 km de comprimento, e sua capa polar escura tem sido chamada informalmente de Mordor, o reino maligno da obra O Senhor dos Anéis, de J. R. R. Tolkien.
A New Horizons estudou ainda as pequenas luas Nix, Hydra, Kerberos e Styx. Destas duas as informações devem chegar somente em agosto e setembro de 2016, e é pouco provável que suas fotos tenham boa resolução, lembrando que sequer eram conhecidas antes do lançamento da nave, em janeiro de 2006. Já Nix tem formato similar a uma batata, com uma grande cratera circundada por material vermelho. Os cientistas afirmam que o impacto deve ter espalhado material do interior da lua, e foi de tal escala que por pouco não a destruiu. Quando os dados dos espectrômetros forem enviados, será possível dizer a natureza do material. Hydra, por sua vez, tem um formato surpreendentemente parecido ao do cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko, sendo estudado pela nave Rosetta da Agência Espacial Europeia (ESA). É possível que essa lua, que como Nyx tem menos de 50 km de extensão, tenha sido formada pelo impacto de dois corpos que se uniram.
Sobre Plutão, um novo estudo aponta que os montes Norgay e Hillary, batizados em honra aos primeiros exploradores a atingirem o topo do Monte Everest, são compostos principalmente de gelo de água, elevando-se a cerca de 3 km de altitude. Eles são circundados por picos menores, que de acordo com o estudo podem ser icebergs, que se separaram dos corpos principais e fluturaram em um mar de nitrogênio, antes deste solificar. Ao lado dessas formações, Sputnik Planum é uma vasta planície lisa e sem sinai de crateras, indicando uma superfície recente em termos geológicos, de menos de 100 milhões de anos. O que mantém Plutão geologicamente ativo ainda é um mistério. As luas geladas dos planetas gigantes são ativas devido a forças de maré, que não existem no sistema Plutão e Caronte. A decomposição de elementos radioativos no núcleo, como urânio e tório, pode explicar o fenômeno.
MUNDOS COMPLEXOS DE CARACTERÍSTICAS SURPREENDENTES
A missão ajudou a determinar que o diâmetro de Plutão é de 2.374 km, e sua atmosfera se estende a 150 km de altitude, mais alto do que o esperado. Caronte, sua maior lua com cerca de 1.200 km de diâmetro, possui um sistema de cânios que se estende por mais de 1.000 km, resultado possivelmente de fratura da crosta devido ao congelamento da água no interior desse mundo. A New Horizons prossegue enviando a imensa quantidade de informações obtida no sobrevoo, e o download deve terminar até o final de 2016. Se a NASA aprovar e financiar uma missão estendida, a New Horizons deverá visitar em janeiro de 2019 um objeto intitulado 2014 MU69, de cerca de 48 km de extensão. Esse corpo é considerado um típico KBO, sigla para Objeto do Cinturão de Kuiper, que abriga asteroides, cometas, rochas e pequenos mundos semelhantes a Plutão, considerados restos da formação do Sistema Solar há cerca de 4,6 bilhões de anos.
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