Está circulando há algumas semanas nas redes sociais e grupos de whatsapp um vídeo mostrando uma série de círculos e retas, feitos em um manguezal, que lembra muito alguns desenhos que são vistos nos agroglifos ao redor do mundo. Segundo diz a mensagem que espalhou o vídeo, os desenhos teriam aparecido na fronteira do Brasil com o Uruguai e teriam sido feitos por extraterrestres.
Como o número de pessoas curiosas sobre o assunto tem sido muito grande – e as fake news da internet se multiplicam a cada dia – vamos explicar a verdadeira origem dos desenhos, e ela não tem nada a ver com UFOs ou extraterrestres. Para começar, a filmagem foi feita na área de mangue de Bahamita, na ilha de Carmen, no México, e não no Uruguai, e os desenhos foram traçados sob a orientação de pesquisadores do Instituto de Ciências Marinhas e Limnologia da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), e não de alienígenas.
Os glifos fazem parte de um projeto de resgate e restauração de manguezais que levará 10 anos de desenvolvimento e que até agora resgatou pelo menos seis quilômetros quadrados desse recurso. O vídeo divulgado nas redes sociais foi feito por um piloto da empresa Aeroservicios Especializados S/A, e mostra uma série de círculos perfeitos entrelaçados por linhas retas, que foi confundida com uma “mensagem extraterrestre”.
Segundo o doutor Arturo Zaldívar Jiménez, consultor de estudos costeiros do Instituto de Ciências Marinhas e Limnologia da UNAM, com sede em Carmen, a maneira como eles trabalham obedece a um projeto de conservação e restauração de manguezais em várias partes da ilha. Jiménez explicou que a área de manguezais da Ilha de Carmen vem sendo degradada desde os anos 50 aproximadamente, porque os fluxos de água foram interrompidos, seja por problemas naturais ou inundações, o que causou a perda ou desaparecimento do solo, criando mais áreas inundadas, onde o mangue morreu e não podia mais nascer, crescer e se recuperar.
“Parte das ações de restauração que precisamos realizar são elevações circulares, chamadas de bolos por sua forma. Isso para que o mangue possa ser restaurado naturalmente. Portanto, esse é o objetivo dessas unidades que são vistas no vídeo”, disse ele. Jiménez explicou que realizam as elevações dessa maneira como resultado dos estudos topográficos que pontaram os locais e as posições em que deveriam ser colocados os bolos ou círculos de restauração.
“O local que aparece nos vídeos é uma área trabalhada desde abril e maio deste ano, que ainda está sendo mantida, mas existem outros sites na ilha em que essa atividade também foi realizada da mesma forma, e após quatro anos recuperamos a cobertura vegetal”, concluiu o cientista.
Fonte: Jornada Maya
Pois é, nada de extraterrestre na história. Assista ao vídeo que gerou a confusão: