
No meio da enorme agitação do começo deste ano, quando acompanhamos a chegada das sondas norte-americanas Spirit e Opportunity a Marte – além de outras mal-sucedidas –, tivemos momentos de grande inquietação proporcionados por cientistas da NASA. Um deles aconteceu no início de março, quando a Opportunity se viu sobre o que parecia ser uma ilha flutuando numa espécie de oceano congelado, pantanoso e salgado. Os sisudos porta-vozes da agência espacial conclamaram o mundo a assistir, no dia seguinte, uma importante declaração que dariam os técnicos e engenheiros do projeto. Milhões de pessoas em todo o globo ficaram excitadíssimas com o que pareceu ser a possibilidade de, finalmente, a NASA confirmar nossa mais profunda suspeita: há vida em Marte! Eu estava entre os pobres mortais que nutriam tal expectativa.
Mas qual não foi a decepção geral, no momento da entrevista coletiva, quando a importante informação que os cientistas deram eram filigranas significativas apenas para a ciência – que em nada suplantavam nosso anseio de ter pelo menos uma pequenina indicação alentadora de que a agência espacial iria confirmar que há vida noutro orbe do universo, nem que fosse microbiológica. Nada disso. Nem o anúncio das manchetes que seriam mostradas a seguir, no Jornal Nacional – entre elas “Cientistas da NASA garantem ter descoberto vida em Marte” –, animaria quem alimenta um sonho tão natural quanto antigo. O sonho de ver a NASA finalmente admitir a descoberta, feita ainda em 1976, de construções complexas do que sobrou de uma cidade em Marte. Confesso que alimentei a ilusão, antes dos tais cientistas se apresentarem. Tive, sim, a esperança de que fossem admitir que sabem disso há quase 30 anos!
Em minha momentânea ingenuidade, pensei até que, revelando tudo isso, a NASA e o governo dos Estados Unidos estariam preparando o terreno para confirmarem, também, a existência dos UFOs, de que estas naves já pousaram em solo norte-americano e, quem sabe até, que os ETs já tenham mantido contato com tantas pessoas, como sabemos. Pensei tudo isso enquanto esperava, de um dia para outro, a tal entrevista coletiva. Quando ela ocorreu, que desilusão: a vida em Marte a que os cientistas se referiram eram indícios prováveis de eventuais vestígios de algo distante que pudesse remotamente ter uma aparência ligeiramente assemelhada à vida. Desculpem o sarcasmo do desabafo, colocado propositalmente em itálico. Uma década antes, tive o mesmo devaneio e a mesma decepção quando outros cientistas comunicaram ter achado vestígios de um insignificante micróbio marciano incrustado num meteorito que caiu no Pólo Sul, há mais de 10 anos!
Rapidamente, meu desapontamento se transformou em indignação – como creio que aconteceu com muitos leitores. Como é que a NASA tem a ousadia de convocar uma entrevista coletiva global para anunciar uma notícia dessas? Essa mesma NASA que, quase três décadas atrás, despachou uma sonda ao Planeta Vermelho – a Viking – que fotografou com todos os detalhes possíveis à tecnologia da época, não apenas uma, mas várias pirâmides enormes, um rosto humano e restos do que seria uma verdadeira cidade no solo daquele planeta. Foi essa mesma NASA que manteve tal informação – essa sim, relevante – e a maioria das evidências fotográficas distantes do público por longos 28 anos. Apenas poucas notícias vazaram para o mundo exterior a respeito disso, justamente através de alguns verdadeiros cientistas da agência, que se revoltaram contra tal situação e pediram as contas. A descoberta de evidências sólidas, concretas, mesuráveis, imensas, abundantes e inequívocas de que houve vida em Marte tem sido denunciada por esses cientistas há anos, sem que a agência espacial se dê ao trabalho de manifestar sua posição. E peço novamente ao leitor compreensão pelo repetido sarcasmo no desabafo, igualmente colocado em itálico.
Oras, essa mesma NASA, em décadas de atividades, registrou, através de suas naves tripuladas (ou não) e de seus mais de 300 astronautas, pelo menos 6 mil horas de filmagens de UFOs em manobras alucinantes em órbita da Terra ou na Lua, como que mostrando sua capacidade aos norte-americanos – quando também pareciam estar acompanhando o progresso do homem na conquista do espaço. Esse dado não é aleatório, mas sim compartilhado por inúmeros técnicos, cientistas e astronautas da própria agência. Levando isso em conta, a coletiva sobre a descoberta da NASA soa tão vazia quanto a de um médico especialista em transplantes de medula vir a público dizer que acabou de descobrir a gripe! Ora, a humanidade terrestre tem o direito inalienável de saber que está sendo visitada por seres mais avançados, provenientes de outros planetas. E tem o direito de saber que há, sim, vida no universo – seja em Marte ou onde for. Continuar escondendo esses fatos é, no mínimo, uma vergonha que um dia vai se tornar muito embaraçosa para a ciência.