Vida poderia ser encontrada em mundos diferentes do nosso?
Vida lá fora: A pesquisa, publicada na terça-feira passada, 18 de abril, na Nature Communications, analisou a composição química de mais de 3.000 estrelas e seus planetas e descobriu que sistemas de baixa metalicidade – aqueles com menos elementos mais pesados que o hidrogênio e o hélio – podem ter uma chance maior de hospedar vida do que anteriormente pensado.
Os autores do estudo, liderados por Anna Shapiro, astrofísica da Universidade de Harvard, usaram dados da missão Kepler da NASA e da missão Gaia da Agência Espacial Europeia para medir a metalicidade das estrelas e seus planetas. Este é um fator chave que influencia a formação e evolução dos planetas, bem como o potencial para a vida emergir e prosperar neles.
Segundo Anna, a maioria dos planetas descobertos até agora gira em torno de estrelas com alta metalicidade, semelhante ao nosso Sol. Isso ocorre porque as estrelas ricas em metais tendem a ter mais planetas rochosos, considerados mais adequados para a vida do que os gigantes gasosos. No entanto, esse viés também pode refletir as limitações dos métodos de detecção atuais, que favorecem a localização de planetas em torno de estrelas próximas e brilhantes.
“Acho que isso reduz um pouco a zona de habitabilidade”, disse Anna em uma ligação com o Motherboard que também incluiu o coautor do estudo Alexander Shapiro, outro astrofísico do Instituto Max Planck de Pesquisa do Sistema Solar. “Nossa pesquisa mostra que encontrar vida em torno de estrelas pobres em metais é mais promissor do ponto de vista da assinatura radiativa.”
Uma das razões para este resultado surpreendente é que as estrelas de baixa metalicidade são mais propensas a ter planetas na zona habitável – a região em torno de uma estrela onde a água líquida pode existir na superfície. Isso ocorre porque elas tendem a ser menores e mais frias do que as estrelas de alta metalicidade, o que significa que suas zonas habitáveis são mais próximas e mais amplas.
Outra razão é que planetas de baixa metalicidade podem ter condições mais favoráveis para o surgimento e evolução da vida. Por exemplo, eles podem ter atmosferas mais finas, o que poderia protegê-los da radiação prejudicial e evitar efeitos de estufa descontrolados. Eles também podem ter uma química mais diversificada, o que pode aumentar as chances de produzir moléculas orgânicas complexas – os blocos de construção da vida.
Anna disse que essas descobertas têm implicações importantes para a busca por vida extraterrestre, pois sugerem que devemos ampliar nossos horizontes e procurar planetas em torno de uma gama mais ampla de estrelas. “Embora não devamos negligenciar sistemas ricos em metais como o nosso, também devemos prestar atenção aos sistemas pobres em metais que podem abrigar um grande número de planetas potencialmente habitáveis”, disse ela.
“Também devemos ter a mente aberta sobre quais tipos de planetas podem suportar a vida, pois eles podem não se parecer com a Terra.” Anna acrescentou que missões como o Telescópio Espacial James Webb e a missão PLATO poderão testar essas previsões e fornecer mais informações sobre a diversidade e distribuição da vida no universo.