LONDRES – Uma sonda do tamanho de uma máquina de lavar roupas e movida por um revolucionário motor de íons começou em 15 de novembro uma seqüência de redução de velocidade que deve transformá-la no primeiro veículo europeu a entrar na órbita da Lua. A SMART-1, que pesa 370 quilos e é movida por um motor de apenas 7 g, está equipada com pequenos instrumentos que farão buscas e fotografarão cada centímetro da superfície da Lua, procurando uma base para futuras expedições espaciais. “A SMART-1 é uma missão precursora para a exploração interplanetária”, disse Bernard Foing, cientista-chefe da Agência Espacial Européia. O objetivo do projeto SMART ? cuja sigla significa Pequenas Missões para Pesquisa Avançada e Tecnologia ? é testar equipamentos de última geração para avaliar se eles podem funcionar em expedições espaciais longas e até mesmo tripuladas. Umas das características das futuras missões espaciais é a necessidade de bases de lançamento fora da superfície terrestre. Dessa forma, os foguetes poderiam ser lançados com um mínimo de propulsão, uma vez que a gravidade lunar é apenas 1/6 da existente na Terra. A SMART-1, que foi lançada da Guiana Francesa em setembro de 2003, tem repetidamente circulado a Terra, gradualmente se aproximando da Lua e acelerando sua velocidade. O motor da nave emite íons ? partículas eletricamente carregadas ? e é alimentado por energia solar. No motor, elétrons colidem contra átomos de um gás propulsor, criando átomos carregados ou íons, que são ejetados por meio de um campo magnético que se parece com um feixe luminoso azul. Por conta de sua reduzida capacidade de propulsão, o motor é deixado em funcionamento durante centenas de horas para que a nave ganhe velocidade. Se a seqüência de freagens que começou no dia 15 obtiver sucesso, a nave se transferirá da órbita terrestre para a lunar. Em seguida, a sonda descerá gradualmente em um movimento espiral que dever durar até janeiro, quando ficará em uma órbita elíptica, com uma distância entre 300 e 3 mil quilômetros acima da superfície do satélite. Embora a SMART possa varrer toda a superfície, a missão lunar tem como foco os pólos do único satélite da Terra. Nesses lugares, a temperatura média é de ? 20 graus centígrados. Na faixa equatorial da Lua, esse número varia de 120 graus centígrados positivos a 170 negativos. “Existe uma área chamada ?pico da luz eterna’ no pólo sul, e ela é particularmente interessante”, afirmou Foing. O local é atingido pela luz do Sol de maneira ininterrupta e parece ser completamente plano. Uma vantagem ainda maior é o fato de que há algumas crateras profundas na região, onde os cientistas esperam encontrar gelo. A água poderia ser utilizada tanto para consumo quanto para produção de oxigênio para habitantes de uma eventual base lunar. A missão também tentará determinar a origem da Lua. Atualmente, cientistas acreditam que o satélite foi formado após um impacto de um meteorito gigante contra a Terra, durante a fase de formação do planeta. “Queremos entender melhor o relacionamento entre a Terra e a Lua”, declarou Foing. “Acreditamos que a Lua é uma filha da Terra.”